— E você e o LC? – indaga me fitando. — Sempre tive curiosidade de perguntar isso pra você, acredita?. – deu um sorriso de lado.
— Como assim? – dou um riso fraco.
— Como tu aguenta aquele cafajeste?
— Várias coisas... – digo desviando o olhar.
— Você sabe que não precisa disso, né? Tu é linda, toda bonitona, e também e mó gostosona da porra. – disse dando um tapa na minha bunda, e logo sinto meu rosto corar de vergonha. — Por que, foi logo se envolver com o LC?
— Relaxa Bianca, isso é coisa minha, ok? – digo séria.
— Qual é? Conta pra mim, não sou x9 não, confia. – disse segurando minha mão.
Não sei o que aconteceu comigo, não costumo falar da minha vida para ninguém, não costumo confiar em alguém assim de cara. Mas com Bianca foi diferente, eu senti uma coisa diferente. Com ela eu pude me abrir, falar pra sobre a minha vida, sem ouvir nenhum julgamento. Não sei se foi por causo da bebida ou porque eu precisava desabafar com alguém mesmo, só sei que Bianca escultou tudo atentamente, e quando terminei de dizer me deu um abraço bem apertado, pegou em minha mão novamente, e me puxou para um lugar mais vazio próximo aos banheiros.
— Eu sei que tu não quer ficar aqui escutando historinha triste sobre mim, mas eu também já sofri muito na mão de bandido, apanhava muito também, só pude me libertar quando aquele demônio morreu. – disse me olhando fixamente.
— Eu tô ligada, comigo não vai ser diferente. – dei um riso fraco, e virei minha bebida tomando tudo em um gole só.
— Mas eu sempre tinha um jeito de aliviar a dor, de ficar em paz pelo menos 1 minuto, e sei que isso pode te ajudar também. – deu um sorriso de lado.
— O quê? Cortar os pulsos? – ri cruzando os braços.
Bianca revirou os olhos, e logo em seguida colocou a mão no bolso do short e tirou um papelzinho e um pacotinho bem pequeno, como estava um pouco escuro o lugar que estávamos, não dava pra ver o que era.
— Primeira vez? – disse sem me olhar enquanto abria o pacotinho.
— Que porra é essa Bianca? Maconha? Tu tá louca? – digo olhando surpresa, nunca imaginei que Bianca ia me oferecer maconha.
— Qual é? Tem preconceito? – riu.
— Tenho sim, não curto essas coisas, se isso vai fazer eu não sentir muita dor, eu prefiro morrer espancada então. – digo firme.
— Ah, para de drama Thayane. Isso não vicia não, e tu para a hora que quiser, até parece que eu tô te dando crack. – disse balançando a cabeça negativamente e rindo.
— Se eu fumar isso aí, eu não vou sentir dor, é isso? – digo fitando à mesma, enquanto ela enrola a seda na maconha.
— Isso é como um tranquilizante, tu vai se sentir leve, anestesiada, vai por mim, tu vai se sentir muito melhor. – deu uma piscada, e logo depois colocou a mão no bolso novamente, mas desta vez pegou um esqueiro.
— Olha Bianca, sério, to suave. – digo desviando o olhar, e dou dois passos para trás, me afastando um pouco dela.
— Relaxa Thay. – disse acendendo o baseado, colocando em seus lábios e tragando, logo depois pude ver a fumaça cobrindo seu rosto. — Aprendeu? Agora sua vez. – disse estendendo a mão e me entregando o beck.
Cara, eu não acredito que isso está acontecendo. Mas, uma vez só não faz mal, né?
Pego o baseado das mãos de Bianca, e coloco em meus lábios. Já vi algumas vezes Júnior e Kauê fumando, e agora Bianca, não e tão difícil assim. Puxei levemente, e prendi a fumaça em minha boca, uns segundos depois a soltei no ar. No começo, deu uma crise de tosse absurda em mim, mas Bianca disse que era normal, já que era minha primeira vez. Nessa brincadeira dei umas 6 tragadas, quando me vi totalmente chapada, olhava para os lados e ria sozinha, meus olhos estavam pesados, e minha garganta estava seca.
Bianca logo percebeu que já estava fazendo efeito em mim, saiu dizendo que ia pegar algumas bebidas para nós, e que não demorava. Fiquei encostando numa parede próximo ao banheiro, e alguns segundos depois senti a mão de alguém batendo levemente em meu braço.
— Miga sua louca, tava te procurando. – disse dando um sorriso largo.
Era Luana, menos mal.
— Já achou. – digo dando risada.
— Tem alguém lá fora te procurando, e melhor tu ir logo.
— Quem? O LC? – arregalei os olhos, colocando as mãos no bolso e pegando meu celular rapidamente, verificando se tinha alguma mensagem do LC.
— Não bobinha. – riu. — Vai lá ver, acho que é teu pai. – deu um sorriso cínico.
— Não quero olhar na cara daquele nojento! – digo nervosa.
— E melhor você ir amiga, resolve logo tudo com ele, antes que ele descubra que tu tem um caso com LC, senão ele vai se aproveitar da situação pra conseguir coisa pra ele, se sabe né? – disse dando um sorriso.
Minha relação com meu pai é bem complicada. Na verdade, nem considero ele como pai, pois ao invés de cuidar e proteger nossa família, como todo bom pai faz, ele foi ao contrário, ele destruiu ela, largou a gente e preferiu seus vícios inúteis.
Eu não me lembro pois era muito pequena, mas mamãe me disse que quando completei 4 anos, meu pai começou a desandar, além de beber todos os fins de semana, também começou a se envolver com drogas. O tempo foi passando, e ele se afundava mais e mais nas drogas e no álcool, gastava todo nosso dinheiro nos bares ou nas biqueiras. Foi ai que mamãe começou a trabalhar para sustentar nós duas, já que ele não servia mais para aquilo. Ela também não aguentava mais aquela situação, e ele simplesmente saiu de casa.
Desde então, ele só me procura quando precisa de algo, fora isso, nem lembra da minha existência. Hoje, ele era a última pessoa que queria ver. Mas mesmo assim, fui.
Sai apressada de aonde estava, e fui em direção a saída da quadra, já que Luana disse que ele me esperava lá fora.
Quase não tinha ninguém ali, a maioria das pessoas estavam lá dentro. Fiquei um pouco apreensiva, mas logo avisto um homem encostando em um carro, só pode ser ele. Fui me aproximando dele em passos calculados, quando o mesmo percebeu, e se virou rapidamente. Olhei seu rosto e pude ver que não era meu pai, dei um sorriso sem graça e pedi desculpa me virando para voltar para quadra. Quando o homem segurou meu braço com força, fazendo com que eu me virasse novamente para ele.
Naquele instante, senti um frio enorme na barriga, minhas pernas estavam bambas e eu estava trêmula. Ele me olhava fixamente, seus olhos estavam avermelhados, enquanto suas mãos me seguravam.
Oh não, de novo não!
Comecei a me debater, tentando me soltar dele, mas era inevitável. Ele começou a beijar meu rosto, e logo depois meu pescoço. Eu estava completamente em choque, não sabia o que fazer nem como agir, mas mesmo no meio de todo meu nervosismo, eu dei um grito de socorro. Porém foi em vão, aquele homem colocou uma de suas mãos em minha boca, fazendo com que eu me calasse, me puxou para trás do carro, e começou a passar suas mãos nojentas em meu corpo.
Sem muito pensar, aproveitei a chance e dei uma mordida em sua mão, na esperança dele me soltar e eu poder correr para longe dali. Ele me soltou rapidamente após sentir a dor, e eu corri, mas ele conseguiu ainda me pegar segurando meus cabelos.
Eu não sei da onde tirei tanta força para gritar, pois minha garganta estava super seca por conta da maconha, mas mesmo assim gritei desperada. Meu coração batia acelerado, minhas mãos suavam de medo.
O homem me deu um tapa forte, que senti meu rosto queimar na hora enquanto ele me puxava pelo cabelos. Quando derepente percebi alguém saído de trás de um carro, e vindo em nossa direção, ele dava passos rápidos e tinha algo em suas mãos.
Nem quis olhar, fechei meus olhos e logo em seguida escutei um barulho, parecia de tiro.
------------------------------------------------------------
Spoleir de leve: Alguém vai se machucar no próximo capítulo.O que estão achando da história?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sonhos Perdidos
Teen Fiction"O ódio e o amor, caminham lado a lado." Esta frase se encaixa perfeitamente nessa história. De um lado, uma garota humilde, da favela da Rocinha, que sonha apenas em ter uma vida melhor. Do outro, o dono de tudo ali, frio e calculista, essas são s...