Capítulo vinte e nove

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Minha cabeça latejava de dor e gosto metálico era marcante em meus lábios. Meus músculos estavam doloridos pela minha má posição. Percebo que estou deitada em um chão duro em um lugar infestado de ratos. Engulo em seco e ignoro o suor e o odor que saiam do meu corpo. Sinto que o pingente não queimava mais em meu pescoço.

Meu Deus, onde estou? Mais ratos passam sobre mim, e eu sinto que vou vomitar a qualquer momento. Há quanto tempo estou aqui?

Vejo com nitidez, as grades. Eu estava presa. Presa em uma jaula. Acham que eu sou um animal. Idiotas.

Ouço passos pesados indo a minha direção e logo fico ereta. O alivio toma conta de mim, quando vejo Dylan sorrindo. Ah, ótimo! Ele veio me salvar! Ele me achou!

- Dylan, tire-me daqui – digo afobada.

- O quê? – ele pergunta, sorrindo – Por que eu faria isso?

Começo a ver galáxias. Eu me sentia tão fraca que mal podia ficar de pé. Agacho-me lentamente, sentindo o calor tomar conta do meu corpo.

- Pensei que nunca fosse acordar – ele fala em voz alta.

- Do que você está falando? – pergunto, tentando me concentrar em suas divagações.

- Como se sente ? Estou te tratando muito mal? – ele se agacha e fica próximo a mim. Quero socá-lo.

Seus olhos verdes reluzem sombriamente sobre o escuro do quarto que cheirava a peixe.

- Onde eu estou? Por que estou presa?

- Você é minha propriedade agora.

- Vá se ferrar. Eu não sou propriedade de ninguém!

- Raivosa linda. – ele manda um beijo pelo ar. Cuspo no seu rosto e ele olha para mim, completamente incrédulo com o meu ato. Pervertido.

- Você é louco.

Ele é louco. Ele.

- Agora que você percebeu isso, meu bem? Eu sempre fui louco por você.

- Sabe que eu não estou falando disso, não sabe?

Ele sorriu e se sentou na poltrona velha que estava a minha frente.

- Foi tão fácil – ele sorri.

- O quê foi fácil?

- Te enganar, docinho. Foi como tirar doce de um bebê – ele revira os olhos, ainda sorrindo. – Foi como tirar Blake e Samirah da Brooke. Fácil!

Aquilo soou como um chute no meu estômago. Samirah... Blake... Aquilo tudo fora real. Não foi um pesadelo como todos os outros.

Vomito sobre os ratos que queria se aninhar em mim. Eu queria gritar, mas minha voz parecia ter sido sugada. O que eu tinha?

- Do que você está falando? – esforço-me para perguntar.

- Do jeito em que enganei vocês três.

- Como assim? – eu me sentia zonza. Por que Dylan estava girando? Aquele canalha filho da mãe.

- Ah! Está a fim de ouvir uma história, meu amor?

Não respondo.

- Vou lhe contar. Sou um mediador desde que me conheço por gente. Sempre falei com fantasmas de todos os tipos, e sempre os guiava para seus respectivos lugares, porém, eu estava cansado de viver de assim – ele disse com amargura. – Minha vida era medíocre naquela fazenda no interior de Nashville.

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora