Capítulo vinte e quatro

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Assim que eu cheguei ao quarto de Blake, a porta de entrada estava semicerrada. Passei pela escada de ossos e abri a portinha que revelava Emily e Blake discutindo sobre alguma coisa. Respiro fundo, preparando-me para qualquer coisa que fosse acontecer.

- Eu já falei que tudo acabou, Ly. O que você ainda não entendeu?

- Você me largou para ficar com a Brooke? Ela é a garota mais vadia que eu já conheci. Não vale a pena.

- Emily, eu não quero um relacionamento. Não mais.

- Você ainda me ama, só não quer se abrir pra mim – ela jogou charme e logo em seguida, arrancou a própria blusa.

Que porra é essa?

- Não faça isso, Ly. Você vai se arrepender mais tarde – Blake a conteve. Ela parou no meio do caminho, com uma cara rabugenta.

- O único que vai se arrepender aqui é você!

Engulo em seco e saio imediatamente daquele lugar, antes que Emily me visse. Meu Deus, o que foi aquilo? Emily não conseguia superar o Blake? Justo ela? Coloquei as mãos na minha boca durante o caminho, abafando a risada.

De repente, sinto uma mão atrás de mim. Viro-me rapidamente e vejo os olhos cinza de Cameron.

- Olá! Falando sozinha? – ele perguntou com um estranhamento engraçado.

- O quê? Não!

Ele riu e enlaçou a minha cintura.

- Vi você e o Blake na festa – ele falou cuidadosamente.

Ah, cara. Iludidão!

- Que legal.

- Vocês estão juntos? – ele pergunta. Seus olhos pareciam me analisar como raio laser.

- Não – dou de ombros.

- Ah...

- E você e a Samirah? – perguntei, mordendo o lábio para não rir.

As bochechas de Cameron ficaram vermelhas instantemente. Ele desviou o olhar do meu e deu uma risada sem-graça.

- Ela é interessante – deu de ombros.

- Mais interessante do que eu? - pergunto, ainda mordendo o lábio inferior. Como é bom saber a arte da provocação!

O rosto de Cam fica inacreditavelmente mais vermelho. Segure a risada, Brooke. Segure.

- Ah... Não, claro que não – ele se aproxima de mim. Sua respiração parecia ofegante. Ah, você está na minha mão, Cameron.

- Tudo bem, então. A gente se vê mais tarde – dou um beijo no canto de sua boca e ele como se tivesse perdido todo o ar do mundo.

- Claro – ele pisca.

Os meninos são a criatura mais engraçada do mundo.

Caminho até o meu quarto novamente, rindo da minha situação. Desde quando eu sou boa em flerte? Essa é nova!

Quando eu chego ao pequeno cômodo, Samirah estava revirando as gavetas de calcinha igual a uma louca.

- Acho que perdi a minha Cosabella – ela praticamente grunhiu.

- Que péssimo perder uma calcinha de duzentos dólares – reviro os olhos.

- Eu acho que vou desistir de meninos por um tempo – ela diz. Uau, que milagre é esse?

Acho que já ouvi isso antes. 

- Eu quero muito ver isso! - desafio-a.

- Você verá amiguinha. Você verá – diz ela, colocando um conjunto tubinho básico da Chanel.

- Está se arrumando por quê?

- Quero arruinar corações.

Ela não queria desistir de meninos há um tempo atrás?

Naquele momento, a campainha do nosso quarto ressoa. Vou até a porta atender e vejo Erfieu com um buque de flores belíssimo em mãos. Franzo o cenho. Até o Erfieu?

- Olha, Erfieu, não é nada contra você, mas...

- O quê? – ele riu. – Isso é para a senhorita Samirah!

Ui!

Samirah dá um pulo mortal e praticamente voa até Erfieu. Suas mãos seguram o buque como se estivesse segurando um pedaço de ouro. Ela sorri de orelha a orelha, quando lê o pequeno bilhete em voz.

- Tu me encantaste naquela noite. A mais bela de todo o salão, conseguistes encantar o meu coração. Com amor, Derick.

- Quem é Derick? – pergunto, completamente confusa.

- Ele foi o barman da festa. Quando eu estava de porre, fui até ele e nós dois conversamos.

Eu não sabia muito bem como era a percepção de Samirah sobre conversar. Pra mim, eles subiram em cima da mesa e transaram até perderem os sentidos.

- E você gostou dele?

- Sim! – ela gritou. – Ele é muito bonito! Tem um bronzeado legal e tudo mais. Sexy.

- Uau, você achou um cara bronzeado!

- É, cara! – ela guardou as flores em um vaso e colocou o cartão sobre o lugar onde ficava seu antigo coração e suspirou teatralmente.

- Você quer algo sério com esse tal de Derick? – pergunto, acomodando-me sobre o travesseiro.

- Eu não sei – ela mordeu o lábio. – Ele é interessante e tudo mais, porém... Tenho que pensar.

- Com certeza ele deve ser melhor que o Manson e o Cameron juntos.

- Já te disse que o Cam não me interessa em nada.

Fiquei calada. Melhor não continuar aquele assunto.

Olho a minha volta. Samirah estava feliz com o novo barman. E eu estava feliz com o quê? Meus pais estavam no Tormento; o cara que eu gosto deve estar dando um amasso na menina que eu odeio e eu sou um anjo de uma linhagem extinta.

A vida estava ótima do meu lado.

A campainha toca novamente. Levanto-me completamente sem-vontade fico surpresa quando vejo que Blake estava parado na minha porta.

- Preciso falar com você.

Ops!

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora