Capítulo 16

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— Que saudade minha morena gostosa. – falou me abraçando e dando um sorriso enorme.

Era Luana, uma amiga de infância minha e de Mirella. Nós três vivíamos grudadas, subindo e descendo o Morro, brincando e aprontando sempre. Luana era a mais velha de nós, porém a mais sem juízo. Ela perdeu sua mãe muito nova, e morava com seu pai aqui no Morro, mas três anos atrás, seu pai também acabou falecendo de um ataque cardíaco, e Luana foi embora morar com sua avó por parte de pai em Minas Gerais.

— Miga sua louca, não acredito que é você. – gritei, e dei um abraço bem forte nela.

— Nem eu acredito que estou de volta. – riu soltando de mim.

— Tu continua linda hein, viada. – falei analisando ela, e batendo palmas.

— Para tudo, olha esse corpo. – colocou as mãos na cintura e ficou me analisando. — Thayane de Deus, tu tá dando pra quem minha filha? Quando eu saí daqui, tu era uma tábua ainda. – falou colocando as mãos na boca, como se estivesse impressionada, e eu revirei os olhos.

Luana é muito bonita e atraente, tem os olhos cor de mel, seus cabelos são longos e ruivos, tem bastante corpo e chama atenção por onde passa.
Sempre foi a mais doidinha e divertida de nos três. Uma garota com um coração enorme, e uma força inacreditável. Perdeu toda sua família, mas mesmo assim ainda se manteve em pé. Sentia inveja dessa força, desse jeito que ela enfrentava as coisas, com a cabeça sempre erguida e sem temer nada.
Quando mais nova, ela era louca por Kauê. Eles ainda deram uns pegas, mas nada tão sério.

— E você, como anda? – falei dando um gole na bebida.

— Com as pernas né, querida. – riu, tirando do bolso um maço de cigarro, enquanto eu revirava os olhos.

— Tu não muda né? Só piora. – ri, balançando a cabeça negativamente.

— Tomei jeito na vida mona, consegui sair da 8° série. – deu uma risada meia escandalosa, e acendeu seu cigarro logo dando uma tragada.

— Mais e ai, voltou por quê? Saudades não é. – dei um riso fraco, e encarei ela.

— Ta doida é? Lá não era vida pra mim não, tudo muito parado, Deus me livre. – falou dando umas tragadas no cigarro. — Eu gosto e do estrago, de ir pros bailes beber até não aguentar mais, de dar um pião de moto na quebrada, com os cabelos tudo ao vento. Tava com mo saudade daqui, de verdade. – falou soltando o ar e observando as pessoas dançando.

— E do Kauê, ta com saudades também? – falei dando um gole na bebida, e encarando ela.

— Nossa nem me fale, não vejo a hora de ver meu boy magia e tirar o atraso. – falou dando um sorriso malicioso.

— Me poupe Luana. – falei revirando os olhos.

Ela deu de ombros, e começou a rir da minha cara. Estava tocando Turma do Pagode Lacinho, começamos a dançar e cantar juntas.

Você sempre quis alguém que pudesse te fazer feliz, é esse alguém sou eu. – cantarolei enquanto dançava com o copo na mão.

Namora mais adora um proibido... – cantalorou gritando, dançando e fumando ao mesmo tempo.

Ficamos naquela vibe, bebendo e curtindo aquele pagodinho. Até que meu celular começa a vibrar, tinha até esquecido do demônio do LC. Nem reparei se ele estava aqui, acredita? Mas foda-se, ele não faz diferença.

Mensagem

Privado: Larga a ruiva aí e vem pra minha casa agora!

Thay: Ok.

Avisei para Luana que ia dar uma saidinha, mas que não me esperasse, pois eu não voltaria. Ela já me lançou um olhar malicioso, e começou a jogar piadinhas sobre, mas ignorei. Logo Kauê apareceu e veio em nossa direção, não esperei ele nem se aproximar e saí rápida, deixando os dois sozinhos. Afinal, os dois tem muita coisa para "conversar" ainda, se é que me entendem.

Sonhos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora