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Abraçado aos próprios joelhos, com o cabelo bagunçado, a camisa de algodão amarrotada, Cameron tinha os olhos fechados.

O quarto temporário do príncipe era uma bagunça. Os sapatos estavam, cada um dos pés, jogado em cantos distintos. O casaco do uniforme de príncipe tinha sido jogado numa das poltronas que o garoto usava para escrever suas cartas para a família. Cada dia ele escrevia uma, com o intuito de que se sobrevivesse, daria a oportunidade para os irmãos mais novos lerem todas.

Naquele momento ele se perguntava se sabia o que era rezar. Desejar o bem de alguém para Deus era suficiente? Ou ele teria que decorar uma daquelas ladainhas que sempre via sua mãe falando aos domingos?

Acreditar em Deus nunca tinha sido um dos maiores valores do príncipe, na maioria das vezes ele até mesmo duvidava de existir um ser tão poderoso como aquele e mesmo assim o mundo continuar na confusão que estava.

A única coisa que Cameron conseguia saber naquele momento, era que se Deus realmente existisse, ou se qualquer outra pessoa fosse capaz de acabar com aquele inferno ao redor da sua vida, ele daria seu trono, sua herança, sua coroa, em troca de paz.

A porta foi aberta, mostrando uma figura que ele conhecia muito bem. Já eram mais de três da manhã. O príncipe inglês sabia que já tinha se passado cinco horas desde o acontecimento do dia anterior, do baile que era para ser uma espécie de presente. Ele ainda se lembrava do beijo de Suzana quando viu Victor abrir a porta. Ele estava com os olhos inchados, os olhos levemente vermelhos, os cabelos bagunçados. Ele ainda usava a mesma roupa do dia anterior.

─ Não... ─ Cameron começou, já pensando no pior que poderia ter acontecido. Ele queria fugir, pensar que talvez tudo não passasse de um sonho. Algo que ele acordaria bem, em casa, vendo um de seus irmãos menores pular em sua cama, fazendo com que ele despertasse. Mas o garoto sabia que aquilo era um pesadelo longo demais. O qual não iria acabar tão cedo.

─ Você precisa se encontrar com os outros em dez minutos, na sala de estar. Se vista, por favor. ─ Victor indicou as roupas do garoto, e principalmente seu cabelo. O rebelde sabia que a sua situação não estava diferente, mas Cameron era um príncipe, ele tinha a obrigação de estar sempre com a melhor aparência de todas.

A primeira e ultima vez que Cameron tinha visto o garoto sério daquela maneira era no primeiro dia que ele tinha pisado naquele lugar. Quando Suzana e os outros foram se apresentar, Victor só abriu a boca para deixar a situação clara para todos que preferiam viver. Agora todos sabiam que ele não estava sendo dramático, e sim, falando a realidade que todos deveriam já saber.



─ Alteza. ─ Nerissa escutou a criada falar, assim que entrou pelo quarto, com uma bandeja carregando somente uma xícara de café, que mesmo de longe ela conseguia sentir o cheiro. Eram três da manhã?

─ Como sabia que estava acordada? ─ ela perguntou a jovem mulher, a qual era jovem mas tinha muitas marcas feitas pelo tempo no rosto angular e marcado.

─ Acho que todos estão. ─ ela respondeu, colocando a xícara sobre a mesa do quarto. ─ Vossa Alteza deseja mais alguma coisa antes de se encontrar com os outros?

Nerissa olhou para a fina fumaça que saia do líquido quente, se lembrando de tudo o que tinha acontecido naquela noite que não parecia querer terminar. A princesa negou, vendo a mulher sair pelo quarto logo depois de fazer uma demorada reverência e fechar a porta logo depois.

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