Acordei, percebi que eu estava dormindo abraçado com alguém, ou melhor, alguém estava dormindo abraçado comigo, tentei me mover, a pessoa me apertou, girei me soltando de seus braços.— Que sonho doido...— Ana falou com voz de sono se sentando na cama.— Sonhei que agente tava num apocalipse zumbi.
Fiquei calado, olhando ela enquanto ela coçava o cabelo, naquele momento a loirinha estava particularmente fofa.
— Pera aí...— Ela me encarou de volta.— Não foi sonho né?!
— Não...— Baixei a cabeça.
— Merda...— Ela baixou a cabeça.
— Calma baixinha...Ta tudo bem.— Acariciei os cabelos da garota.— Agora vá ligar o barco e tomaremos rumo, vou preparar um café pra você.
— Ta bem.
Ana subiu, e eu fui fritar ovos, não demorou muito pra o barco se mover e alguém aparecer, era Rafael.
— Negro...— Ele coçava a cabeça andando na minha direção.— O barco ta andando?
— Ta sim por quê?
— Nada... So queria saber. — Ele se sentou no sofázinho.— Que cheiro bom... Isso aí é pra mim?
— Não... É pra Ana
— Ah qual é irmão... Faz um pra mim aí.
— Tá Tá! Mas bota esse aqui num pão e leva pra a loira lá em cima.
Ele assentiu e deu as costas levando o pão com ovo e o copo de café.
RAFAEL
Quando eu subi as escadas em direção ao local onde Ana estava senti uma brisa quente, era o verão começando.
— Bom dia vaca! — Falei lhe estendendo o prato e o copo.
— Bom dia puta! — Ela riu pegando as coisas da minha mão, os apelidos são bem carinhosos.
— Notícias dos seus pais?
— Nada ainda... Mas eles devem estar bem... Só não acredito que eles foram pra Inglaterra e me deixaram aqui.— Ela cruzou os braços.
O silêncio tomou conta do barco ate que ouvimos algo, " When the momma sang us to sleep but now we're stressed out! ". Era João, ouvindo Twenty One Pillots subindo as escadas com comida pra mim e pra ele.
— Consegui fazer o rádio pegar!— Ele falou.
— Yaaay!— Ana jogou os braços pro ar, ela amava essa musica.
— Alguma notícia sobre locais seguros?— Perguntei.
— Até então nada.— O negro respondeu.— Ana, caso o plano dê errado, por quanto tempo podemos ficar no mar?
— Temos combustível pra 1 mês, mas a comida e a agua não vão durar tanto...
— Certo... Quanto a isso, ainda temos o arpão e a mascara de mergulho...— Ele disse dando as costas e saindo.
— O arpão ta sem lança!— Ana gritou.
— Booooosta! — Ele gritou e depois saiu gargalhando.
Senti cheiro de comida outra vez, "Deve ser Alan cozinhando." Pensei.
— Ana...— Perguntei.— Você acha que vamos ficar bem?
— Claro que vamos. — Ela respondeu.
— Como você consegue ser tão otimista?
— Eu não sou otimista, só não gosto de desistir, o negro... Ele sim é otimista.
Nós dois rimos.
— Não sei de onde sai tanto otimismo.— Falei.
— Se a gente mostrar fraqueza.— Ela se virou pra mim com um sorriso no rosto.— Não conseguiremos liderar vocês.
— Então você assume que eu sou o líder?— João falava subindo as escadas.
— Eu não disse nada isso idiota.
— Nos dois somos uma boa dupla, eu sei.— Ele ria.
— Me dá até inveja tanto otimismo assim...
— Gente! Temos problemas.— Paula falou.
Ana já ia largar o leme quando João gritou.
— Fica ai loira!
Eu e Ele descemos correndo.
— O que foi?!— Perguntei.
Eles deram espaço pra nós dois passarmos, era um bote cheio de pessoas gritando socorro.
— Ana pare o barco e desça aqui!— Gritei.
— Temos que ajudar eles.— Sodré falou.
— Não! — João disse em tom autoritário.— Não temos suprimentos o suficiente pra nós todos.
— Vamos ajudá-los!— Ana disse batendo pé de frente com João.
— Não, temos condições Ana!
— Eles só vão ficar com a gente até chegarmos na ilha Negro! Não seja mesquinho! Nós podemos ajudar e vamos ajudar.
João olhou pra Alan, ele não disse nenhuma palavra.
— Tá! — Ele gritou, era raro João perder numa discussão, mas Alan sempre sabia o que era mais sensato fazer então quando ele concordava com Ana, o que era extremamente raro, mesmo que contra sua vontade, João o ouvia.
Nos aproximamos do bote, deixamos o grupo subir.
— Alan, André e Rafa, verifiquem se não há nenhum mordido entre eles.
Nós três fomos verificar, um idoso e uma criança que faziam parte do grupo estavam mordidos.
JOÃO
Mandei os garotos isolarem os mordidos e chamei Ana pra dentro do quarto.
— Loira, temos que colocar eles no barco ou então matá-los, é muito arriscado manter eles aqui.
— Eu sei eu sei...— Ela andava de um lado pra o outro.
— Então, o que faremos?
— Desde quando eu sou a líder?— Ela gritou batendo o pé no chão.
— Nós dois somos, precisamos entrar num consenso.
— É... Eu sei.— Ela se sentou na cama.— Eu só não sei o que fazer.
— Então mataremos eles?
— Não! Ela é só uma garotinha! No guerra mundial Z ele corta o...
Fomos interrompidos por Alana.
— Gente! Estamos sem tempo!
— Botem eles no bote salva vidas.— Falei.
— Certo.— Alana saiu e fechou a porta.
— Não acredito que estamos fazendo isso...— falei com voz de choro.
— Negro.— Ela me abraçou.— Não fique assim.
— É errado decidir quem vive e quem morre.— A esse ponto eu já estava chorando.
— Eu sei... Mas enxuga essas lagrimas e vamos la pra cima.
— Beleza.
Quando subimos os dois ja estavam no barco e os outros membros do grupo nos olhavam com ódio nos olhos.
— Ela era só uma garotinha. — A mulher gritou.— Minha filha era só uma garotinha!
Eu não aguentei, meu coração apertado doía demais, Ana subiu pra assumir o leme e eu voltei pro quarto chorando e me deitei na cama.
— Meu amor... Não fique assim.— Paula entrou no quarto.
— Não dá pra evitar.
Ela se deitou no meu peito, e eu comecei a mexer nos cabelos dela, não demorou muito e eu adormeci.
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Não Seja Mordido
AcciónQuem disse que nerds não sovreviveriam? Não existe um manual que explique perfeitamente como sobreviver a um apocalipse zumbi, mas depois de tantos jogos, filmes, HQs, seriados e tudo mais, não é possível que um grupo de amigos, um tanto sem noçã...