O Lado Escuro da Lua - Primeira Geração

(2016) Todo Mundo: 50 Tons de Drama

Tom disse:

Cacete, acordei hoje e sabia que dia era antes de olhar no calendário. Foi aquela pontada no joelho. É o reumatismo chegando, sabia que isso ia acontecer! Ele já veio na manhã do meu aniversário de cinquenta anos pra mostrar que tô velho pra caramba.

Meu aniversário de cinquenta anos! Eu tinha vinte ontem, caralho! E continuo tão retardado quanto era há trinta anos.

Passei um ano com a galera me perguntando o que eu ia fazer pra comemorar. De boa? Passaria o dia enfurnado em uma caverna. Ainda bem que hoje é quinta-feira, estamos no meio da semana, e ai do filho da puta que se enfiar no meu apartamento para dar uma festa surpresa pra mim. Comemorar o reumatismo... Só me faltava essa.

Ok, o lance do joelho passou. Talvez não fosse reumatismo. Mas só me faltava essa.

Cheguei ao estúdio num puta mau humor e a Emma veio correndo.

-Feliz aniversário, Tommy!

Olhei pra ela de cima a baixo, tentando decidir se ela havia sido chamada pra uma festa surpresa e estava tentando disfarçar. Ela estava com a maior cara inocente. Certeza que vinha surpresa por aí.

-Valeu – Respondi, na defensiva.

-Já passei o café, vou trazer pra você que hoje você merece.

Certeza que tinha festa surpresa! Cara, eu ia matar a Malu, só podia ser coisa dela!

Vince disse:

Cheguei ao estúdio e tudo parecia normal. Tom estava encostado no balcão da recepção, de calça jeans, camiseta, boné com a aba pra trás, tudo como sempre, certo? Só que ele bebia o café com uma tremenda cara desconfiada, parecia detetive de desenho animado.

-E aí? Feliz aniversário, Tom! – Dei um abraço nele. – Cinco ponto zero, hein?

-Nem vem que o seu é daqui a pouco – Ele resmungou. Deve ser difícil continuar fingindo que tem quinze anos quando se faz cinquenta.

-E então? – Ignorei. – Decidiu o que vai fazer?

-Você sabe o que eu vou fazer? – Ele devolveu, na defensiva.

-Não, ué. Vou saber depois que você me disser.

-Não tenho nada para dizer.

Puta que pariu! Tive de me enfiar no mezanino para dar um telefonema.

Kate disse:

Estava saindo para a corrida. Na verdade, não ia. Estava toda arrumada, e então decidi que perder um diazinho não faria diferença. O problema é que digo isso sempre e, de diazinho em diazinho, teria parado há trinta anos e seria bem menos linda hoje em dia. E então meu celular tocou, vi que era o Vince e imediatamente disparei para a porta.

-Tô indo! Tô indo correr! - Gritei para o aparelho.

-Hã?

-Hã?

-Do que você está falando, Kay?

-Ah, sei lá - Relaxei, voltei pra dentro de casa e me joguei no sofá. - Aconteceu alguma coisa?

-Putz, aconteceu. Me diz que aquela festa surpresa do Tom ainda tá de pé.

-Claro que não, ele não parava de repetir que ia virar ermitão e morrer de reumatismo hoje. Aliás, passa pra ele para eu dar os parabéns para aquele sem vergonha.

-Não, Kay, ele está esperando a festa! -Vince falou, e parecia ter um pouco de urgência. - Liga pra Malu e dá um jeito de ser surpresa e... Eu entendi, entendi que é o chocolate que vem com surpresa dentro, pode deixar que eu levo, preciso ir que tenho que ver uns lances com o Tom.