Não Seja Mordido

Ato 11: E ai comeu?!

JOÃO

  Acordei de manhã com uma puta dor de cabeça, Paula estava deitada no meu peito, como de costume, levantei, me olhei no espelho, eu tava pelado.

— Mas que porra é essa!— Gritei sem pensar.

— Fale mais baixo...— Paula disse sentando na cama coçando os olhos.— Que dor de cab..— Ela parou de falar e começou a rir.— Por que cê ta pelado?

— Fale baixo, não preciso que todos saibam.

— Tá mas.... Uáu...

— O que foi?

— Então né?

   Finalmente entendi o que ela quis dizer com Uáu, agarrei o lençol de cama e puxei, ela também estava sem roupas.

— Merda! — Joguei de volta o cobertor nela.

   Meu rosto queimava de vergonha... Acho que se eu fosse branco agora eu estaria fazendo cosplay de tomate, Paula não é assim bem branca mas, ela definitivamente estava fazendo cosplay de tomate.

— Mas o que é isso?!— Ana abriu a porta.

— Meu garoto!— Rafael gritou de trás dela.

  Desesperado, empurrei os dois pra fora e bati a porta na cara deles.

— Veste logo alguma coisa!— Gritei pra Paula.

— Não acho minhas roupas!— Ela gritou pra min.

  Olhei pro chão, vi um minhas roupas. Peguei a camisa e joguei pra ela.

— Veste isso.— Vesti minha cueca e minha calça.

— Meu deus vocês fazem muito barulho!— Carlos gritou do lado de fora.

  Eu jurava que o Carlos tinha seguido seu rumo, mas parece que eu me enganei. Paula vestiu minha camisa, ainda estávamos ofegantes, o barulho do lado de fora cessou.

— O que que aconteceu ontem a noite?— Perguntei a ela

— Eu não sei, minhas memórias estão muito confusas.

— Ultima coisa que eu me lembro.— Me sentei na cama.— É de você entrar aqui com uma garrafa de Smirnoff...

— Eu não consigo ligar os pontos, minha cabeça parece que vai explodir.— Ela deitou na cama.

— Então depois a gente vê isso.

  Levantei e saí do quarto, deixando a garota lá sozinha na cama.

— E aí comeu?!— Rafael disse sentando do meu lado no sofázinho do barco.

— Você é idiota?— Perguntei.— É obvio... Que eu não me lembro de nada!— Nós dois rimos.

— Tá tomando o que?

— A mistura de cura ressaca do meu  tio.

— Qual?

— Eno, Red bull e Café preto sem açúcar.

— Mano... Isso é muita energia, você vai infartar.

— Vou nada, vira essa boca pra lá lesk.

— Mudando de assunto, não podemos sobreviver só com os enlatados, temos que produzir comida também.— Ele disse em tom serio.

— Sei disso... Por isso hoje mesmo eu vou num mercado pegar sementes de frutas e verduras.

— Mas é a carne?