V.

439 29 42
                                    

Sigam o Twitter oficial da história: newsofheirs;




A garota viu o sol nascer, assim como o viu se por no dia anterior.

A vista da janela não tinha mudado. Ela ainda conseguia ver as pradarias verdes vívidas, os espessos muros de pedra que protegiam todo o palácio afastado do pequeno vilarejo que ela também conseguia ver no final de uma fina estrada de terra esbranquiçada e seca. Os jardineiros podavam os arbustos do jardim, cortavam algumas flores para a decoração do castelo, o que a fez olhar rapidamente para os vasos repletos delas do dia anterior. O clima estava tão pesado ali dentro que elas tinham morrido, assim como o resto de esperança que Suzana pensava que tinha.

Ela tinha perdido as contas de quantas vezes escutou alguém bater na porta, oferecendo comida, ajuda, até mesmo um abraço. Mas naquele momento, ela preferia se alimentar da própria tristeza e do próprio arrependimento. Se tivesse contentado em ser somente uma das artistas da Academia de Artes, não estaria naquela situação, mas a voz da justiça em sua cabeça falava cada vez mais alto e ela teve que escolher fazer. Teve que escolher as consequências também.

Desaparecidos.

Na cabeça da garota, era perda de tempo por parte de Shawn falar que os irmãos dela estavam desaparecidos. Ele estava falando com uma rebelde como se ela não fosse capaz de descobrir o verdadeiro significado da palavra. Eles tinham sido levados para serem torturados. Ela tinha medo de como eles iriam mostrar para o mundo o que tinham feito com as pobres crianças e o primo de Shawn. Nathaniel sempre tinha sido um bom amigo, até mesmo no momento de guardar um segredo. Era por isso que Suzana não sabia por quem estava chorando. Ela tinha a leve impressão de que era por todos, até mesmo por ela e os amigos que também estavam presos ali.

Se tivessem sido mortos naquele dia, as coisas seriam bem mais fáceis. Eles não conseguiriam se arrepender por poderem ter feito mais ou não. Por não terem pensado duas vezes ou até mais. Se eles tivessem morrido, nada daquilo estaria sobre os ombros deles agora. Suzana não estaria sofrendo pela perda de duas pessoas que eram o motivo dela ainda não ter se auto mutilado. Agora nem adiantava mais. Elas se foram, sem nem ao menos dizer até logo.

Outra pessoa bateu na porta. Suzana escutou ela ser aberta. O plano era o mesmo desde o dia anterior, esperar que as pessoas desistissem de tentar vê-la. Mas daquela vez, não tinha dado certo. Uma criada entrou pelo quarto, carregando uma penca de chaves que parecia pesada, Suzana virou-se para ver quem era e percebeu que a reação da mulher não tinha sido a melhor. Talvez ela estivesse pior do que imaginara.

─ Peço perdão pela invasão, Alteza... ─ ela falou, se corrigindo rapidamente. Esse era um dos males de todos aqueles empregados serem canadenses. ─ Suzana.

Suzana suspirou, ela continuou:

─ Foram ordens do Senhor Martin para que eu trouxesse comida mesmo que a senhorita não quisesse abrir a porta.

─ Está tudo bem.

─ Devo dizer que a senhorita está bem? ─ ela perguntou, enquanto colocava a bandeja em cima da mesa encostada no canto do grande quarto.

Não, Suzana sabia que não estava bem.

Ela olhou para as fotografias espalhadas pela cama que ela nem ao menos tinha se deitado, ela precisaria de muito café para permanecer acordada durante o dia todo.

─ Não precisa dizer nada. ─ ela respondeu, se sentando em frente a mesa. ─ Pode pedir que uma das criadas me ajude com o vestido, eu ainda não me acostumei em vesti-los sozinha.

School Of Heirs Where stories live. Discover now