Depois da discussão o clima ficou tenso lá nas docas, Alan e Ana nem olhavam um para o outro, e pensar que eles já namoraram anos atrás, Rafael ainda estava revoltado, pois estávamos ajudando quem ferrou com a perna dele, mas ele ao menos conversava com a gente.
Durante a manhã, quando só eu e Alan estávamos acordados ele feio falar comigo.— João, você sabe que vai dar merda.
— Seja menos pessimista Alanzinho.— Eu falei sorrindo.
— Não to sendo pessimista, e sim realista.— Ele cruzou os braços.
— Você diz isso desde o segundo ano man, e eu não posso deixar Ana sozinha nessa.
— Cara, to te pedindo por que você é um dos melhores amigos que eu tenho, não quero que você morra, ou pior, vire um deles...
— Vai dar tudo certo irmão!— Dei uns tapinhas nas costas dele e saí.
Eu estava catando minhas armas ja arrumado pra sair quando Sodré apareceu.
— Aí negro, você sabe que isso tem muita chance de dar errado né.
— Eu sei.— Respondi.
— Então não vá.— Paula falou entrando no quarto.— Ja perdi gente demais, e perder um grupo inteiro seria desperdício João.
— Não se trata de min Pequena, se fosse você ou Ana lá eu faria a mesma coisa.
— E quem que vai com vocês?— Sodré perguntou.
— Só vamos nós quatro, quanto menos gente melhor.
— João, se vocês morrerem...— Paula falou, antes que terminasse eu a interrompi.
— Não morreremos.— Botei a mochila nas costas e saí.
Do lado de fora do barco, estava tudo pronto para a partida, Alana veio até min e me abraçou.
— Não morra...— Ela falou olhando serio pra min.
— Não vou.— Falei.
— Serio João.— Alan falou.— Precisamos que vocês dois voltem vivos.
Entrei no carro, eu e Caleb fomos na frente, olhei pra ele e disse.
— Se for uma armadilha... Eu juro que você vai ficar sem bolas.
— Se for uma armadilha, eu quebro todos os ossos do seu corpo.— Ana falou do banco de traz.
— Não é uma armadilha, confiem em nós.— Joanna falou.
— Confiança não se pede Lolipop, se conquista, só estou nessa por que eu fiz um juramento e vou cumprir.
— Que juramento?— Caleb perguntou.
— Conquiste minha confiança e um dia vai saber.
Arrastei o carro, seguimos calados até chegar a um local, a cerca de 50m da favela, Caleb explicou onde a irmã dele estava presa e qual era a rota mais segura pra chegar até ela, esperamos dar meia noite, e depois seguimos vielas a dentro.
Andando pelas ruas, becos e vielas desertas podíamos ouvir os sons de tudo que se movia, desde ratos até baratas, a noite era um alquimista desagradável dos seres rastejantes, seguimos em silencio desviando das luzes que vez ou outra passavam pelas ruas e dos olheiros com suas armas com mira infra vermelho, tivemos que matar alguns deles, peguei um walkie talkie deles e enfiei na mochila, sem pilhas obvio. Após alguns minutos de caminhada chegamos ao local, era logo a casa do chefe da boca, olhei pela janela, ele dormia tranqüilamente, deu pra ver a uma porta que levava pra um tipo de porão, ela certamente estaria ali.
— Caleb.— Cochichei.— Você consegue abrir a porta?
— Consigo.— Ele cochichou de volta.
Entramos, eles foram para a porta, e eu fui direto pro quarto dele, ele dormia tão indefeso, mas eu teria que matá-lo, se ele acordasse estávamos todos mortos, e não podíamos correr esse risco. Puxei a navalha da cintura, enfiei na jugular do homem e pus um pano na boca dele pra ele não emitir som enquanto morria. Mas a garota do lado dele acordou, ela ia gritar mas uma faça acertou seu peito antes que fizesse qualquer coisa, Caleb acabou de ganhar mais um ponto comigo depois dessa.
Descemos as escadas, uma garota de cabelos pretos com pontas vermelhas estava algemada pelos braços e pernas, nua, presa a uma cama, aquele lugar fedia a quarto de motel sujo. Essa deveria ser a Maria, Caleb correu até ela.
— Maria...— Ele falava chorando, o que fizeram com você?
— Ca...Leb.— Ela falava com dificuldade.
— O que fizemos com ela?— Uma voz grave ecoou pelo quarto.— O mesmo que faremos com essas gostosas depois que matarmos vocês.
Vi um brilho vindo da escuridão, um homen alto e tatuado com um dente de ouro estalava os dedos sacando um par de facas serrilhadas acompanhado de vários homens musculosos com porretes na mão. Corri até a cama e cortei as correntes.
— Saiam, agora!— Falei.
— Não vou te largar aqui sozinho não negro.— Ana disse.
— Ele não vai ficar sozinho.— Joanna pegou a cerra elétrica no chão e me olhou.— Agora sim eu sou a Lolipop.— Ela sorriu pra min.
— Caleb! Tire elas daqui, vou atrasar eles.
— Ah mas nem fodendo, você não manda em min.— Ele e Ana falaram em uníssono.
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Não Seja Mordido
AksiQuem disse que nerds não sovreviveriam? Não existe um manual que explique perfeitamente como sobreviver a um apocalipse zumbi, mas depois de tantos jogos, filmes, HQs, seriados e tudo mais, não é possível que um grupo de amigos, um tanto sem noçã...