Ato 27: Pazsageira

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JOÃO

  Se eu bem entendo de estações do ano estávamos na primavera, o vento soprava quente e forte entrando pelos portões do forte da resistência. Falando assim até disfarça toda a zona de guerra que Ana, Mirela, Rafael e eu criamos.

— João, aqui na resistência as coisas funcionam de forma bem simples.— Roger, o líder da resistência falava sentado do outro lado da grande mesa de reuniões, um ex militar alto, com aquela " barba de fim de tarde " grisalha e cheia de falhas.— Todos fazem sua parte para viverem em paz.

— Você fala de paz num mundo destruído Roger.

— Já disse que é Sargento Azevedo pra você!

— Pouco me importa esse seu título.

— Eu salvei sua vida garoto!— Ele socou a mesa e se pôs de pé irritado.

— Eu não pedi para que me salvassem, trabalhamos pra você quarto meses, alguns de nós querem ficar aqui, mas outros, se sentem presos, veja bem, deixando-nos ir você só poupa comida, agua e seus preciosos medicamentos.

— É verdade mas é muito perigoso lá fora!

— Já ficamos tanto tempo, deixa a gente ir!

— Não!

— Não pode nos prender aqui!— Dei as costas e saí a passos largos.

Se você não tá entendendo direito deixa eu explicar.
  Quando chegamos na resistência, a primeira coisa que pensamos é que teríamos paz, mas não, nada disso, não demorou nem uma semana pra Ana arrumar briga com alguém, pro Caleb ser pego roubando comida, pra passarem a mão na bunda da Mirela e ela descer a porrada no cara, e muito menos pra eu e Rafael procurarmos briga com o líder deles.— É o que dizem, cavalos selvagens não servem pra ser domesticados.

Eu estava sentado no refeitório, comendo junto com o pessoal quando um estranho se sentou com a gente, um cara negro, sua camisa estava suja de graxa, ele provavelmente era um dos mecânicos.

— Eu ouvi dizer que vocês querem cair fora daqui...— Ele falou.— Meu nome é Mailcon mas podem me chamar de Mike. Eu posso tirar vocês daqui.

— E quem disse que precisamos de ajuda?— Joanna falou.

— Não me importo, amanhã um caminhão sai daqui pra horta carregando os restos de comida pra adubar as plantas, me encontrem neste local antes do sol nascer e não sejam vistos.— Ele se levantou e saiu da mesa.

— Não vamos confiar nele né?— Alana falou.

— Eu só quero caro fora daqui.— Falei

— Mas aqui é seguro.— Alana falou.— Não quero perder mais ninguém.

— Então você fica.

— Quem quiser ir já sabe o que fazer.

Não Seja MordidoOnde histórias criam vida. Descubra agora