Capítulo 1

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Thay narrando:

Acordei com o despertador berrando no meu ouvido, já eram 05h40. Percebi que minha mãe já tinha saído para trabalhar. Então levantei, fui ao banheiro fazer minha necessidades, e tomar um banho rápido. Saí com uma toalha enrolada ao corpo, e outra na cabeça. Passei hidratante corporal, pentiei os cabelos. Fui no meu guarda roupa e peguei a blusa da escola, uma calça jeans clara, e um conjunto de calcinha e sutiã. Me vesti rápido, peguei minha bolsa, fechei a porta de casa e saí indo em direção ao ponto. Pois a escola que eu frequento ficava um pouco longe do Morro.

Desci correndo o Morro, indo para o ponto. Não queria perder o ônibus, senão iria chegar atrasada na aula. Quando encontro Mirella, que também esperava o ônibus. Estudavamos na mesma escola, e por coincidência, na mesma sala.

— Oi amiga. – falei ofegante, me aproximando dela.

— Tava correndo em uma maratona? – falou me analisando, e depois riu.

— Ah claro, olha minha cara de atleta. – falei revirando os olhos.

Passou uns 5 minutos, o ônibus passou. Entramos, e se sentamos lá no fundo, fomos o caminho todo rindo e conversando coisas aleatórias.

Chegamos na escola, e fomos direto para a sala. As aulas eram super entediantes, parecia que as horas não passavam. Só queria chegar em casa, deitar e dormir até entrar em coma.

O sinal do intervalo bateu, e fomos para o pátio. Mirella foi para a cantina comprar um lanche, e eu fui em direção a fila da merenda, pois não tinha dinheiro nem para comprar uma bala.

Já não aguentava mais ter que ficar olhando a cara daquelas garotas nojentas da escola. Graças a Deus hoje era sexta feira.

Bateu o sinal da saída, eu e Mirella pegamos o ônibus, e voltamos para o Morro. Me despedi dela, e depois fui indo em direção a minha casa. 
Como de costume o sol estava fervendo, subi a ladeira quase morrendo.
Quando chego na rua de casa, dou de cara com Juninho, Kauê e outros caras sentados perto de um beco fumando, entre esses caras também estava o dono do Morro, que era o capeta em forma de pessoa, sentia calafrios só de ver aquele cara. Passei rápida, para que não me notassem, mas alguém me grita.

— Thay? – me gritou, e veio se aproximando.

Me virei rapidamente, e dou de cara com Juninho, namorado de Mirella.

— Eai Júnior. – dei um sorriso.

— Então, queria pedir pra tu ficar de olho no Enzo hoje de novo, tem como? – falou coçando o queixo, e depois deu um sorriso de lado.

— Já sei, vão pro baile? – ri, e coloquei as mãos na cintura.

— É. – falou sem jeito. — Desculpa Thay, ficar te incomodando e tal, mas... – interrompi ele.

— Para né, cê sabe que eu adoro o Enzo. Até parece que ele e incômodo, pode levar ele lá em casa, vou ficar esperando. – falei dando um tapinha no ombro dele, e dei as costas.

— Pode pá, valeu memo. – falou alto.

Entrei para dentro de casa apressada, estava super cansada, morrendo de fome, e toda suada. Cheguei já jogando a bolsa num canto, e logo depois me joguei no sofá. Tirei a blusa da escola, e fiquei só de sutiã mesmo. Fui na cozinha ver o que tinha para comer, sabia que não teria nada pois as coisas aqui em casa então de mal a pior. Mamãe trabalha como empregada doméstica, não tem um salário muito bom, e fica o dia todo fora, só a vejo pela noite. Nossa vida é um pouco difícil, somos bem humildes, mas não me envergonho disso.

Abro as panelas que estavam no fogão, e vejo um pouco de macarrão com salsinha. Esquento, e depois coloco num prato. Como não tinha suco ou refrigerante, era água mesmo, e dando graças a Deus. Coloco a água em um copo, e bebo de uma vez só. Recolho as coisas sujas, e coloco na pia.
Enquanto mamãe está fora, sempre dou uma ajeitada na casa, era uma forma de poder ajuda-lá. Lavei a louça, passei pano no piso, arrumei o quarto, arrumei a sala, e depois fui para o banho.

Coloquei um short jeans um pouco desfiado num tom escuro, uma blusa tomara que caia azul. Passei meu perfume Egeo, arrumei meu cabelo fazendo um coque, peguei meu celular e fui para sala, esperando o Enzo.

Sonhos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora