XXII. Lembranças

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SASUKE

Enquanto nos aproximávamos de Konoha, percebi que Sakura ficava cada vez mais inquieta. Tive vontade de perguntar se ela estava preocupada com a guerra, mas com Orochimaru por perto não me atrevi.

Quando mais perto estavámos de Konoha, mais ansiosa Sakura ficava. Sua ansiedade estava me atingindo e comecei a me sentir inquieto e preocupado sem saber o que a incomodava. Só quando vi o banco em que a deixei anos atrás foi que percebi.

Olhei para Sakura preocupado, mas ela não estava mais ao meu lado. Ela tinha parado de caminhar e fitava o banco com dor e desolação. Meu coração parou.

- Sakura?

Eu podia ouvir a preocupação em minha voz, mas não me importei. Kami, por favor, não...

- Você me abandonou! - ela acusou ainda fitando o banco enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. - Você não me ama!

Imediatamente fiquei na frente dela bloqueando-lhe a visão do banco enquanto ordenava aos outros:

- Vão! Nós os alcançaremos depois.

- Você precisa desbloquear...

- Vão! - repeti furioso com Orochimaru, mas principalmente comigo mesmo.

A aparição repentina de Itachi me fez esquecer completamente minha intenção de contar a verdade para ela.

- Você lembrou de mais alguma coisa?

- Não.

- Sakura...

Ela me olhou e seus olhos refletiam tanta dor que eu não soube o que dizer. Sabia que ela estava sentindo a dor daquela lembrança, de quando a abandonei. Mas também sentia a dor de ter sido enganada todo esse tempo achando que fosse verdade que éramos namorados.

- Por quê?

Eu abri a boca para explicar, mas não consegui dizer nada. Tudo era tão complicado. Como eu poderia explicar algo que nem mesmo eu entendia? Quando o choro dela aumentou, resolvi mostrar para ela. Ela sempre foi a mais inteligente de nós dois. Talvez ela compreendesse melhor se visse.

Então pousei minhas mãos em seu rosto molhado e ativei o mesmo genjutsu que Itachi usara em mim para me mostrar a verdade. Eu tinha noção que ela saberia o que pensei em cada lembrança, mas queria que ela soubesse o que tinha acontecido.

Comecei mostrando as poucas lembranças que guardava da minha infância: as missões que Itachi me passava como recolher as pegadas dos gatos e ajudá-lo a derrotar o javali selvagem; os treinos de Itachi que eu espiava; minhas reclamações por Itachi estar sempre ocupado; as refeições com minha família; meu sonho de trabalhar no Departamento de Polícia de Konoha com meu pai.

Enquanto mostrava minhas recordações, percebi que o choro dela aos poucos cessava até que mostrei a noite do massacre mesclando minhas lembranças com o que Itachi me mostrara. Deixei que ela percebesse minha preocupação por estar chegando tarde; minha inquietação por tudo estar silencioso; o pensamento de Itachi ao me ver; a execução de meus pais; meu desespero ao vê-los mortos; minha confusão quando Itachi me atingiu; minha incredulidade ao ouvi-lo dizer que tinha feito tudo por poder; minha raiva por ele ter destruído tudo o que eu amava; minha perseguição a ele ao despertar o sharingan; as lágrimas de Itachi antes de eu desmaiar.

Senti Sakura chorar novamente, mas agora pelo que tinha acontecido comigo.

- Sasuke... - ela sussurou, mas eu não interrompi o genjutsu. Tinha que mostrar tudo a ela.

E Se Fosse Verdade...?Onde histórias criam vida. Descubra agora