Capítulo vinte e um

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A semana havia se passado rapidamente. O Grande dia de baile havia chegado e eu estava me decidindo entre ir como uma boa moça do Barney's ou uma garota socialite de Miu Miu. Eu parecia gorda, mas Samirah sempre dizia que eu estava gostosa naquele monte de trapos feito por estilistas famosos. Tá, tanto faz.

Eu iria de Barney's.

Enquanto eu me empencava de quilos de maquiagem para afinar o nariz e o que mais que se possa fazer para ser uma mulher feliz, Samirah parece como uma Audrey Hepburn em bonequinha de luxo.

Ela sorriu avidamente. Emily apareceu atrás dela. Eu poderia dizer que Emily era uma varapau desgrenhada, mas até que ela estava muito bonita, ao contrário da garota de trás, que parecia estar possuída pelo diabo daquele filme de terror nojento, O exorcista.

Depois de ter terminado todos aqueles reboques necessários, eu me reparei por completo no espelho. Ah, fala sério! Eu mesma me pegava se possível! Selei tudo com o brilho labial que estava na minha bolsa e borrifei um pouco de perfume.

- Pegue uma máscara de gás – sussurrou Emily para a desconhecida, que riu.

Idiotas, faça-me o favor!

Como eu tinha dito, a semana havia passado bem rápido. A diretoria resolveu o assunto do Devon, e ele está preso em algum lugar do Instituto por um mês, recendo apenas uma vasilha de sangue por dia. Enquanto ao resto dos vampiros - relaxem - eles ainda não sabem nada de mim, o que é ótimo!

Blake havia salvado a minha pele, e depois de tanto eu me fazer de difícil, decidi falar com ele durante o nosso último treinamento, que havia pensando bastante – o que é obvio que era mentira – e adoraria ser a parceira dele durante a festa.

O treinamento e os dias de aulas seguiram normais. Exceto os sonhos. Eles estavam ficando cada vez piores.

Eu estava em um abismo, olhando toda a belíssima paisagem apaixonante das montanhas, quando sinto o meu pé sendo puxado. Eu não conseguia olhar para seu rosto desfigurado. Era uma fera terrível de olhos negros e garras pontiagudas, prestes a rasgar-me. O rosto pairava entre Devon e Blake. Ele ria apavorantemente e frívolo com tudo aquilo. Divertiam-se as minhas custas.

Os rostos mudavam como flash e cada segundo que passava, eu me retorcia em um medo apavorante. Mate-me, logo. Mate-me, logo. Eu não estava suportando aquela demora que chacoalha o meu interior. O ser aterrador desaparece de da minha vista, virando pó.

Eu olhava para os lados, assustada. Vejo uma mão a minha frente. Asas. Um rosto.

Minha morte.

- Você está bem? – pergunta Samirah.

Saio dos devaneios e me viro para ela, estampando o meu melhor sorriso amarelo. Finalizo o look com um brinco pequeno e saio atrás de Samirah, que conversava animadamente com Emily.

- Você já superou todo esse lance com o Devon e o Manson? – pergunto.

- Claro! – ela responde animadamente. Sim, animadamente. – Eu não quero mais saber de garotos, sabe? Amizade para sempre!

Uhum, tá bom! Veremos na próxima semana!

- A gente pode descolorir o cabelo e formar a irmandade da ''Solteironas, não procura''. O que acha? – perguntou a menina que eu não sabia o nome.

- Claro, Sam! Como eu disse: amizade para sempre! – ela me abraçou tão apertado, que quase esmagou os meus peitos! Logo em seguida, ela foi para Emily e depois para Sam, que fez uma careta de dor.

Assim que entramos no salão de festa, minha boca estava boquiaberta. Estava tudo brilhante e lustroso, que eu não podia acreditar que fizeram aquele salão velho e caído aos pedaços, em um salão digno de cinco estrelas.

Enquanto estou me sentindo no céu, sinto uma mão na minha cintura, e imediatamente ergo os olhos para saber quem tinha feito o tal ato.

Blake estava sorrindo para mim. Ele era tão perfeito! Como alguém conseguia ser insanamente bonito sem fazer esforço nenhum? Blake vestia um termo parecido com Armani e o seu perfume com certeza era Marc Jacobs. Eu poderia cheirá-lo a noite inteira.

- Como conseguiu esse perfume?

- Os caçadores providenciam esse tipo de coisa, quando temos eventos como esse. – ele sussurrou. – Por quê? Você gostou? – ele se aproxima da minha orelha, próximo à curvatura do meu pescoço.

Vem, neném!

- Eu amei!

Ele deposita um beijo na minha bochecha, mas eu não consigo me conter com a sua respiração que exalava próximo ao meu rosto e que formigava em todas as partes do meu corpo. Como Blake conseguia me fazer sentir essas coisas? Era surreal!

- Você quer comer alguma coisa? – ele pergunta atencioso.

- Um champanhe cairia bem. – respondo.

Ando na frente e Blake enlaça em mim com aqueles braços enormes. Meu Deus! Seria difícil me concentrar naquela festa com aquele homem do meu lado! O pior era que eu achava que Blake sentia alguma coisa de mim. Com certeza ele gostava de mim...

Como amiga. Ele não iria gostar mais além. Ele era a segunda pessoa mais importante daquele Instituto, e um cara de um porte tão importante, não deveria sair por aí, preocupando-se com garotas que não sabem dar chutes em certas regiões, quando estão sendo atacadas por vampiros malucos.

Mas tudo deu certo no final.

Nós chegamos à mesa de bebidas e eu me servi de um champanhe, enquanto Blake tomava vinho tinto. Eu não podia acreditar que ele era o mesmo homem dos meus sonhos... Mas eu não podia confiar em ninguém naquele lugar. Eu não podia contar o meu segredo a ninguém.

Ninguém.

- Eu adorei a maneira que seu vestido ficou em você. – ele sussurrou próximo a minha orelha. Noite longa, hein, Brooke...

- Obrigada. – digo, tomando mais do que um gole daquele champanhe amargo. Sinto o liquido queimar na minha garganta.

- Eu queria tirar cada peça da sua roupa... – ele respira fundo. OK! Estamos avançando demais! Que tal um abraço de amiguinhos, colega?

- Ah... – abro a boca, mas tudo o que sai é ar.

Flerte, Brooke!

- Você, Blake? Acho que você já arrancou a peça de cada garota daqui, pelo que eu sei. – falei, agindo como uma completa imbecil. Mas, ora! Ele precisava se tocar de que eu não sou como a Emily.

Ele ficou rijo e ajusta a postura. Olho para ele e vejo que seus olhos não estavam no meu rosto, e sim no meu decote.

- Poderia ter vindo com uma roupa menos provocante...

- É da Barney's. Esse era o vestido menos provocante que eu tenho!

- É... Mas... – ele respira fundo e passa a mãos pelos cabelos negros. Sorrio.

- Vamos dançar tudo bem? Esqueça o meu vestido.

- Tudo bem. – ele sussurrou.

A música era lenta e o efeito do champanhe estava fazendo efeito. Se eu sabia como tudo isso ia parar? Não, eu não sabia. Só sabia que estava adorando dançar agarradinha com um cara bonito à beça! Blake segurava o meu quadril enquanto eu estava virada de trás me mexendo. Era uma dança ousada, eu sei, mas estava sobre os efeitos do álcool, então está tudo cool.

Eu só conseguia enxergar luzes coloridas e vários corpos suados dançando e olhando diretamente para mim e para Blake. Meu corpo já estava coberto por uma fina camada de suor e eu não estava nem aí.

Mordi o lábio ao sentir que a batida estava ficando cada vez mais pesada. Mais uma taça de champanhe cairia muitíssimo bem.


Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora