BÔNUS BLAKE - PARTE II

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Blake ligou. Ela ligou. Os dois conversavam a maior parte do tempo e ele estava feliz com a amizade que nasceu entre os dois. Carolyn era uma garota que fazia o assunto fluir, e não empacava até certo ponto. Ele nunca se enjoava de ouvir a voz sonolenta dela de manhã, e ela adorava quando ele recitava algum poema.

- Mas eu disse que aquela viagem era um desperdício de dinheiro. – ela falou. Blake poderia a sentir revirando os olhos. Sorriu com o pensamento.

- Então você vai ficar? – ele mordeu o lábio ansioso.

- Vou – ela fez uma pausa. – Vai estar ocupado essa noite?

- Ah... Não, claro que não. Eu preciso desligar.

- Até mais tarde, então.

Blake desligou o telefone e saiu de casa, avoado. Avistou um táxi parado próximo a casa dele e logo fez sinal. Ele se sentia nervoso, carregando uma enorme mala, que o fazia ser ainda mais desengonçado. O carro estava apertado, o que fez com que ele se sentisse mais atrapalhado ainda. Ele se sentou na janela, ao lado de uma senhora gordinha que cheirava a cigarro e do outro lado, uma criança berrante que lambia um pirulito avidamente.

- Onde vai ficar, menino? – perguntou o taxista.

- Ah... Na Rua Fox, por favor – respondeu ele.

Não demorou muito para que ele chegasse à Rua Fox. Blake saiu apressadamente do carro, sentindo que as pernas estavam bambas devido ao nervosismo. Ele se equilibrou na calçada, olhando a placa de advocacia.

Ajeitou a gravata vermelha que pegara emprestado do pai e ergueu os olhos castanhos para o céu e adentrou o local.

Durante a entrevista, Blake ficara tão animado que sorriu demais para a entrevistadora- uma velha de cinqüenta e cinco anos -, que claramente achou que ele estava dando mole para ela. Ah, meu Deus!

- Você teve sorte! – um garoto baixinho lhe socou o braço. Blake levou um susto com a proximidade sucinta.

- Ah... Eu com certeza não ganhei a vaga.

- Com esse sorriso de Tom Cruise que você tem, tenho certeza que ganhou – ele disse, colocando um charuto na boca.

Blake ergueu as sobrancelhas. Queria sair dali o mais rápido possível.

- Obrigado, eu acho. T-tenho que ir – falou, desejando não ter gaguejado.

- Tchau, bonitão!

Blake mordeu o lábio, andando o mais rápido que pode até o próximo taxi.

Na semana seguinte, Blake recebeu uma ligação dizendo que não foi aprovado na entrevista, por não ter qualificação aceitável.

- Eu não acredito que não consegui – ele desabafou pela milésima vez, para o seu irmão mais novo, Kyle.

- Ah, Blake! O que aconteceu? Você era a medalha de ouro da família. – ele falou, folheando as revistas do Deadpool.

- Acho que perdi esse posto para a Lindsen – Blake disse, tirando os sapatos e se deitando por inteiro na cama.

Lindsen era a irmã mais velha e também a mais autoconfiante e inteligente. Além de ela ter uma incrível beleza estonteante, ela não havia arrumado um namorado, pois ela achava que homens só atrapalhariam a vida de corre e corre dela. Bem, ninguém da família de Blake tinha um parceiro ou parceira, o que deixava a Sra. Adams, um pouco aflita.

- Não acho que esteja certo. – Kyle opinou. Os cabelos pretos estavam caindo até os ombros e as sobrancelhas unidas. Ele sempre foi o queridinho de Blake e a mascote da família Adams. – Uma moça ligou hoje. Tinha uma voz bonita.

- Qual era o nome dela? – Blake se sentou imediatamente ereto.

- Carolina, eu acho...

- Carolyn ligou? Ah, meu Deus! Preciso ligar para ela agora! – Blake se levantou.

- Você está saindo com uma menina de verdade? – Kyle perguntou, parando de ler imediatamente.

- Cale a boca, Kyle!

- Desculpa, mas eu estou impressionado. Tipo, geralmente você sai com as garotas naquelas baladas da vida e nunca volta com uma para casa. Você ainda é virgem?

Blake corou. Ele infelizmente ainda era virgem.

O problema de Blakewel Adams McHill era que ele sempre foi certinho demais. Foi criado com uma boa educação dos pais em uma boa escola local. A primeira vez que ele saiu com uma garota, foi no baile de formatura e ele tinha dezoito anos na época. Não era uma lembrança muito boa.

No geral, ele saia com as mulheres, desde que elas estivessem bêbadas os bastante para aceitarem dançar com ele. Isso era um segredo que ele guardava a sete chaves.

Blake se olhou no espelho, visualizando a barba rala sobre o queijo, os olhos esbugalhados e o corpo magro e esguio. Ele precisava fazer exercícios.

- Acho que vou correr de manhã – ele diz, indo em direção ao telefone. Ele girou com o dedo, e os números foram aparecendo. Blake estava mais que ansioso.

- Alô – disse Carolyn, do outro lado da linha.

- Oi, Carolyn. Você me ligou...

- Ah, eu queria que a gente saísse, já que semana passada não deu. Poderíamos ir a Ópera.

- Claro. Com certeza. Vamos sim – ele falou rapidamente.

- Ótimo! Vou te passar meu endereço.

- Perfeito.

Blake anotou o endereço rapidamente. Ele estava tão feliz que mal poderia descrever o que estava sentindo. Uma mistura de êxtase com ansiedade.

- Vou para a Ópera! – ele praticamente gritou para Kyle.

- Você está feliz por que vai a Ópera? Como você é chato.

- É com a Carolyn! Ah, se você a conhecesse... Ela é linda...

- Idiota. – Kyle revirou os olhos e voltou a ler a revista.

Blake não ligou se ele estava agindo como um idiota. Ele iria ter um encontro naquela noite, com a garota pela qual ele estava apaixonado.

Nada iria impedi-lo.

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora