BÔNUS BLAKE- PARTE III

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A grande noite havia chegado, e Blake podia sentir suas mãos soarem com o nervosismo. Ele passou pela cozinha pequena e arejada, quando ouviu os pais discutindo:

- Eu não posso mais gastar, Melanie.

- Jaz, eu sei – disse Melanie Adams. – Mas é pra faculdade do Kyle. Ele já está a três anos esperando.

- Eu não tenho condições...

Blake sentiu um nó na garganta. Os pais pareciam cada vez mais distantes. Sua mãe havia perdido o emprego de secretário um mês atrás e as coisas se dificultaram. Blake teve que trancar a faculdade para buscar um emprego, já que Lindsen havia sumido do mapa, com suas viagens mirabolantes.

Já o seu pai, Jaz Adams, estava prestes a ser demitido da fabrica de refrigerante, onde ele trabalhou quase a vida inteira. Blake olhou para os sapatos antigos. Ele precisava arrumar um emprego imediatamente, senão, ele e sua família seriam despachados da casa.

Ele saiu de fininho, indo até o Impala 1959, que ele havia comprado num leilão. Sentiu o cheiro de gasolina e bateu no capô do carro.

Depois de dez minutos dirigindo, ele chegou à casa de Carolyn. Era um prédio alto que ficava um bairro rico e famoso. Blake se afundou no assento, arrependo-se de ter vindo. Ela tinha namorado. Ela tinha dinheiro. O que ela viu em um pobretão como ele?

- Blakewel? – ela perguntou. Usava um vestido vermelho que marcava a fina cintura e um batom escuro que marcava os lábios carnudos. Como ele podia estar saindo com ela? Blake não queria responder.

- Você está linda. Por favor, entre – ele abriu a porta do carona para ela.

- Obrigada – ela sorriu.

Ele queria dar um tapa na própria cara para deixar de ser tão idiota. Ele nem ao menos conseguia sorrir de volta, por estar embasbacado por tê-la ali, no seu carro velho.

- Você está bem?

- Claro – ele respondeu, virando-se para ir até o banco do motorista.

- Você vai gostar. Não está muito cheio hoje, já que são cantores amadores.

Blake sorriu de canto, respirou fundo e acelerou. A adrenalina estava começando a tomar conta dele, quando eles chegaram. O local era surreal.

- Por favor, dois ingressos para o show de hoje a noite.

- Dez dólares, por favor.

Carolyn colocou o braço enganchado no de Blake, que sentiu o rosto queimar. Eles estavam tão próximos que ele podia beijá-la.

- Vamos sentar lá em cima. A vista é bem melhor – ela sussurrou.

- Como quiser, madame.

- Madame? Essa é nova! – ela sorriu e ele não pode deixar de sorrir.

- Eu já disse o quanto está linda nesse vestido?

- Detalhes, Blakewel. Meros detalhes.

Blake gargalhou e a levou até escadas. Os dois subiram e chegaram aos seus lugares. Aconchegando-se nos bancos macios, a grande cortina do palco se abriu, revelando uma cena teatral. As luzes se apagaram, e logo, a música tomou conta do local.

Depois de mais ou menos dez minutos de Ópera, Blake olhou para Carolyn que chorava timidamente. Ela passou o lenço sobre o rosto e sorriu para ele.

- Desculpe-me. Eu geralmente choro nesses musicais.

Blake pensou que poderia segurar a mão dela naquele momento. Por que não? Ela parecia tão frágil e ele queria lhe dar algum apoio.

Mas foi ela quem agarrou a mão dele.

Ele olhou assustado para as mãos unidas dos dois. Seu coração batia forte e descompassado, e tudo o que ele fez foi entrelaçar seus dedos, não querendo saber a reação de Carolyn, que como responda, sorriu.

- Gosto de sua companhia, Blackwel.

Ele podia beijá-la, mesmo sabendo que seria errado. Eles estavam juntos em uma Ópera. Metades das luzes estavam apagadas, e a música os induzia a isso. Blake não queria saber se ela tinha ou não um namorado. Ele queria sentir o sabor de seus lábios nem fosse a última vez que ele a veria.

Ele se inclinou para perto do seu rosto, absorvendo o delicioso cheiro de perfume que ela usava. Carolyn não sabia o que fazer. Seu coração estivera tão confuso nas duas últimas semanas, que ela não mais o que era certo e errado. Para ela, estar com Blake naquele lugar que ela amava, era a coisa certa.

Assim que Blake sentiu o nariz dela tocar o seu, ele fez um breve carinho e foi imediatamente para a sua boca, com avidez e paixão. Por um instante, ela não soube o que fazer, mas logo decidiu tomar as rédeas. Segurou firme a nuca dele, arrastando o seu corpo para que ficasse mais próximo de si.

As mãos de Blakewel Adams acariciavam delicadamente os braços nus da jovem. Ele nunca sentira essa explosão dentro de si. Era mágico, assustador, belo e ansioso. Suas bocas dançavam ao som da música arrebatadora e só finalizaram quando as luzes se acederam, acordando-os para a crua realidade.

- Desculpe-me, Carolyn – disse Blake, aturdido. – Eu não pensei...

Carolyn colocou a mão dela sobre os lábios finos dele.

- Não se desculpe – ela sorriu. – Eu gostei.

Blake ficou paralisado. Ela havia gostado e aquilo era algo completamente errado. Ele não queria discutir relação, pois tudo entre os dois andava na perfeita maravilha. Um passo errado e, tudo iria por água abaixo.

Assim que Blake levou para casa, os dois deram um selinho. Ele a viu entrar em casa, completamente apaixonado. Seria essa a primeira e última vez que ele se apaixonaria?

Blake entrou no carro e deu partida. No meio do caminho, o combustível acaba. Ele sai do carro, frustrado.

- Ei, você! – diz uma voz grossa e fria.

Blake olha diretamente para a figura sombria a luz da lua. Era alto e um pouco forte. Segurava uma arma que estava apontada diretamente para Blakewel.

Uma súbita raiva atingiu Blake naquele exato momento. Ele tinha aprendido a lutar quando criança e se lembrava dos golpes que aprendera com seu avô.

Ele chutou a arma para longe e deu uma série de socos com força total. O homem não sabia de luta, previu Blake.

Ele não sabia que lutava tão bem assim. A arma estava estirada em um canto distante, o homem sangrava pelo nariz e respirava com dificuldade.

Tudo o que Blake fez foi correr. Ele sentia um misto de pavor crescendo no seu peito, na medida em que sentia os pés tocavam no chão molhado e escorregadio.

Ele olhou para trás. Um carro. Um carro estava o seguindo.

- Por favor, eu não fiz nada! – ele grita.

Um homem de óculos escuros desce o vidro do carro. Havia um cigarro no canto da boca. Ele sorriu diabolicamente.

- Venha comigo, garoto. Tenho um serviço para você.

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora