LC narrando:
Graças a Deus a quebrada ta suave, nenhum b.o pro meu lado, nenhum verme pra encher o saco, só o Valdir mesmo que vem aqui pra pegar propina, mas de resto tá tranquilo.
Não pensem vocês que comandar o tráfico aqui no Morro e a coisa mais fácil do mundo, porque não é. Eu tô sujeito a tudo, tá ligado? Seja qualquer fita mano, cai pra cima de mim, ou o melhor, eu tenho que resolver. Num é fácil não rapaz, existe agilidade e responsa no bagulho.Depois da morte do Robinho, meu "pai". Eu dei continuidade á seu império aqui, continuei comandando o tráfico, mas do meu jeito. Eu vim pra Rocinha quando pivete ainda, tinha lá meus 13 anos, não sabia nem segurar uma peça, mas mesmo assim queria entrar pro tráfico. Apesar da pouca idade eu já tinha uma mente bem instituída, tá ligado? Já tinha uma visão das coisas.
Cheguei aqui no Morro, os cara me mandou falar pessoalmente com o Robinho, e assim eu fui, ele perguntou diversas coisas, e principalmente qual era o motivo de eu querer entrar pro crime tão novo. Foi aí que eu contei pra ele toda minha situação, desde quando nasci até aquele momento. O cara não pensou duas vezes e me chamou pra morar com ele, porém disse que só iria me envolver no tráfico se eu levasse jeito.
Quando completei meus 14 anos, Robinho me deu uma .40, um cordão de ouro, e meu vulgo, então foi a partir daí que percebi que meu destino já estava trilhado.
Comecei igual aos outros moleques, como aviãozinho. Foi nesta época que conheci Beatriz, aquela vagabunda. Ela era filha da Dona Lúcia, uma mulher que fazia quentinha numa lanchonete aqui na favela, sempre ia lá com os moleque no horário de almoço, e sempre era Beatriz que me atendia. Loirinha linda, com cabelos cor de ouro, olhos cor de mel, tinha um corpo escultural e uma pele bronzeada, impossível não reparar nela. Toda vez que me via, só faltava esfregar a ppk na minha cara, e olha que nesse tempo eu nem era gostoso igual sou hoje.
Não resisti aquela filha da puta e peguei ela, até porque eu era novo, feio pra caralho, irmão... O que viesse era lucro.
Fiquei um tempo com ela, curtia a Beatriz pra caramba, não amava, só gostava dela. Até que um dia, a vagabunda chegou me contatando que estava esperando um filho meu. Quando eu soube, eu fiquei em choque de verdade, não sabia o que fazer, mas disse que ia assumir sem dúvidas, afinal, se eu fiz eu tenho que ser homem é assumir, né não?
Errado!
O filho não era meu, a vadia queria me enganar. Logo no final do baile eu vejo a cachorra se pegando com outro macho num beco.
Não pensei duas vezes, peguei minha .40 da cintura e meti bala nos dois. Porque comigo é assim, vacilou vai ter que pagar, seja com dinheiro ou com a vida.
Depois da puta da Beatriz, ainda me envolvi com outras mina daqui, mas nada sério.
Por isso pra mim mulher é o diabo, rapaz. Por quê tu acha que Deus não é casado?
É igual aquele trecho da música do Mc Smith, "a mulher levanta nois, mas ela também derruba."
(...)
E não se iludam, Thayane e só mais uma putinha minha, uma pequena "diversão". Não gosto dela e nunca vou gostar, até porque ela é uma vadia igual a Beatriz, só que saber da porra do meu dinheiro. Por isso eu não dou 5 meses pra ela pedir pra morrer, e se ela pedir, eu vou ter o prazer de dar á ela uma morte lenta e dolorosa.
Qual é? Ta achando o quê? Que todo bandido é bonzinho? Não tem essa de bandido bom não, meu parceiro. Bandido e ruim mesmo, sangue frio, sem dó e nem piedade. Bandido foi programado pra matar e não pra morrer.
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Sonhos Perdidos
Teen Fiction"O ódio e o amor, caminham lado a lado." Esta frase se encaixa perfeitamente nessa história. De um lado, uma garota humilde, da favela da Rocinha, que sonha apenas em ter uma vida melhor. Do outro, o dono de tudo ali, frio e calculista, essas são s...