E Se Fosse Verdade...?

XXIX. Surpresa

SASUKE

- Aqui está - a atendente disse depositando a tigela com lamen de tomate na minha frente com mãos entusiasmo que o necessário.

Acenei a cabeça, ignorando-a enquanto começava a comer. Durante o tempo que passei viajando sozinho após a guerra, era comum ver cenas assim. Na verdade, sempre houvera garotas se jogando sobre mim, mas sempre consegui ignorar todas. Menos ela.

Eu sentia uma saudade absurda de Sakura. Principalmente depois que finalmente aceitei meus sentimentos por ela. Eu a amava. Sempre tinha amado. Ela era minha irritante, aquela que sempre esteve ao meu lado.

Às vezes, quando a saudade batia forte como agora, eu desejava abandonar tudo e voltar para ela. Mas eu não podia. Tinha me proposto a me conhecer e conhecer o mundo, a corrigir meus erros. Sakura merecia alguém completo e não alguém quebrado pela culpa e pela vergonha.

Eu sabia que ela não se importava com isso. Sabia que ela estava mais do que disposta a curar minhas feridas e fazer nossos dias felizes. E egoísta como sou, quase aceitei quando ela perguntou ser podia me acompanhar dessa vez. Eu realmente queria a companhia dela, mas eu não podia. Não seria justo com ela. Não podia permitir que ela abandonasse a família, o emprego e os amigos por um baka como eu.

Suspirei e fechei os olhos. Apesar disso, eu realmente gostaria que ela estivesse ali.

- Devia comer antes que esfrie - uma voz melodiosa disse e eu sorri de canto, ainda de olhos fechados. Isso era algo que ela diria.

Abri os olhos disposto a comer e pisquei ao ver a mulher de cabelos rosa à minha frente. Era só o que me faltava. Ter alucinações com ela! Já hão bastava os sonhos eróticos?

Esfreguei os olhos, mas ela continuava ali.

- Sakura? - perguntei baixinho.

- Pensei que tivesse esquecido de mim, Sasuke-kun.

- O que está fazendo aqui?

- Vim agradecer - ela sorriu estendendo o cartão de aniversário que ele lhe mandara.

Senti meu rosto esquentar e engoli em seco.

- Não precisava - disse me concentrando no lamen.

- Eu sei, mas eu quis vir.

- E sua família, seu trabalho, seus amigos?

- Todos estão bem. E Tsunade-sama me deu férias. Ino está me substituindo.

- Quanto tempo vai ficar? - perguntei olhando para ela

- Quanto tempo quer que eu fique? - ela perguntou tímida.

A vida inteira. O pensamento me assustou, mas percebi que era verdade. Era o que eu queria.

- Se não quiser que eu fique...

- Fique - eu disse segurando a mão dela.

Sakura sorriu.

- Hai.

Eu chamei a atendente que anotou o pedido de Sakura com má vontade. Mas nós dois ignoramos.

Eu só tinha olhos para Sakura enquanto ela tagarelava sobre tudo o que acontecera em minha ausência. Ela narrou sobre o casamento de Naruto que eu não pude comparecer; contou como nossos amigos estavam, sobre Itachi e ela tinham se aproximado, do interesse mútuo entre ele e Karin.

Eu apenas respondia meus costumeiros "hump", embora, como sempre, eu escutava cada palavra que ela dizia. Mas dessa vez estava difícil concentrar no que ela dizia. Eu observava sua boca e só conseguia pensar no sabor dos seus lábios sob os meus. Fazia tanto tempo desde que eu a beijara pela última vez!