Capítulo dez

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O meu primeiro intuito era correr. Correr até ele e exigir explicações. Eu sempre tentei proteger Dylan, mesmo que fosse inútil. Ele era o meu melhor amigo, antes mesmo de começarmos a namorar. Lembro-me perfeitamente de cada detalhe sobre ele. A maneira esdrúxula de se vestir e a voz ao cantar.

Assim que os meus olhos pairam sobre ele, vejo o quão tímido e assustado ele estava. Quem eram aquelas pessoas com quem Dylan estava se envolvendo? Eu nunca os vi na minha vida. Por que Dylan morreu? Entre todos, por que justo ele? Ele não merecia isso.

Talvez, ninguém merecesse.

Ao me levantar, sinto as mãos geladas de Samirah, puxando-me para o assento. Não, eu não queria sentar. Eu queria abraçar Dylan. Queria avisá-lo sobre a nossa única esperança para a vida. Não queria assustá-lo.

Mas será que ele se assustaria quando me visse?

Engoli em seco e me sentei novamente. Meus olhos estavam marejados por raiva.

- Você está bem? – Cameron pergunta visivelmente preocupado.

- Nunca estive melhor – minto.

Os jovens começam a andar pela sala de jantar e eu não consigo desviar o meu olhar de Dylan. Seus olhos piscavam como se tentasse adivinhar o lugar que havia parado.

Até que seu olhar se encontra com o meu e vejo o choque se colidir.

Ele fica petrificado, sem fala, quando me vê. Eu precisava ir até ele agora.

E foi o que eu fiz.

Eu corri até ele e o abracei com força. Seu corpo relaxou segundo depois e logo uma lembrança tomou a minha mente.

- Então, já contou a ela? – perguntei ansiosa.

Dylan ajeitou os óculos e sorriu.

- Não acho que ela goste de mim – ele respondeu, tímido.

- Não tem como não gostar de você.

Ele pisca. Seus olhos verdes se chocam com o meu e é ai que percebo que estamos próximos demais. Dylan encosta a sua testa na minha a eu sinto o meu coração bater forte e um choque fraco ultrapassa o meu corpo assim que ele toca o meu pulso coberto por uma pulseira velha.

- Ela não percebe – ele riu. – Ou talvez, ela perceba agora.

Ele me beija. O meu primeiro beijo. Era um toque suave que fez o meu coração dar um salto. Ele era tão perfeito e aquela tarde ensolarada foi a mais perfeita da minha vida, que fez com que todas as noites eu fosse para cama sorrindo, sabendo que ele me amava.

Assim que nossas bocas se desencostam, percebo que ele estava mais vermelho que o normal, realçando as suas sardas. Entrelaço a sua mão com a minha e esboço um sorriso. Ele sorri, ao ver que a minha reação foi positiva e voltamos a olhar o Sol, que estava partindo.

A lembrança se esvai, deixando-me a realidade para mim. A crua realidade.

- Como... Eu não acredito – ele diz encabulado. Abraço-o mais forte. Provavelmente, todos a nossa volta, estavam nos encarando.

- Eu te amo – deixo escapar. Eu realmente o amava, mas era um sentimento diferente de antes. Não, eu não queria pensar nisso. No nosso relacionamento. Minha vida já estava complicada demais.

- Eu te amo muito. O que aconteceu com você, Brooke? – ele pergunta. Vejo que seus olhos estavam inundados de lágrimas não derramadas.

- Venha.

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora