Capítulo onze

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Voltei para o meu quarto e a primeira coisa que eu senti foi uma pontada de decepção. Decepção comigo mesmo por complicar tudo a minha volta. Decepção por sempre fazer as escolhas erradas, tragando-me um terrível destino pela qual estou aprisionada.

Eu sabia que teria o dia livre, já que as aulas iriam começar só amanhã. Fico imaginando... Como a aula de hoje foi um teste realmente idiota, como seria as próximas aulas. Rio com o pensamento e me sento na cama, exausta. A imagem de Dylan indo embora por aquela porta... As pessoas com que ele se envolveu. Eu vi aqueles jovens. Podiam ser menores de idade, mas com certeza usavam drogas ou coisa parecida.

Meu Deus, onde Dylan foi se meter? Ele nunca foi dessas coisas. Acho que erramos com as pessoas, às vezes. Talvez, eu tenha errado com Dylan, ou ele errou comigo. Nosso relacionamento nos levou a destruição. A sua destruição eminente.

Fecho os olhos, nem que fosse por um segundo. Eu precisava relaxar, pois desde que cheguei aqui, tudo tem sido bastante estressante. Lembro-me de imediato da festa de Cameron. Bom, talvez ele me faça esquecer tudo por uma noite. Estou morta, mas ainda sou bonita e adolescente. Talvez eu fique assim para sempre, não sei. Não faço ideia do meu futuro.

Isso se eu tiver um.

Deito na cama e fico olhando para o teto durante alguns segundos, até que eu acabo ficando cansada. Comemorei por dentro. A festa de Cameron iria ser depois da meia noite e Samirah não estava aqui para ficar tagarelando sobre Manson.

Envolve-me em uma coberta macia que parecia me abraçar. Aconchego-me ao travesseiro e fecho os olhos, sonhando logo em seguida.

No sonho, eu estava numa rua escura e era noite. Usava jeans e uma camiseta de alguma banda de rock. Meu corpo estava molhado pela água da chuva. Estava frio e eu podia sentir aquilo como se fosse mesmo real. Como se meu corpo tivesse se transportado a outro lugar. A sensação era tão verdadeira que me assustava.

Eu nunca havia visto aquele lugar. Minha respiração começa a ficar descontrolada. Eu não havia corrido, então, por que eu estava ofegante? Foi ai que eu percebi que não estava molhada por conta de uma chuva e sim, por causa do suor que parecia cravado na minha pele. Meus cabelos estavam grudados no meu rosto e eu senti que a minha boca estava seca.

- Você! – disse uma voz. Espera! Eu conhecia aquela voz.

Olho para todos os lados, abraçando o meu corpo como se aquilo pudesse me proteger. Eu estava completamente vulnerável naquele lugar. Não possuía nenhuma arma em mãos e não tinha ideia sobre lutas.

- Quem está ai? – perguntei. Minha voz saiu como um sussurro.

Um vulto passa sobre mim e eu me aperto mais ainda. Alguém estava tentando me atacar, isso era visível. Mas por que não dava as caras?

- Você vai morrer em breve. Sua alma irá para o Tormento.

- Minha alma? Eu já perdi a minha alma!

- Você perdeu a sua Essência.

- Essência? O que é Essência? – pergunto, trêmula.

Tão real.

De repente, Blake aparece na minha frente. Ah, graças a Deus, Blake estava aqui. Eu quase corri para abraçá-lo, mas algo impediu os meus pés de ir além. Os olhos dele estavam completamente negros, sem nenhuma parte branca.

O que ele era?

Sinto as batidas do meu coração. As batidas! Eram tão verdadeiras! Como podia? Olho novamente para Blake. Ele trajava uma jaqueta de couro e uma camiseta que parecia ser regata por baixo. Ela estava suja de sangue. Muito sangue. Os cabelos impecáveis estavam grudados na testa assim como os meus. Seu rosto era uma pedra de gelo fino.

Beijada pela Morte | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora