Olá pessoal, tudo bom? Espero que sim :v. Gente, mais uma vez, peço desculpa pelo demora, eu nem tenho desculpa, eu só não consegui terminar mesmo. Mas agora, todo fim de semana vou postar um capítulo, é garantido. Então já podem esperar que semana que vem tem mais outro. Novamente me perdoem, sinto muito mesmo. Agora tenham uma boa leitura, e já me desculpem por qualquer erro, obg.
Andamos em fileira pelo caminho que Gwen vai abrindo com seu fogo. Na trilha improvisada só se vê gotas de água e um pouco de lama.
Tivemos que ir caminhando, seria desgastante demais para Gwen ter que sair abrindo caminho para o carro, fora que teríamos que colocá-la no capô e tenho quase certeza que isso não iria agradar a ela. O melhor que tinha para ser feito era deixá-lo lá, pelo menos não precisamos nos preocupar estava sendo rastreado ou não, as dúvidas que temos já são suficientes.
A caminhada foi se tornando quieta e fria. Minhas roupas já estão quase todas sujas e não trouxe quase nenhuma para essa temperatura tão baixa, estou preocupado com essa questão de roupas, pois o dinheiro logo acaba e não sei como faremos para viajar para os outros lugares. Alivio-me quando a trilha entre a neve acaba. As árvores somem e abrem espaço à pequena casa dos avós dos gêmeos. É uma típica casa do interior: construção de madeira; pintada toda de um branco, um branco que evidencia a idade da casa – mais ou menos uns quarenta anos; com uma rede na varanda; e uma cerca que separa as árvores e a calçada do terreno.
À esquerda da casa, praticamente três metros de distância, existe uma espécie de galpão que Ravi disse que seus avós usam como garagem e para guardar tralhas inúteis. O galpão lembra vagamente um celeiro, principalmente pela sua pintura avermelhada, o que faz essa casa parecer cada vez mais com uma fazenda, se é que não foi um dia.
— Vocês têm certeza que não tem ninguém aqui? – Gwen pergunta espionando a casa por entre as frestas da persiana branca.
— Tenho. Meus avós acabaram de viajar de férias e só voltam em setembro – explica Ravi enquanto tateia uma pequena brecha na parte de cima da porta.
— E vocês tem a chave aí? Deu tempo de pegar antes que sua casa explodisse? – pergunta Bryan.
— Hum... espera – ele comprime os lábios. – Achei!
Ele puxa algo de cima da porta e ergue para nós com um brilho nos olhos, como quem encontra ouro.
Ao seu lado está Luna, quieta e calada, observando atenta ele colocar a chave na fechadura. Ela parece ansiosa, mas não faço ideia do motivo de estar assim.
Ravi abre a porta, entra acendendo a luz da sala. Sua irmã entra logo atrás dele, um pouco apressada demais, seus olhos procuram por algo e sua expressão rapidamente muda, presumo que não tenha encontrado o que procurava.
Entro depois de Bryan que já chega indo para a cozinha, mas antes de passar pela porta percebo que Gwen não faz menção de que vai entrar.
— Você não vem? – Não olho para ela e fito a paisagem branca – Deve estar cansada depois do esforço que fez.
— Oh, não se preocupe aquilo não foi nada, eu acho que precisava na verdade. Já eu entro, vou dar uma olhada envolta da casa – ela diz já saindo da varanda.
— Certo... – sussurro. Meus olhos se perdem no chão, eu ainda estou tão confuso.
Minha vontade é de ir com ela para que possamos conversar, mas preciso seguir com meu raciocínio, focar no que é de extrema importância.
A sala está ocupada apenas por um sofá, uma pequena mesa, um raque com uma teve tão antiga quanto a do hotel e o que parece ser um rádio. Em cima da mesa há dois pacotes de salgadinhos e outras coisas espalhadas, o sofá está um pouco sujo.
— Faz quanto tempo que seus avós foram? – pergunto.
— Bom, acho que já tem duas semanas.
Essas coisas não estão aqui há duas semanas, isso é recente.
— Pessoal, que tal vocês virem aqui? – Bryan grita da cozinha.
Nos entreolhamos e corremos para lá. Meus olhos logo encaram a panela no fogo, está aceso. Alguém estava aqui.
No fundo da cozinha uma porta está aberta, e ela dá para a floresta lá fora.
— Definitivamente tinha alguém aqui.
— Uh...Vocês estão ouvindo isso? – Luna pergunta olhando para o teto tentando encontrar o som.
Ficamos em um completo silêncio, gritos surgem, alguém pedindo socorro e soltando alguns palavrões. Vem da porta dos fundos.
— Está vindo lá de fora – Gwen!
Corro para em direção à porta, saindo em meio ao gramado misturado a neve.
— Me solta sua maluca! Eu já disse, me perdi e vim pedir informação nessa casa.
— Pela porta dos fundos? E por que estava andando tão sorrateiramente – diz Gwen encima da garota. – Sinto muito, mas eu sei quando alguém está fugindo, e de fato você estava.
Gwen a levanta prendendo seus braços para trás e a traz para dentro da casa, passando por nós sem se importar. Ela grita algo da sala, mas não consigo entender.
— Eu acho que posso encontrar algo no galpão – diz Ravi indo para a sala coçando o cabelo. – Vai nos apresentar sua amiga nova Gwen?
— Você acha que ela é quem estava aqui, Drew?
— Ao que tudo indica, sim Bryan, mas ela não parece perigosa.
— Perigosa eu não sei, mas que é bonita – Bryan pensa alto mexendo a cabeça – Vou ver no que posso ajudar lá dentro, talvez eu consiga o telefone dela.
Ele entra com um sorriso confiante no rosto, o que me faz sorrir.
Ficamos apenas Luna e eu, ela caminha na sacada se escorando na pequena cerca enquanto observa a branquidão em formato de árvores. Ela é sempre tão quieta e suave, às vezes parece que ela nem está aqui, porém ao mesmo tempo é capaz de fazer que sua presença seja palpável, mesmo calada. E eu me sinto tão calmo perto dela, é como se ela emanasse chá de camomila.
Caminho até que fico ao seu lado.
— Você está bem? Quero dizer, desde que chegamos você me parece diferente – olho para ela e a vejo corar, mas ela não desvia seu olhar das árvores.
Seu cabelo chega a fazer um lindo contraste com a neve, eu jamais vi algo parecido. Os seus olhos também são totalmente diferentes, é impossível não se impressionar, sua pele rosada é de um tom tão calmo quanto ela mesma. Finalmente ela me olha, suas bochechas ficam ainda mais rosada, a fazendo encarar o seus pés.
— Eu... eu estava pensando na mamãe, esse lugar me faz recordar dela. E... hum... pare de me olhar assim, por favor – suas bochechas ficam vermelhas junto com sua careta. Ela vira o rosto para o outro lado com rispidez — Como... como se eu fosse alguma aberração.
Enrijeço a sobrancelha em confusão e olho para os lados tentando entender.
— Oh, eu... eu não tive a intenção de te ofender, desculpa – balanço a cabeça e as palavras saem tão confusas quanto me sinto. – Não quis te deixar envergonhada. Mas aberração? Por que você seria algo assim?
— Não teve? – Com lentidão ela me olha de lado, evasiva, ela suspira – Era o que os outros diziam, era como me chamavam.
Ela busca suas por lembranças. Lembranças que não a fazem nada bem de acordo com sua expressão.
— Outros? – insisto, um pouco envergonhado.
A menina dos olhos cinzentos me fita por alguns segundos, vira-se para a imensa branquidão novamente.
— Sabe, quando sua aparência é diferente do normal, você é julgado, criticado, mesmo quando ser assim não for opção sua. Você acaba se tornando a mercê de todo tipo de piada, "menina do véu"; "tacaram fogo no seu cabelo e isso foi o que sobrou?"; até de vampira me chamaram, sempre foi assim, desde meu primeiro contato com as pessoas a fora, às vezes até mesmo de familiares. Vista como aberração, talvez eles estivessem certos. – Seus olhos se fecham em tristeza e sua boca se contrai. – E por que você me olhava daquela maneira?
Sou pego totalmente de surpresa por sua pergunta.
— Eu... - penso no que dizer – Eu estava admirando.
Suas bochechas são tomadas de um tom rosado, e pelo aquecimento em meu rosto acredito que as minhas também.
— Admirando a cor dos seus olhos e cabelo, isso! Era isso – procuro me explicar e ela parece perdida. – Quer dizer, são cores bem exóticos e bonitas, é difícil não admirar.
O que te fazem bela, se encaixando perfeitamente com a pele, o que me lembra um boneca, uma linda boneca, penso, porém não digo, não quero envergonhá-la mais ainda – e nem a mim, essa situação já está suficientemente embaraçada.
Percebo sua cabeça baixa, ela parece assustada, está evitando me olhar.
— Acho que vou te deixar pensar um pouco, você precisa de um tempinho – me viro e caminho para dentro da cozinha.
Aliviado por ter conseguido sair da situação constrangedora, passo para a sala onde encontro um tumulto no centro. Empurraram todos os móveis para as paredes deixando o centro livre, apenas com uma cadeira. As janelas estão fechadas pelas cortinas, perto da porta há Gwen que ainda segurando a invasora. Essa situação me faz lembrar séries investigativas, Gwen seria o tipo de policial mau. Fala ou fala, essa seria a definição de como ela seria.
Bryan segura a cadeira atento, com um olhar assustado para a Gwen.
— Eu encontrei essas cordas no galpão, acho que vão servir – Ravi diz batendo a porta.
— Cordas? Mas para que vocês querem cordas? – Pergunto temendo a resposta.
Eles me fitam e voltam sua atenção para Gwen.
— Não é óbvio? Vamos amarrá-la – responde ela secamente. – Segure a cadeira Bryan, me ajude a amarrá-la Ravi.
Ele assente e corre para perto dela. Gwen a empurra para que ela ande, mas a garota parece não obedecer. Gwen sorri, e diferente do normal, isso a faz parecer assustadora, a garota não sabe o que acabou de provocar. Nem nós sabemos. Por um momento vejo a antiga Gwen, a garota popular da escola, um fantasma atrás do corpo físico de Gwen e ele está com sua mão apoiada no ombro dela.
Dos braços da garota invasora saem fumaça, junto à uma mancha vermelha que surgi no formato de mãos bem onde Gwen segura.
— Ai! – o grito da garota se mistura a uma careta de dor.
— Gwen! – exclamo, assustado com a atitude. Não sei qual a intenção dela, mas não parece nada certo.
Ela me ignora, fingindo não me ouvir. Empurra a garota mais uma vez e dessa vez ela não parece resistir, cabisbaixa, mas ainda rosnando.
Sentada na cadeira, as duas garotas se fuzilam pelos olhares. Um silêncio domina toda a sala enquanto Ravi amarra o braço da menina para trás.
— Pronto – diz ele dando o último nó – ela não vai fugir agora.
Gwen a solta quando ele se levanta. Tem algo muito errado com ela e eu preciso descobrir o que tem em mente.
— Gwen? Pode vir aqui, por favor? – gesticulo com a cabeça.
Seus olhos não param de encarar a garota, então ela caminha até mim com uma serenidade apavorante.
— Oi, pode falar.
— O que você está fazendo?! – Sussurro, desesperado.
— Nada demais. Precisamos interrogá-la, sabe-se lá o que ela estava fazendo aqui e quem ela é. Não podemos confiar, Andrew. Qualquer deslize...
— Eu sei disso tudo, e pode apostar que estou tão preocupado quanto você. Mas não é por isso que vamos agir precipitadamente, aquilo, com o braço dela, foi desnecessário e perigoso.
— Não podemos baixar a guarda, ela precisa saber com o que está lidando caso minta para nós quando perguntarmos. Eu só não quero correr o risco, não novamente.
— E você acha que essa garota é um risco para nós? Isso é loucura Gwen, olhe para ela.
A garota nos observa, bem atenta a tudo, mas seu rosto parece tão despreocupado.
— No máximo, ela fugiu de algum lugar e achou essa casa vazia para ficar por uns dias, ou é uma andarilha, mas você está exagerando se acha que ela pode ser um daqueles monstros.
— E como você pode ter tanta certeza? – seu olhar me corta, evito-o o máximo que posso.
— Olhe os dentes dela, não são totalmente brancos, mas não são pretos como os deles. Se caso não reparou nos dentes, olhe para os olhos dela que nos encaram, também não são totalmente brancos e se isso não for necessário, ela também não tem cortes pelo rosto, no máximo feridas e cicatrizes.
Seu silêncio me assusta, ela analisa a garota minuciosamente.
— Que seja – ela bufa – ainda assim, não vou baixar a guarda e nem dar moleza alguma.
— Eu só peço que não queime ela novamente, você entende o por que, né? – ela não me responde e seus olhos nem fazem o favor de me encarar. – Gwen, você diz que quer ter cuidado, porém na primeira oportunidade você queima os braços da garota sem nenhum motivo aparente, como você vai explicar isso para ela? Que foi o calor do momento? Imagine no que isso poderia dar, na primeira chance que ela tivesse ela iria sair contando sobre a garota das mãos ardentes.
— Não é preciso explicar nada para ela, qualquer coisa, dizemos que vamos levá-la na policia e a denunciar por invasão de domicilio – ela caminha de volta e para na frente da garota sem mostrar qualquer alteração de humor.
— Vocês podiam ter uma DR depois, não acham? – Ravi sussurra em nossas mente.
Tinha me esquecido do chat telepático. É bom lembrar, para caso Gwen comece a exagerar.
Aproximo-me deles, me juntando para o que parece ser um interrogatório.
— Então garota, quero lembrá-la, desde já, que se caso você não responder a nenhuma pergunta ligaremos para a polícia, será uma decisão sua – diz Gwen dando de ombros e arqueando as sobrancelhas.
Nos entreolhamos confusos, não sabemos qual o jogo dela, mas provavelmente isso é um plano.
— Primeiro, qual o seu nome e por que estava aqui? - ela já ressalta objetiva.
— Meu nome não importa, e não é óbvio o que eu estava fazendo aqui? Pensei que você fosse mais do que um rostinho bonito e raivoso, parece que me enganei – a garota dos olhos negros indaga, surpreendendo a todos.
— Ah, você quer brincar – Gwen responde, sem menção de que vai queimar a garota. – Seu nome importará na hora em que ligarmos para a delegacia.
— Não tanto quanto o de vocês – a voz dela tem um tom confortavelmente espantoso. Ela relaxa seu corpo na cadeira.
— O que você quer dizer com isso? – dessa vez quem pergunta é Bryan.
— Não se façam de desentendidos, eu conheço fugitivos quando os vejo, afinal já vi de tudo. Agora, podem me soltar, para que vocês possam sair daqui já que eu cheguei primeiro, serei boazinha e não denunciarei sobre o paradeiro de vocês.
Nos entreolhamos, confusos. Fugitivos? Nós? De certo modo somos, mas como ela poderia saber disso?
— Nós não vamos te soltar de modo algum, não somos fugitivos e nem estamos invadindo casa alguma, essa é a casa dos meus avós.
— Bom, isso explica o fato de vocês terem aberto a porta tão rápido, mas agora faz sentido, ninguém é mais rápido que eu.
Ravi segura uma risada, ficando nítido que ele queria mostrar sua velocidade para ela.
— Mas vocês não deixam de ser fugitivos, e se me entregarem, serão pegos.
— Do que você está falando? – pergunto.
— Vocês realmente não sabem? Não viram os noticiários de hoje de manhã?
Todos nós balançamos a cabeça, negando, ainda mais perdidos.
— Então é melhor ligarem a teve, mas já avisando, vocês quatro são os jovens mais procurados da América do norte – ela diz sem nenhum espanto na voz.
Estamos sendo procurados. Pelo que? Será por que o Bryan roubou um carro? Os quatros mais procurados, não acho, não por isso. É difícil de acreditar
— Quatro? Quem de nós não está sendo procurado, se é que isso é realmente verdade? – Gwen questiona.
— Ele... – ela gesticula com o pé em minha direção. – É o único que não estava nos jornais.
— Eu? – sussurro.
— Vamos ver se isso é realmente verdade – diz Bryan pegando o controle da teve e a ligando.
Pegando logo de primeira o noticiário, onde há uma manchete: Adolescentes foragidos formam grupo e matam agentes do FBI durante fuga, sequestram e matam seus pais, e ainda incendeiam própria casa. Policias acreditam ser grupo de terroristas que tem integrantes em vários países do mundo. Junto com quatro fotos, retratos de Gwen, Bryan, Luna e Ravi.
— Isso não pode ser verdade – diz Luna entrando na sala e quase caindo. – Estão me acusando de ter matado minha própria mãe, e agora faço parte de uma gangue?!Bom é isso, não se esqueça do seu ato mais importante aqui, aquele leve toque na estrelinha e também no balãozinho, fique à vontade para comentar aquilo que desejar. Até o próximo capítulo, semana que vem, lembrem-se, bjs e abraços.
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O Destino Dos Guardiões - Em Revisão
Science FictionEm uma noite comum como todas as outras. Alguns astrônomos detectam um cometa que surgi no céu repentinamente, seu local de queda é uma floresta. Então para assegurar que nenhum civil aproxima-se do cometa, mandaram cinco agentes para o local da que...