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Notas Iniciais: 

Antes de partir para este capítulo gostaria de agradecer por todos aqueles que me acompanham desde que comecei, aqueles que surgiram depois e até mesmo quem mais aparecer. Sei que faz muito tempo desde o hiatus da história e exatamente por essa razão peço desculpas antecipadamente por qualquer estranheza que o capítulo pode vir a trazer, de fato faz muito tempo que não sento para escrever essa história, acredito que perdi a mão e provavelmente não consiga alimentar as expectativas de vocês quanto ao que já foi escrito. No entanto vou fazer tudo que posso para continuar escrevendo e finalmente finalizar essa trama. Aproveitem a música escolhida para o capítulo. 


XX.


Custo a acreditar que a imagem refletida no espelho de pouco mais de um metro, cravado na parede acima de longa pia de granito cinzento do banheiro, sou eu. O vestido de tecido fino e leve cobria meu corpo até a altura dos tornozelos, sem mangas, meus braços também ficavam a mostra a partir dos meus ombros, um decote em formato da letra U deixava parte do meu busto a mostra, nada fora do normal mas permitia que usasse um colar que não visitava eu pescoço desde que havia chegado ali. Mamãe havia me dado quando completei quinze anos, a corrente em bronze se completava com um pingente que imitava uma esmeralda polida em forma de coração. Costumava ser uma das minhas peças favoritas, era lindo de ver mesmo sabendo que não tinha valor monetário. Cada vez que a olhava tinha a sensação de que era amada, mas hoje era apenas uma peça bonita que completava a fantasia. 

Meus fios de cabelos costumeiramente emaranhados graças o um desleixo que eu pessoalmente considerava charmoso, as vezes, estava bem penteado. Os cachinhos se desenrolavam por meus ombros por mais um palmo, partido na lateral as mechas foram frontais foram enroladas de forma delicada e postas para trás permitindo ver meu belo rosto, isto nas palavras de Natalie e Mia que lutavam para decidir que iria borrar meu rosto com seus pinceis, não havia muitas opções e talvez por essa razão as garotas que andavam pelo banheiro com suas fantasias e cabelos esvoaçantes usavam o mesmo batom. Me sentei na cadeira improvisada, era um caixote que Sasha havia arrastado da cozinha até ali, as freiras não permitiam que pegassem as cadeiras da sala de aula, o que certamente facilitaria nossas vidas. 

Os dedos frios de Mia tocam meu queixo puxando indelicadamente para que encarasse sua face. Próxima demais. Logo penso ao notar sua respiração batendo contra a minha, ela olhava fundo nos meus olhos como um escultor encarando sua montanha de barro prestes a ser esculpida. Mia tinha os olhos de cores diferentes, um azul bastante pigmentado e o outro esverdeado, mas não muito, havia um pouco de castanho. Seu cabelo era cheio, volumoso e com as pontas descoloridas, combinava com suas sobrancelhas grossas e o nariz largo com um buraco de piercing. Entendia a razão pela Natalie falava da garota a cada oportunidade que tinha. Menos sobre seus dedos, por pouco não arranca minha cabeça tentando acertar o blush, quando considerou beliscar minhas bochechas fugi do seu toque me colocando de pé para olhar no espelho. Chamaria de uma obra de arte o que ela havia acabado de fazer quando me lembrava de como estava horas antes, minha aparência era radiante o suficiente para me fazer questionar outra vez se era a Sabine, eu, a frente do espelho. Ninguém jamais acreditaria nas coisas que havia feito se me visse vestida daquela forma, talvez fizesse sentindo quando dizer que nada pode ser visto embaixo de uma bela imagem. Talvez por isso ninguém acreditaria que Heloise um dia tenha sido qualquer coisa além da pobre vítima. Garotas bonitas e maquiadas não são uma ameaça, elas são apenas puras.

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