As luzes piscaram freneticamente por alguns instantes, saltei da cama e caminhei em passos rápidos até o interruptor, as outras três meninas com quem compartilhava o quarto sequer se moveram na cama. Liguei e desliguei o interruptor sentindo um leve sopro em meu pescoço. Encarei a janela do outro lado do quarto sem entender o que acontecia. A iluminação voltou ao normal, encarei as paredes cinzentas sentindo minha garganta secar, precisava de um copo de água. Escorei a porta sem fazer barulho e desci a enorme escadaria logo entrando na cozinha, puxei uma caneca velha e enchi o copo em um daqueles filtros de barro. Tudo naquele lugar me dava nojo, mas eu não tinha outra opção.
-Senhorita Pitesburg! – voz enjoativa da diretora - e supervisora incherida as vezes - soou e eu dei um pulo derramando metade da água no chão. – O que faz aqui uma hora dessas? – virei o corpo encarando a carranca da velha.
-Bebendo água não é obvio? – disse despreocupada, não havia nada pior que ela pudesse fazer comigo que eu já não estivesse passando.
-Volte para o seu quarto jovenzinha, não é.. –ela fez uma breve pausa me encarando e então senti algo tocar as minhas costas virei o rosto rapidamente percebendo que nada estava atrás de mim – seguro – completou fazendo um movimento estranho com os dedos. – Vá agora! – ordenou e eu assenti. Larguei a caneca na pia e fiz o caminho de volta pelos corredores daquele internato imundo. Puxei a porta e estranhei quando encontrei o quarto com as luzes apagadas, tinha certeza que havia deixado ligada, mas logo imaginei que uma das acéfalas com quem dividia o quarto devia ter levantado e apagado. Toquei o interruptor e entrei fechando a porta atrás de mim, logo parei no meio do quarto ao perceber que nenhuma das três estavam ali. Ótimo, tinham aproveitado pra sair e se divertir sem mim, não que fossemos amigas, mas eu sempre estava disposta a me divertir.
Aconcheguei-me embaixo da coberta e encarei o teto por alguns instantes, aquela droga estava prestes a desabar, virei o corpo abrindo a gaveta e procurando pelo meu ipod, afundei mais a mão procurando pelo aparelho, se aquelas idiotas tivessem mexido no meu sagrado ipod eu juro por De...a gaveta se estabacou fazendo um estrondo no chão velho de madeira. Curvei o corpo sem levantar da cama e puxei a gaveta vendo a mesma desmontar em minhas mãos, um livro velho caiu do que parecia ser um fundo falso, soltei a gaveta e estiquei o braço agarrando o livro que soltou pó.
Aninhei-me na cama e encarei as paginas amareladas, depois de folhear o pequeno livro cheguei a conclusão de que era um diário, a letra era ruim e haviam varias rabiscos mas parecia ser algo que me deixaria entretida até que o sono viesse. Abri em uma pagina aleatória e comecei a ler.
Quinze de março de 1865!
"Querido diário, hoje foi um dia fora do comum, enquanto papai e mamãe andavam pelo campo eu me atrevia a sair de meu quarto e caminhar pelo casarão, parei ao pé da escadaria vendo ele me encarar de longe. Ele era bonito como nenhum rapaz conseguiria ser. Nossa troca de olhares foi intensa, em um instante estávamos correndo pela cozinha e no outro meu corpo se chocava contra seu colchão duro. Não podia mais negar, apenas beijos e palavras promiscuas não me satisfariam mais eu precisava que ele me tocasse ou até mesmo que tomasse como sua. Sabia que seria uma desonra caso soubessem do que se passava naquelas quatro paredes, mas tudo em que eu pensava era qual seria a sensação da união das nossas carnes."
"Desta vez não me encabulei ou o impedi de continuar o caminho de suas mãos traçavam pela minha coxa, ele caminhou sem medo passando pela frente da coxa e subindo até o umbigo, meu corpo vibrou e a minha pequena ardeu pedindo que sua mão descesse mais e assim ele fez. Suas mãos grossas e ágeis desceram pela minha virilha delicadamente tocando-a por cima da minha peça de roupa. Seus dedos desceram a acariciando levemente como se a desenhasse, fez o caminho de volta calmamente massageando e apertando em pontos que me faziam soltar sons sôfregos."
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Página Vinte Seis
Mystery / ThrillerSeja bem vindo a Chermont ! Um internato para adolescentes renegados por suas famílias. Onde qualquer insanidade se transforma na melhor distração. O lar de criaturas que se escondem nas sombras e te enfeitiçam com sua luz. Almas solitárias...