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A notícia é como uma bomba que acaba de explodir surpreendentemente na nossa cara. Foragidos altamente perigosos, é o que somos agora. Segundo a reportagem, matamos dois policiais, que provavelmente devem ser aqueles que Bryan e eu fizemos bater o carro, eles não devem ter conseguido sair antes da explosão, mas não somos culpados, eles nos forçaram, sabe-se lá o que eles iam fazer conosco. As outras acusações sobre nós são totalmente distorcidas ou até mesmo inventadas: sequestrar o meu pai e o pai do Bryan, incendiar a casa dos Evans e matar a mãe deles incinerada. Nós, simples adolescentes, fizemos tudo isso e estamos formando uma espécie de grupo terrorista adolescente por todo o continente, já não era suficiente fugir de alguns homens de preto e alguns humanos monstros, temos também que nos preocupar com o resto do país, alias, do continente americano, pois estamos valendo recompensa.
A teve desliga, no reflexo ondulado observo a garota invasora abrir um sorriso debochado, enquanto Bryan está boquiaberto.
- Eu não acredito que estão dando apenas mil dólares por mim, além de me culparem por algo que não fiz querem me deprimir, eles são mesmo do mal - diz ele colocando o controle de volta na estante e forçando uma careta de choro.
- Isso é sério Bryan - Andrew o corrige, ao lado de Luna - Já foi difícil se locomover até aqui sem toda a América atrás de nós, fora que eles vão vir com tudo agora.
- Como se já não estivessem - indago me lembrando do agente que atirou no ombro de Bryan.
- Mas por que tudo isso? Por que nos incriminar por algo que não fizemos? - a voz de Luna soa confusa, perdida nos próprios pés.
Luna é a que está mais abalada, mas também não é para menos, ser acusada de ter matado a própria mãe que deu sua vida para salvá-la, a dor da perda já não era suficiente.
- Esses caras vão me pagar por isso - diz Ravi cerrando os punhos, pela primeira vez ele parece preocupado.
- É um aviso. Um aviso do que eles são capazes. Agora somos vistos como ameaças, fica muito mais fácil de nos achar quando quase o continente inteiro sabe o que somos e o que supostamente fizemos. Querem nos amedrontar, para que nos entregamos de mãos vazias - Andrew começa a trabalhar ligando os fatos.
- Isso só evidencia o quanto eles nos querem, seja para nos estudar, seja para nos matar - comento.
- Vocês são mais estranhos que alguns mendigos após o uso de drogas. Quer dizer que vocês não fizeram nada disso que estão nos jornais? Já ouvi histórias sobre a lei incriminar pessoas inocentes. Alguém pode me soltar ou eu vou ter que me soltar? - diz a invasora dos olhos negros.
- Ninguém vai te soltar, não até você responder algumas perguntas.
Não sabemos quem ou o que é essa garota, e mesmo com Andrew me barrando, não vou pegar leve. Qualquer deslize pode resultar em desastre, já passamos por muita coisa, não se pode bobear agora. Ela pode muito bem ser uma agente disfarçada se de fato o carro que Bryan roubou estar sendo rastreado, não podemos evitar qualquer hipótese agora que toda a América está a nossa procura. E mesmo que ela não seja nada demais, não podemos soltá-la, por enquanto não, seria arriscado demais. Ela pode muito bem correr para a delegacia mais próxima.
- Tudo bem, como quiserem - ela sorri ironicamente.
- Então novamente, qual seu nome? Por que está aqui? E o que você é?
- Meu nome é Leila, eu estava com frio e caminhando até que achei essa casa vazia, entrei...
- Você invadiu - sibilo para ela, a corrigindo.
- Certo, eu invadi a casa, se assim fica mais fácil para o seu difícil entendimento.
- Sua... - rosno para ela.
- Calminha aê, esquentadinha, deixe-me continuar. Após invadir a casa dos seus queridos avós, decidi ficar até que a nevasca acabasse, e bom, eu não sei exatamente o que sou. Uma cigana? Moradora de rua? Uma ladra? Talvez de tudo um pouco, já que faço todo tipo de trabalho, dependendo do pagamento é claro.
- Que tipo de trabalho? - pergunta Andrew com um olhar surpreso.
- Todo tipo, posso te dar meu cartão de contato se me soltar - responde ela, arqueando as sobrancelhas de modo ousado.
As bochechas de Andrew se roseam no mesmo momento.
- Essa garota parece ser interessante - comenta Ravi.
- Talvez eu queira seu cartão - diz Bryan com um sorriso no rosto.
- Não temos tempo para brincadeiras - reviro meus olhos, que nojo.
- E o que vamos fazer com ela? - Andrew invade nossos pensamentos.
- Vamos soltá-la, ela não parece que vai nos ferrar - indaga Ravi.
- Não podemos - respondo.
- Por que eles estão se olhando assim? - Leila pergunta fazendo careta.
- Ah, é uma coisa deles, já me acostumei a só ficar olhando - responde Bryan nos fitando.
- E eu deveria me preocupar?
- Por que não? Deixá-la aqui vai só nos atrasar, não? - Luna questiona.
- Não no momento. Se a soltarmos estaremos correndo o risco de ela nos denunciar. Olha para ela, é claro que ela precisa e quer de dinheiro.
- No seu caso, sim. Mas então, você vai me dar seu cartão?
- Isso fica cada vez mais estranho. Eu já disse, só se me soltar, garoto.
- Realmente - A voz de Andrew entoa como um sussurro. - Mas então onde vamos deixá-la?
- Pode me chamar de Bryan.
- Que tal o galpão?­ - sugere Ravi.
- Acho melhor não. O galpão fica um tanto distante da casa, e precisamos ficar de olho nela. Talvez algum quarto da casa.
- Okay, garoto Bryan - Leila revira os olhos para ele.
- Temos um sótão - diz Luna.
- Perfeito - o tom da minha sai mais maquiavélica do que queria.
- Olha, eu não sei que tipo de ritual é esse, e nem qual a causa de vocês, se é por mais tempo na internet, por generalizar todo adolescente de rebelde, por liberdade de expressão, ou até mesmo pela merenda escolar, mas já quero que saibam que eu adoraria entrar para o grupo, porém estou muito ocupada nos últimos dias e entrar em clubes está fora de cogitação. Então, eu preciso que vocês me soltem por que estou morrendo de fome e vocês interromperam meu almoço.
Me encaminho em passos lentos e silenciosos até a tal Leila, seu cabelo preto brilhante está amarrado em um rabo de cavalo, alguns fios desfiados se soltam involuntariamente. Seu olhar não se desvia de mim, está com uma expressão serena no rosto sem qualquer alteração á minha aproximação. Ela tem a pele bronzeada, ficando evidente que Nuuk é só mais um lugar em sua lista de viagens.
­- Então Leila, parece que você ficará conosco por mais alguns dias - apoio meus braços na cadeira, encarando diretamente seus olhos escuros. - Espero que não tente fazer nenhuma bobagem, e se caso, não sei, por algum momento de loucura, tentar algo, não poderei responder por mim. Esteja ciente disso.
A garota continua a me fitar, e após alguns segundos, sua única reação é um imenso sorriso.
- Desculpa, esquentadinha, adorei o convite, mas não posso ficar para o chá. Como eu disse estou muito ocupada e com fome, mas prometo que verei na minha agente uma data em que eu possa voltar. Vocês foram muito receptivos, seria mal educado de minha parte não entrar para o grupinho de terrorista adolescentes. Porém, eu preciso mesmo ir, olha a hora, daqui a pouco é hora do jantar.
- Você não vai a lugar nenhum, trombadinha - sibilo ferozmente.
- Eu disse que se vocês não me soltassem, eu o faria...
Ela mexe os ombros relaxada.
- Gwen!- grita Bryan.
Seu grito de nada funciona. Vejo os braços da garota soltos ao lado da cadeira, a corda já está ao chão e em sua mão há um pequeno canivete. Volto meu olhar para a garota e sou acertada por uma cabeçada, deixando-me completamente tonta e vulnerável ao próximo ataque, um chute certeiro em minha barriga. Sou lançada ao chão, o impacto me faz perder a consciência por alguns minutos.
Ouço alguns gritos, mas minha visão se enturva. Tento abrir os olhos e a única coisa que consigo ver é a cadeira voando em direção ao Drew. Fecho-os na tentativa de recuperar a visão, sinto um braço sobre meu ombro me levantando, Luna.
Ela me ajuda a levantar, e já em pé, forço abrir meus olhos e minha visão vai se normalizando, tendo em foco a garota agarrada ao pescoço de Bryan, junto com seu amigo canivete. Meus olhos correm preocupados para Andrew, um alívio me toma ao ver a cadeira parada no ar; efeito das mãos esticadas de Drew. A cadeira pousa lentamente de volta ao chão.
- Pronto, agora estou envolvida com um grupo de terroristas paranormais, já não bastava ter nascido pobre. Mas faz sentido, estava me perguntando como a esquentadinha tinha me queimado tão facilmente.
- Você! - sinto minha cabeça doer.
- Gwen - Andrew indaga, concentrado.
Ele está fitando cautelosa e minuciosamente o canivete e a mão de Leila. Ele tem algo em mente.
- Parece que alguém está um pouco tonta, não ouse se mexer, ou a garganta do garoto Bryan já era.
- Poxa, eu pensei que tinha rolado um clima entre nós.
- Cala a boca, garoto, você nem faz o meu tipo. A única coisa que vai rolar será sua cabeça, se não se calar. Hei! - ela aponta a cabeça para Ravi - Saia do caminho da porta, devagar.
- Essa garota parece ser interessante - responde ele, caminhando à esquerda da porta.
Leila começa a puxar Bryan, indo até a porta. Mas algo a faz parar. Ela encara a própria mão, que se afasta do pescoço de Bryan gradativamente. A intrusa parece resistir assustada. Andrew!
Ele também está lutando para afastar a mão da garota, não sei como ele está fazendo isso, mas provavelmente está exigindo muito dele. Talvez ele tenha que ter cuidado, pois qualquer deslize pode afetar diretamente Bryan, diretamente na garganta.
- O que são vocês? - a voz dela chega a falhar.
- Essa é uma questão muito relativa ainda - responde Andrew, após conseguir erguer a mão da garota toda ao alto.
Bryan consegue sair dos braços da invasora.
- Obrigado, Drew - diz ele um pouco envergonhado.
Em um movimento rápido Ravi já está na porta, impedindo que ela fuja. A cadeira flutua até ela, parando em sua frente. Ele parece está ficando bom em levitar as coisas.
- É melhor se sentar - Drew gesticula apontando com a cabeça para mim. Essa é minha deixa.
Mesmo ainda tonta, isso é como respirar para mim. Consigo sentir todo o calor do local, mas a única que preciso é a do meu corpo. A energia corre meus braços parando na minha mão, onde o fogo começa a crescer. Labaredas dançantes nascem na palma da minha mão, isso é delicioso.
- Quer ajuda para se sentar? - ergo minha mão para ela.
- Okay, parece que posso ficar para o chá de monstros - responde ela se sentando. - Então é por isso que o FBI está atrás de vocês? Vocês fugiram do laboratório e eles querem vocês de volta?
- Não é da sua conta.
- Realmente, mas já que vocês não querem me soltar, eu tenho uma proposta.
- Proposta? Que proposta? - pergunta Luna curiosa.
Ela me solta de seus braços, vendo que já estou melhor.
- Você acha mesmo que está em condições de fazer alguma proposta?!
Essa garota não tem limites, estou me segurando para não torrar a língua dela.
- Seus amigos parecem interessados - ela arqueia a sobrancelha. - Vocês precisam fugir, se esconder, não é? Com os documentos seus originais vocês não conseguirão sair do país nem tão cedo, já que todo o estado está atrás de vocês. Se me soltarem, posso conseguir toda documentação falsa para vocês, até uma de adulto.
- E quem ou o que nos garante que quando te soltarmos você não vai fugir? - pergunta Ravi.
- O garoto paranormal pode ir comigo se quiserem, já que ele não está sendo procurado ainda.
Nos entreolhamos, pensativos. Não é uma má ideia, porém eu não confio nela, nem um pouco.
- Digamos que aceitamos a proposta, quanto tempo demoraria para termos toda essa documentação - Drew a interroga.
- O mais rápido que consigo é em uma semana, mas o custo é caro.
- Só vai precisar de dinheiro?
- Ah, e de um telefone para ligar lá, já que vocês vão me segurar aqui até que os documentos estejam prontos.
- Feito! - Andrew diz sem hesitar.
- Andrew? - questiono-o.
- O que? É nossa única chance.
- Mas o que garante que ela não vai avisar a policia depois de nos dar os documentos?
- Não tinha pensado nisso.
- Bom, fora o fato de que eu tenho uma ficha extensa nas delegacias de diversos países, se vocês me recompensarem com algum dinheiro, não precisarei denunciar vocês para ter dinheiro.
- O fato de você ser procurada não altera em nada, alias, denunciar a gente pode muito bem limpar a sua barra com a lei - Bryan indaga depois do enorme silêncio que fez.
- Eu não me arriscaria tanto, prefiro a pobre liberdade à rica prisão.
- Isso foi bem poético - comenta Ravi sorrindo.
- Você não está mesmo pensando nisso, está? - pergunto, dando um leve susto em Luna.
- Não temos escolhas, só podemos arriscar, as alternativas estão acabando e o tempo é pouco.
- Certo, mas qual seu plano? Você tem um pelo menos?
- Ela faz o pedido, daqui uma semana pegamos os documentos, e se nada der errado ficamos mais uma semana como era planejado e partimos para os próximos pontos.
- E onde vamos arrumar tanto dinheiro?
- Damos um jeito, essa é nossa única alternativa no momento.
- Lembre-se que não concordei com isso ­- são minhas últimas palavras.
Ele me fita por alguns segundos, e parece tomar sua decisão. Sua mão vai ao bolso e tira seu smarthphone. Em um movimento rápido, ele o lança para a invasora, que pega o celular como um goleiro agarra a bola.
- Ligue agora - completa ele.
- Saiba que qualquer indício de que você está falando com alguém sobre a localização de um grupo terrorista, farei de você um churrasquinho, e é o que mais quero no momento. Então é melhor não hesitar, porque eu não irei.
- Tudo bem, esquentadinha.
Diz ela mexendo no celular. Já estou começando a me irritar com esse apelido que ela me deu, ela me irrita.
Após ela tocar em alguns números, ela faz a ligação. Ficamos todos atentos e rígidos, á beira do precipício, menos Luna, como sempre ela está calma, ou pelo menos transparece isso.
- Alo? Cabeça de lata? Sou eu, Sindy. Isso, a carteira. Tenho uma nova encomenda, uma semana, cinco pratos, três salsichas e dois ovos, ingredientes juvenis, um ovo cozido, pratos com tudo que tem direito. Obrigada, até lá - ela tira o telefone e desliga.
- Você estava mesmo com fome, está trocando as palavras por comida - Bryan sorri.
- É um jeito de nos comunicarmos, como vocês, também temos que tomar cuidado com a polícia, até mesmo nas ligações - Leila diz enquanto lança o celular de volta para Andrew.
- Sindy?
- Sim, loirinho. Eu já tive muitos nomes, alguns eu nem lembro. Sindy é um deles.
- Você pode traduzir o que disse para o seu amigo cabeça de lata? - Andrew a interroga, preocupado.
Ele sabe que pode ser uma enrascada, por isso precisa se prevenir.
- Eu disse: cinco pessoas, três garotos e duas meninas, adolescentes, uma das garotas é adulta, e que era o pacote com todos os documentos necessários. Satisfeito?
- Espero que sim.
- Bryan, amarre ela novamente - ordeno a encarando.
- Eu ainda estou com fome.
- E vai continuar., isso aqui é pela cabeçada - me aproximo dela e acerto um soco no rosto dela.
A invasora perde a consciência e desmaia.
- Bem melhor assim - bufo massageando o meu punho.
- Gwen, o que está fazendo? - Andrew me pressiona.
- Ela precisava ficar um pouco quieta, e daqui a pouco vamos começar a treinar, ela não pode ver, não é? Já está quase anoitecendo, se preparem - abro a porta e percebo todos me olharem. - Quando estiver pronto, apareça no galpão para me ajudar Ravi.
Fecho a porta e paro olhando para nada específico. Eu sei que sou impulsiva e mandona, mas aquela garota já estava me dando nos nervos, foi gratificante dar aquele soco e não ouvir mais a voz dela.
Não posso fechar os olhos para o que estou fazendo. Passos minhas mão no rosto na tentativa de acalmar os nervos. Sei que parte da minha raiva é por conta da notícia, por acumulo de todos os últimos acontecimentos. As coisas só parecem piorar para gente, e veem com tudo, sem nenhum freio, sem qualquer remorso. Ainda somos adolescentes, ou não? Todo o nosso mundo girou e, a cada segundo que passa, cada milésimo, tende a piorar.
No que estamos metidos? O que somos? E ONDE ESTÃO NOSSOS PAIS? Questiono-me se isso não é mesmo um filme, parece tão irreal, paranormal. E pensar, questionar essas coisas, só piora. Isso tudo está se tornando um caminho sem fim, onde tropeçar é inevitável e perguntar como aquela pedra chegou ali é um ato de loucura.

Como prometido aí está, eu ia até postar antes, mas o note me passou a perna e não salvou o que tinha escrito, fiquei muito bravo, enfim.... tô melhor agora. Me desculpem por qualquer erro, não esqueçam da estrelinha de vcs <3 e do cometário tbm, obg por ler, até a próxima. abraços.

O Destino Dos Guardiões - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora