Thay narrando:
O portão estava aberto então entrei sem convites, fui caminhando por aquele quintal meio estreito, mas cheio de flores e diversas plantas. A porta estava encostada, emburrei-á sem fazer muito barulho e entrei na casa.
Estava tudo tão quieto, tão calmo. Fui para a sala, na esperança de encontra-lá ali, assistindo aquelas novelas antigas e comentando tudo o que ia acontecer, mas ela não estava. Aonde será que mamãe está? Meu coração bateu acelerado, quando cheguei o portão estava aberto e a porta encostada, será que aconteceu algo de novo? Dispensei aqueles pensamentos negativos de minha mente, e segui o nosso quarto.
As batidas aceleradas de meu coração foram diminuindo após vê-lá sentada sobre sua cama, com uma bíblia em suas mãos e lendo atentamente. Me encostei na porta e fiquei lhe fitando de longe, sem dizer uma única palavra.
Depois de 3 minutos ali, só observando, e tomei coragem;
— Mãe? – sussurro ainda lhe olhando.
Assim que ouve minha voz, ela se vira rapidamente e me olha assustada.
— Eu sei que a senhora não quer me ver nem pintada de ouro, e também sei que daqui 5 segundos vai jogar na minha cara que eu sou a culpada por tudo isso, mas eu precisava vir, precisava saber como você esta. – Fui me aproximando lentamente, e com olhos lagrimejando. — Mãe, me desculpa por te decepcionar dessa maneira, eu errei e me arrependo amargamente por tudo, eu só fiz o que fiz por isso. – digo me sentando na beira da cama, e lhe entregando uma sacola de remédios, no qual comprei antes de vir pra cá.
Ela pegou a sacola de minhas mãos e retirou remédio por remédio, colocando sobre a cama, logo depois me olhou e pude ver as lágrimas escorrendo de seu rosto.
— A maior culpada nessa história sou eu, que não soubesse administrar tudo isso. – Tentei interrompe-lá, mas ela continuou. — Minutos antes de você aparecer por aquela porta, eu estava aqui orando e pedindo á Deus pela sua proteção, e que um dia você pudesse me perdoar por isso. – disse colocando as mãos no rosto e chorando desesperadamente.
A pior coisa da vida e ver sua mãe doente ou chorando, senti como se tivesse levado uma facada no coração, aquilo me doía demais. Pulei em cima dela e á envolvi em um abraço apertado e cheio de saudade.
Chorei horrores, pedi desculpas inúmeras vezes, abracei e beijei minha mãe como se fosse a última coisa. Apesar dos vacilos, eu amava aquela mulher mais do que eu mesma me amo.
Ficamos a tarde toda conversando e tentando nos entender, ela já tinha me perdoado e disse que queria que eu voltasse para a casa. Eu assenti, mas expliquei que ainda teria um caso com LC, pois ser ''amante'' de bandido e como fazer um pacto com o capeta, a partir do momento que você diz ''sim'', você não tem mais volta.
Ela não concordava com a ideia, mas teve que aceitar pois era minha vida que está em jogo.
O dinheiro que sobrou dos remédios, peguei e fui ao mercado aqui perto fazer algumas compras, o armário de casa estava completamente vazio e não tinha nada para comer.
Quando estava voltando para casa com diversas sacolas na mão, encontro Luana no caminho, ela veio se aproximando de mim dando passos tão rápidos, que pensei até que iria me atropelar.
— Então é pro LC que tu ta dando essa ppk larga, né? – me indagou arqueando uma das sobrancelhas e parando bem na minha frente de braços cruzados.
Era só o que me faltava agora...
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Sonhos Perdidos
Teen Fiction"O ódio e o amor, caminham lado a lado." Esta frase se encaixa perfeitamente nessa história. De um lado, uma garota humilde, da favela da Rocinha, que sonha apenas em ter uma vida melhor. Do outro, o dono de tudo ali, frio e calculista, essas são s...