VI. A Sereia

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SASUKE

A viagem começou bem tranquila. Karin me conhecia o suficiente para perceber que não estava com humor para suportar muita coisa hoje, então permaneceu calada.

Felizmente Sakura também estava em silêncio o que era uma surpresa. Geralmente Naruto e ela passavam o tempo inteiro conversando enquanto estávamos viajando em missões. Se bem que Naruto sempre foi o mais conversador de nós três.

Várias lembranças daquela época surgiram na minha mente e eu apertei o punho com força. Tinha sido por esse motivo que havia abandonado a aldeia anos atrás. Eles tinham o incrível poder de me fazer esquecer o que era importante para mim.

Agora mesmo eu deveria estar pensando em como destruir Konoha e não lembrando de como várias vezes ajudei a protegê-la. Sempre que estava perto deles precisava ficar me lembrando constantemente da minha vingança.

"Se você tivesse que ficar aqui comigo, não haveriam arrependimentos... porque a cada dia faríamos algo divertido, e nós estaríamos felizes eu juro!"

Fazia tempo que não pensava nisso... Suspirei. Seria tão fácil ceder... Sabia que ela estava certa, mas se naquela época eu não merecia ser feliz, agora menos ainda. Não depois de matar Itachi. Não depois de matar o irmão que tanto me amou. Como sempre a culpa me dominou e, por isso, não percebi a aproximação de Sakura.

– Nós namoramos escondidos?

De onde ela tirava essas ideias malucas?

– Nani?

– Você está envergonhado porque Karin nos viu nos beijando. Então suponho que você seja muito tímido. É por isso que namoramos escondido?

– Não estou envergonhado – gritei. Então percebi que tinha gritado e repeti em voz baixa: – Não estou envergonhado.

– Então por que não está falando comigo?

Porque você é uma tentação e não posso, não devo e não vou ceder a ela, pensei. Mas jamais diria tal coisa. Apertei os lábios. Não diria nada. Porém percebi a irritação crescendo no olhar dela e resmunguei:

– Eu sou assim, Sakura.

– É verdade – Karin concordou.

– Isso é irritante – Sakura bufou.

Eu a observei por um momento. Eu ouvi direito? Ela me chamou indiretamente de irritante? Ela? A maior irritante de todas? Revirei os olhos.

– Há, pelo menos, alguma coisa importante para falar?

– Hai. Preciso de roupas.

Eu a olhei de cima a baixo. As roupas dela estavam rasgadas, manchadas e sujas, mas nem isso diminuía a beleza dela. Desviei os olhos.

– Hmp.

Depois ela perguntou sobre o porquê de não termos objetos pessoais dela. Eu a ignorei, mas Karin lhe respondeu. Continuei ignorando as duas até ouvir Karin dizer com ironia:

– Sasuke estava muito preocupado com você para pensar em outras coisas.

Temendo que ela pudesse falar mais do que devia, interrompi:

– Terá que esperar até amanhã para conseguir roupas. Logo teremos que acampar.

Passaram algumas horas antes de pararmos. Felizmente as duas haviam parado de conversar. Quando chegamos, Sakura se dispôs a fazer a comida, mas eu recusei imediatamente. Lembrava-me muito bem de que a culinária não era um de seus dotes. Embora fosse comestível, sua comida tinha o gosto muito ruim.

E Se Fosse Verdade...?Onde histórias criam vida. Descubra agora