Capítulo quatro

5.6K 631 251
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Eu não sabia se ele estava de gozação com a minha cara, mas por intuito, comecei a rir. Que piada patética, faça-me o favor!O homem me observa ainda com um olhar sério no rosto e assim que eu termino de rir, ele agarra o meu pulso com força. Um misto de emoções passa como um vulto sobre o meu rosto.

- Não ouse duvidar de mim, Brooke Willians, ou vai se arrepender - ele fez uma pausa e riu cruelmente. - Irá queimar como o seu tio.

Meu peito ficou apertado. Ele não podia estar falando sério. Como ele conseguia rir em uma situação dessas? Eu estava morta, mas por que eu me sentia viva? Era algo complexo para a minha mente pequena absorver. Nada daquilo fazia sentido. Nada.

- Tem alguma câmera escondida por aqui - falei. -  Eu sei disso! – caí na risada. Esse homem me assustava, mas eu não podia me dar ao luxo de acreditar em suas palavras. Sabia que naquele exato momento, estava sendo vitima de uma piadinha cruel de mau gosto. Rezei para que não virasse algo viral no YouTube.

Seu rosto transformou por completo com um ódio intenso que parecia me afogar.

- Você continua rindo, garota? Será que não aprende? – ele diz apertando o meu braço com mais força. Faço uma careta de dor e ele resolve afrouxar. Seu olhar se suaviza sobre o meu.

- Por que eu deveria acreditar em você? - pergunto séria. Queria sair dali o mais rápido possível. Queria achar o meu tio e correr para me livrar daquele homem.

- Por que eu estou dizendo a verdade – seus olhos mudavam de cores a cada mudança de humor. Se ele não fosse tão raivoso, eu o chamaria de pisca-pisca.

Respiro fundo. Não estava sendo saudável bater papo com esse homem. Então, tudo se encaixa na minha cabeça. Ponho a mão próximo ao meu peito e não sinto o meu coração. Eu deveria senti-lo.

- Eu sou apenas uma alma? – pergunto, sentando-me na cama. Sentia que tudo estava rodando, como se fosse desmaiar a qualquer momento. Eu estava realmente morta.

- Um corpo vazio que logo vai sair da minha frente. – ele diz rispidamente. 

- Quem era ela?

- O quê?

- A mulher que provocou a minha morte? - pergunto com a voz embargada. Eu exigia saber quem era.

- Eu só sou o responsável pelo encaminhamento das pessoas. - ela diz, simplesmente. Por que ele precisava ser assim, tão frio?

Assinto. Meu olhar estava cravado no chão. Como a minha avó deveria estar reagindo agora? Será que eu encontraria os meus pais? Eu queria abraça-los e dizer ''eu te amo'' para eles, por todas as vezes que pensei em dizer, e não disse.

- Onde estão os meus pais?- pergunto levantando-me abruptamente da cama. A esperança estava quente para mim.

Ele franze o cenho e balança a cabeça em negação.

- Não sei - dá de ombros.

- Por que não me responde? - eu estava prestes a chorar, mas não podia deixar que ele visse. Parecia uma garota fraca e covarde que queria correr do mundo.

- Por que eu não sei responder as suas perguntas, garotinha impertinente.

- Garotinha? Quantos anos você acha que eu tenho? Dez? – cruzo os braços e bato os pés no chão. Eu estava mesmo agindo como uma criança, mas eu não estava nem aí. O que ele estava fazendo não era nada justo.

- Sim, com certeza. Essa atitude é muito plausível para uma criança de dez - ele me analisa.

De repente, a porta se abre e um esqueleto com smoking aparece. Solto um grito fino e esganiçado. O esqueleto leva um susto e cai para trás, fazendo com que seu braço se desloque do corpo. Meu Deus, o que era aquilo?

- Mil perdões, Blake. – disse o esqueleto. Sua voz era tão fina que irritava.

- Não me chame de Blake! – a Morte gritou. Ah! Então o seu nome era Blake. Um segredo desvendado!

- De-desculpe, Morte. Vim trazer a limonada da menina – o esqueleto pareceu perdido. Olhou para mim, assustado. Suas mãos ossudas tremiam. Senti pena dele.

- Ei, desculpe. Não estou acostumada a ver esqueletos todos os dias – sorrio amarelo. Pego a limonada e vejo que está muito azeda. - Arg!

- O que foi? – o esqueleto pergunta ainda assustado.

- Está muito bom – digo na tentativa de tranquiliza-lo. - Só um pouco azedo.

- É melhor eu te levar para o seu quarto – ele diz, encarando Morte.

Quarto? Que quarto?

- Quarto?

- Claro! Onde você pensa que está? - Blake pergunta. Já estava com o capuz cobrindo o rosto esculpido.

- Purgatório? - pergunto, duvidosa. Não dava para confiar em ninguém naquele lugar.

- Não. Bem vinda ao Instituto dos Mortos, Brooke Williams. Você está no Submundo.

---

Perdoem a demora. Deixem seus comentários e votos para me ajudarem com o andamento do livro. Beijos.

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora