Capítulo 19

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Thay narrando:

Abri minhas pálpebras com um pouco de dificuldade, senti meu corpo todo dolorido, e minha cabeça latejando muito. Olhei em volta e percebi que ainda estava na casa do demônio, não me sentei na cama e fiquei encarando meus braços e pernas, eles estavam horríveis, com marcas de cinta e diversos hematomas. Acho que isso já deixou claro o que aconteceu na noite passada.

Ele me espancou friamente, deferiu socos em meu rosto e também em meu corpo, bateu minha cabeça inúmeras vezes no chão, e só parou quando bem quis.

Depois de sentir se por satisfeito, me jogou sobre sua cama e saiu batendo a porta.

Não vou dizer mais que ele estava fora de si, pois até ele em seu estado considerando "normal", é um monstro. Vamos dizer que, a cocaína só deu mais coragem para ele descontar sua raiva em mim.

Fico me perguntando por quê ele sente tanta raiva, tanto ódio? Eu sei que as pessoas que usam esse tipo de droga ficam super violentas, mas percebi enquanto ele me machucava, repetindo diversas vezes "isso tudo e culpa deles". Deles quem?
Será que LC tem pacto com o capiroto? Olha, daquele ali eu não duvido mais de nada, pois agora sim, vejo que o dizem dele por aí não são apenas boatos, e sim a verdade.

Quem vê esse bonito moreno alto, de olhos esverdeados, cabelos lisos meio escuro, com um bigodinho simpático, e aquela boca vermelha perfeita, nem imagina o quão louco ele é.
Com certeza LC, deve ter algum distúrbio mental ou algo do tipo, pois não é normal alguém te maltratar por puro prazer.

Me levanto rapidamente da cama, percebo que já estou vestida em meu short é em uma blusa preta, que ficava mais parecendo um vestido em mim do que uma blusa.
Pego minha sandália que estava jogada no chão, e meu celular todo quebrado. E quando fui abrir a porta do quarto para ir embora, fui surpreendida por LC abrindo ela.

Ele me mediu da cabeça aos pés, e ficou me encarando por alguns segundos.

— Tu tá horrível hein. – falou com uma cara de nojo, e saiu dando as costas.

Ai, que vontade de dar um tiro na cara desse filho da puta.

Realmente eu estava horrível, não queria sair na rua e ser vista desta maneira, todos iam saber que eu apanhei, mas também, não queria ficar aqui. Fechei meus olhos por alguns segundos, e logo abri respirando fundo, tomei coragem e fui indo em direção a porta dando passos rápidos.

Até que ouvi uma voz grossa e alta vindo da cozinha, que me fez paralisar na hora.

— Aonde a magrela pensa que vai? – falou se aproximando de mim com as mãos na cintura, e me fitando com aqueles olhos esverdeados, que agora estavam normal.

— Eu posso ir para casa, ou vai me deixar pressa aqui? – cruzei meus braços e fiquei encarando ele. Não pera, tu ta peitando o LC, Thayane? Tô ficando louca mesmo, depois dessas palavras certeza que vou tomar outra surra, pensei comigo.

— Te prender pra quê? Tu não serve pra nada fia. – deu um riso fraco, e logo meteu a mão no bolso e tirou várias notas de cem e cinquenta. — Pega, e vaza daqui.– falou me entregando o dinheiro e dando as costas. 

Como queria ter uma faca em minhas mãos neste exato momento, só para poder crava-lá bem no meio de suas costas, porém, infelizmente querer não é poder. Dispensei meus pensamentos enquanto guardava aquele maldito dinheiro no bolso, e abrindo a porta de saída do inferno.  

Fui saindo dali de cabeça baixa, não queria que ninguém me visse naquele estado. Sai dando passos rápidos, quase correndo. Queria chegar logo na casa de Mirella, me sentia suja, imunda, precisava tomar um belo banho, e depois chorar a tarde toda. Já estava próxima a rua de minha  antiga casa, quando alguém me chama, era uma voz conhecida.. Era Kauê. 

— THAY. – gritou se aproximando de mim rapidamente.  

Percebi ele um pouco diferente, estava meio nervoso e com uma expressão de preocupado. Será que aconteceu algo?

— O que aconteceu? – indaguei angustiada, enquanto fitava seus olhos castanhos assustados. 

— Puta que pariu, Thayane. – falou me analisando e levando suas mãos á boca.  — Não acredito que aquele arrombado fez isso contigo. – falou entrelaçando suas mãos em seus cabelos e fazendo uma expressão de bravo. 

— Você ainda não respondeu minha pergunta. – falei de cabeça baixa, encarando meus pés. 

—  Tua mãe Thay, passou mal ontem á noite, foi levada pro hospital. 

— Minha mãe? – sussurrei enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. 

 Não contive as lágrimas e chorei, chorei muito envolvida em um abraço apertado de Kauê. Apesar de estarmos brigadas, mamãe e tudo para mim, é o meu bem mais precioso. Não quero e não posso perde-lá assim, sei que agora estou sendo um desgosto, e tenho até uma parte de culpa nesse ocorrido, por fazê-lá sentir nervoso. Mas fiz o que fiz por ela, pela a saúde dela e seu bem estar, entrei nessa vida para pagar seus remédios e ter uma vida um pouco melhor, nada além disso. 




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