XXIX.

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Se não fosse por Cameron, Suzana sabia que naquele momento, ela estaria ajoelhada no chão, chorando.

A cena era traumatizante, o abraço de Cameron era forte e aconchegante, ele estava tentando consolar a garota, mesmo que ela não estivesse chorando. Talvez fosse o sangue espalhado pelo chão, ou o cheiro de morte que se espalhava pelo quarto, Suzana não sabia o certo o que era, mas seu estômago ameaçava colocar tudo que ela tinha comido naquele dia para fora.

Naquele momento, ela não soube o que fazer, só conseguia se lembrar de uma promessa que tinha feito à Edward nos primeiros dias do príncipe naquele castelo. Ela estava devendo a ele pela organização do baile. O garoto nunca tinha matado a curiosidade dela, dizendo o que realmente ele queria em troca de toda a organização da festa que tinha acabado em desastre. Vendo aquela cena, ela tinha certeza de que nunca saberia o que realmente tinha acontecido.

Edward não estava mais entre eles.

Suzana sabia disso mesmo estando longe do corpo do príncipe, o sangue que encharcava a tapeçaria era o suficiente para mostrar que, realmente, o herdeiro da Grécia já estava morto.

A garota sabia que Cameron estava traumatizado assim como ela.

Quem não ficaria?

Suzana deu passos para trás, a mão sobre a boca, ainda tentando abafar qualquer grito que saísse automaticamente. Os olhos ardiam, ela não queria chorar. Já tinha chorado o bastante. Ela deveria estar acostumada. Deveria ter se preparado para algo como aquilo... Mas nada parecia certo naquele momento. Por que Edward?

Cameron deixou o quarto, tentando se aproximar da garota mais uma vez. Os olhos dela estavam mais escuros que o habitual, mais chocados do que o príncipe chegou a imaginar. A garota balançou a cabeça, pedindo para que Cameron continuasse afastado. Naquele momento, abraçar o príncipe também parecia algo errado. Mas que diabos eu estou fazendo aqui dentro? Ela pensou.

Ela se apoiou numa das mesas que ficavam espalhadas pelos corredores, encostadas nas paredes, apoiando vasos de flores frescas colhidas pela manhã. As flores do dia eram lírios brancos, e quando os dedos de Suzana apertaram o jarro de porcelana, Cameron só conseguiu escutar o barulho de tudo se estilhaçando depois que ela o jogou contra a parede.

O inglês viu a imagem de Shawn, correndo na direção deles, assustado ao ver Suzana naquele estado, apoiando-se na parede, os olhos assustados, os ombros encolhidos e meramente indefesos. O herdeiro canadense, se aproximou de Cameron, que ainda continuava na porta do quarto, preocupado com a situação de Suzana. Os dois se entreolharam rapidamente, Shawn viu o mundo ao seu redor girar ao ver o corpo de Edward.

Ele olhou com desgosto para Cameron, e o inglês percebeu como Shawn ameaçou se aproximar de Suzana. A garota negou, assim como tinha feito com Cameron, mas aquilo não foi o suficiente para fazer com que o canadense parasse. Os braços de Shawn circundaram a garota, fazendo com que ela quase desaparecesse no meio do abraço. Mesmo tentando empurrar Shawn nos primeiros instantes, ela desistiu depois de algumas tentativas falhas.

Cameron engoliu seco com a cena.

─ O que estou fazendo aqui dentro, Shawn? ─ a garota perguntou, sentindo o perfume do garoto. ─ Por que você quer que eu continue aqui dentro? Para isso acontecer com todos vocês até que não sobre mais ninguém?

─ Você está salvando nossa vida, Sue. ─ Shawn respondeu, soltando a garota, vendo que ela não tinha liberado nenhuma lágrima. Suzana parecia estar perdida num deserto.

─ Pode ir atrás de Victor e Jordan por mim? ─ ela perguntou, se afastando dele.

─ Tudo o que você precisar. ─ ele respondeu, antes de deixar um beijo carinhoso na testa da garota.

School Of Heirs Where stories live. Discover now