Ato 13: Nem tão durões

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As luzes não ficaram mais do que cinco minutos acesas, logo apagaram-se novamente, fiquei com pena do Caleb, podia ouvir ele bater os dentes, tirei uma manga do casaco, me levantei pra sentar do lado dele a acabei pisando na sua mão.

— Desculpe...— Falei.

— Tá.

Sentei do lado do garoto, lembrei que eu tinha um sinalizador de neon na bolsa, estalei e joguei no meio do banheiro. Ficamos um tempo alí olhando a luz, até que ele se encostou em min, ele pôs a mão no meu rosto, senti que ele me beijaria, mas, hesitou, ele tirou a mão do meu rosto. Eu comecei a ficar um pouco nervosa, puxei ele para fazer o que ele não fez( bom ao menos acho que ele ia fazer. ) batemos as cabeças.

— Mas que porra foi essa?— Ele perguntou.

— Sei lá, mas daí tu curte star wars?— Fugi do assunto para não dar uma resposta

— Curto um pouco.

Minha tentativa de fugir do assunto foi completamente efetiva, eu sentia meu rosto queimar um pouco, tenho certeza que estava vermelha, mas por sorte, estava escuro demais pra ele notar, me afastei um pouco, acabei ficando sem jeito depois daquilo.

— Então...— Ele perguntou.— Você e o João, cês tão juntos?

— Como assim?

— Tipo... Namorando?

Que porra é essa?! Desde os tempos de escola vivem me perguntando se eu e o Negro estamos namorando, qual a dificuldade desse povo, de saber que ele é meu melhor amigo!? Então.

— Não!— Comecei a rir.— Ele é meu melhor amigo cara, que nojo.

— Que?!— Ele começou a rir.— Eu jurava que... Desculpa, idiotice minha pensar isso.

— Não tem problema, você não é o primeiro que pensa isso, mas por que a pergunta?

— S- Só pra saber!— Ele gaguejou, parecia nervoso, o garoto avançou contra min, mais uma vez tive a impressão de que ele tentaria me beijar, mais uma vez ele hesitou, merda? Mas que demora é essa hein Caleb? Parti pra cima dele e o puxei pela camisa.

JOÃO

As luzes acendiam e apagavam o tempo todo, lá fora estava caindo uma tempestade, durante a fuga acho que acabei me separando do pessoal, fui parar na saraiva, eu estava prestes a trancar a porta do espaço infantil quando ouvi.

— Ei espere!— Joanna corria na minha direção.— Não fecha essa merda não!

Pensei duas vezes mas a deixei entrar e depois fechei a porta, a final, não sou tão mal assim. Nós dois arfávamos, ofegantes, um olhando pro outro.

— Por que você me seguiu?— Perguntei.

— Por que você parecia saber pra onde ir.

— E se eu não soubesse?

— Aí você não seria o líder da sua equipe.

— Eu não sou o líder, nunca fui.

— Pra min você parece muito mais capaz de dominar do que aquela loirinha.— Ela disse se aproximando de min.

— Pode ir parando aí ô Lolipop Chainsaw, não interessa quem é mais quem é menos. Temos que decidir é como sair daqui, vivos.

Ela recuou, pareceu ofendida, luzes piscavam, eu deixei a mochila de alimentos com o Carlos.

— A tempestade não vai passar.— Joanna falou.

— Eu sei disso, melhor esperarmos amanhecer.

— Estou com frio...

— Ó que dó da formiguinha, usasse roupas mais quentes.

— Você é um babaca sabia?

— Você me pede pra ser babaca.

Ela fechou os punhos com raiva, levantou a mão e deu um tapa na minha cara, depois se sentou num puff do outro lado da sala.

— Desculpa...— Falei.— Toma aqui meu casaco.— Entreguei o casaco a ela.

— Não quero mais.— Ela disse com voz de choro.

— Faça birra o quanto quiser o casaco tá aí.— Joguei o casaco no chão ao lado da garota e saí.

Não Seja MordidoOnde histórias criam vida. Descubra agora