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Maria Cristina não se lembrava da ultima vez que tinha usado um vestido de luto.
Eles eram mais pesados, mais quentes ─ graças ao pano escuro ─ e mais difíceis de vestir. Normalmente eram também usados com grandes e pesados casacos, pretos, representando a morte, e isso originava a obrigatoriedade em suar espartilhos. Na maioria das vezes, ela nem ao menos se sentia desconfortável graças ao corpo magro, mas naquele dia, quando as nuvens resolveram surgir e ninguém andava pelos corredores fazendo muito barulho, ela respirou fundo e prendeu o ar enquanto a criada amarrava a peça de roupa.
─ Tudo bem, alteza? ─ a princesa tinha reparado na aparência da mulher, ela era mais velha em relação as outras, assim como mais ágil por ser mais experiente no assunto.
A garota balançou a cabeça, tentando fazer com que a mulher acreditasse que estava tudo bem.
─ Você é forte. ─ ela comentou, abotoando a parte de trás do vestido, fazendo com que ela passasse a mão rapidamente pela longa saia. Suzana usava um vestido parecido na noite anterior, ela conseguia se lembrar. Mas a renda do vestido da garota tinha um certo brilho, diferente daquele que ela usava e tinha certeza de que todos os outros usariam. ─ Vai querer usar sua coroa? Podemos fazer um penteado...
─ Está tudo bem. ─ Maria Cristina afirmou, olhando para ela, tentando manter o olhar cauteloso e piedoso. ─ Acho que não é necessário tamanha seriedade, todos aqui dentro tem a sua coroa, não é mesmo? ─ a mulher concordou, abaixando a cabeça, fazendo uma demorada reverência. A princesa sorriu, agradecida. ─ Agradeço pela ajuda, madame. Mas acho que alguém deve precisar mais dela.
─ Como quiser. ─ ela respondeu, mostrando um sorriso meigo, fechando a porta atrás de si.
A garota se aproximou da janela, andando lentamente. Levaram apenas algumas horas até que guardas levassem o corpo de Kris, o cremassem na cidade mais próxima, o trouxessem de volta. Maria Cristina não fazia questão de saber como a embaixada americana tinha chegado ao castelo, tão rápido daquela maneira. Mas ela já conseguia ver os carros escuros estacionados no jardim.
O casaco escuro e pesado estava pendurado no encosto de uma das cadeiras do quarto. A garota o colocou sobre os ombros e respirou fundo. Sabia que sua parte naquele momento de dor era somente uma maneira de mostrar seriedade e piedade aos pais da garota. Ela sabia que quem sofreria mais com isso eram as pessoas que estavam responsáveis por proteger a vida de Kris, não ela.
─ Já lhes disse, Suzana tem de ficar em repouso absoluto, por dois dias. ─ Luke comentou, com a mão em frente ao rosto, sentado na cadeira onde Suzana costumava se sentar. Ele nunca tinha visto tantas pessoas dentro da biblioteca do terceiro andar, como tinha naquele momento.
─ Minha irmã entrou em repouso absoluto, pelo resto da vida. Quero explicações, vocês me devem explicações. ─ o garoto encarou o olhar escuro daquele que seria o mais novo rei dos Estados Unidos. Peter era o adolescente mais descontrolado que Luke já tinha visto em toda a sua vida.
─ Por favor, você é um adolescente, não faz nem ideia de como lidar com a própria puberdade, quem me dirá lidar com a responsabilidade da vida da própria irmã quem me dirá com um país inteiro! Quando eu digo que Suzana arriscou a própria vida para salvá-la, não estou mentindo.
Luke bateu as mãos sobre a mesa, com força. Fazendo com que o garoto de cabelos castanhos como os da irmã desse dois passos para trás, assustado. Ele sabia muito bem o temperamento de Peter, segundo na herança da coroa americana. Era o mesmo que o da irmã. Mimado e inconsciente. Depois dos erros criava alguma instituição de caridade, fazendo com que o país voltasse a amá-lo. Ele tinha dezesseis anos mas Luke sabia muito bem de que ele não estava lamentando a morte da irmã, mas sim a responsabilidade que teria de assumir no lugar dela.
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School Of Heirs
Novela Juvenil☆ Capa feita pela talentosissima @flordobrasil ☆ Fadas madrinhas estavam em extinção, sapatinhos de cristal tinham saído de moda há séculos atrás, as maçãs envenenadas saíram do mercado num piscar de olhos, não existia mais ninguém que conseguiria d...