Capítulo 17

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Bebi o resto da bebida que ainda tinha, e joguei o copo no lixo. O desgraçado morava na parte mais alta do Morro, teria que subir uma duas ladeiras até chegar a sua casa. O tempo estava mudando, e do nada começou a ventar muito. Abracei meus braços, e fui subindo aquela ladeira quase morrendo.

Fui me aproximando da casa, e fiquei observando pela parte de fora. Tomei coragem, e fui indo em direção a porta. Estava com as luzes apagadas, e um silêncio absoluto, como se não tivesse ninguém.
Fui colocando minhas mãos na maçaneta da porta para abrir, mas sinto ela sendo já aberta por alguém.

— Tava aonde vagabunda? – falou abrindo a porta, e olhando para baixo.

Eu tomei um baita de um susto, levei as mãos ao coração, e pude senti-ló bater acelerado, enquanto meu corpo todo tremia.

— Eu to falando com você, caralho. – falou me puxando para dentro da casa pelos os cabelos.

— Eu já estava vindo LC. – falei com a voz trêmula, pois estava muito nervosa.

— Cala a boca porra, não quero saber. – gritou, me dando um tapa no rosto tão forte que cambalei para o lado e acabei caindo no chão.

Ele me pegou pelo pescoço, fazendo assim eu olhar para seu rosto. Ele estava com um cheiro de álcool misturado com cigarro. A casa está totalmente escura, mas estávamos próximos de uma das janelas da casa dele, e a iluminação da rua fixou bem em nós. E através dela pude olhar perfeitamente seu rosto, seus olhos estavam arregalados e super vermelhos, como se tivesse cheirado pó.

— Tu não vacila comigo não Thayane, senão eu te mato igual as outras, e da pior forma possível ainda. – falou nervoso, foi me arrastando pelo braço, e indo em direção ao quarto.

Ele abriu a porta, e me jogou no chão com tanta força que acabei batendo a cabeça sobre o piso. Ele tirou sua blusa e sua calça, ficando somente de cueca box. Coloquei a mão aonde tinha batido, e percebi que tinha machucado um pouco.
Derepente meu celular começou a vibrar, pensei seriamente em pegar para ver o que era, mas fiquei com medo de LC jogar ele na minha cara ou fazer eu engolir.

LC percebeu e veio se aproximando de mim como um cachorro raivoso, pegou o celular do meu bolso com brutalidade e jogou na parede, que quebrou na hora.
Logo depois me puxou pelos cabelos e me jogou em cima da cama, e veio por cima de mim. Rasgou com as mãos o cropped que eu estava vestindo, e tirou meu short e minha calcinha de uma vez só. Eu estava mais nervosa do que de manhã, pois agora ele está drogado, está fora de si, tenho medo que me mate.

Ele tirou sua cueca, pegou na minha cintura com suas mãos grandes, me fazendo virar e me colocou de quatro sobre a cama. Fechei os olhos, e pude sentir seu membro entrando em mim. Era um pouco grande, mas bastante grosso, o que era o suficiente para me machucar muito. Ele fazia um vai e vem cada vez mais rápido e com força, me fazendo derramar diversas lágrimas. Me virava, e me fazia ficar em várias posições, me dava tapas e socos no rosto e nas costas, distribuiu de versos chupões em minha barriga, e na minha bunda.

Depois de se sentir satisfeito, saiu de cima de mim e foi tomar um banho. Enquanto à mim, me deixou na cama, com o lençol manchado de sangue, o meu sangue. Me sento no canto da cama, abraço minhas pernas e abaixo a cabeça, fico encolhida ali, e me desabo a chorar. Chorava pela a dor que estava sentindo naquele momento, pelo o nojo e desprezo que mamãe sentia por mim, e também, pelo ódio que sinto de mim mesma. Por que eu fui querer isso para a minha vida, por que?

Depois de um longo tempo, escuto a porta do banheiro sendo aberta. Mas continuo de cabeça baixa, chorando em silêncio.

— Tu tá chorando por que vagabunda? – falou alto.

Levantei a cabeça ainda com lágrimas no rosto, e pude vê-ló com uma cinta nas mãos. Não, ele não vai fazer isso comigo.

— Agora tu vai chorar com vontade, sua piranha desgraçada. – falou se aproximando de mim, e me acertando com a cinta.

— Para LC, por favor, pelo o amor de Deus. – eu gritava, chorava, implorava para ele parar.

— Isso é pra tu aprender, se vai chorar, chora com vontade! – falou me acertando mais uma vez com a cinta.

Quanto mais eu pedia, mas ele me batia. Sim, ele estava me batendo de cinta sem motivo algum.
Eu tentava correr, mas ele era mais rápido e mais forte.

Mirella narrando:

Hoje me dia foi bem cansativo, pois mamãe não estava aqui para me ajudar. Ela arrumou um namoradinho no asfalto e não para mais em casa.
Além de cuidar de Enzo, tinha que cuidar da casa, pois não é nada fácil morar com três homenzinhos bagunceiros.

Thayane me chamou para ir com ela no pagofunk, confesso que fiquei balançada com a ideia, queria ir, podia até chamar uma babá pro Enzo. Mas o moleque tava tão ligado no 220, que ia dar dó da moça. Então resolvi ficar, e domar a ferinha.

Kauê e Juninho tinham saído cedo, certeza que já estavam no pagofunk.
Não sou de ficar no pé do Júnior, temos confiança um no outro, e ele nunca me deu motivo para desconfiança, então deixava sim, ele ir para os bailes sozinho.

Eram 21h quando o telefone de casa começa a tocar, Enzo tinha acabado de dormir, então atendi apressada para não acorda-ló.

Ligação

— O que qui foi Júnior? Tu não tem casa não caralho, teu fi... – me interrompe.

— Alô, Mirella? Não é o Júnior não, querida. – deu um riso fraco.

Era a voz de uma mulher, deve ser as putas do Kauê, já falei pra esse moleque parar de passar o nosso número para essas quenga daqui.

— Quem é então? – falei seca.

— Não sei se você me conhece mas eu sou a Dona Ana, vizinha de Thayane. Estou procurando ela, mas não sei aonde ela possa estar, você sabe? Liguei nesse número pois conheço sua mãe, e também porque já vi vocês juntas várias vezes.

— Ta procurando a Thay por que? Aconteceu alguma coisa? – falei aflita, engolindo o seco.

— A mãe de Thayane passou mal pela tarde, e eu trouxe ela para o médico, desde então estou procurando a Thayane, mas nem sinal dela, você sabe aonde ela está?

— Então, a Thay deve que dar uma saidinha... – falei sem jeito. — Mas olha, eu vou tentar conversar com ela. Em qual hospital vocês estão?

— Estamos no Calos Chagas, peça para ela vir logo, por favor. Boa noite.

— Vou dizer sim, obrigada. – desliguei.

Fim da ligação

Sonhos PerdidosOnde histórias criam vida. Descubra agora