XXIV

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Notas Iniciais: Sugestão de trilha sonora Beautiful Crime by Tamer.


Meu plano falhou. Estamos condenados. 

O monte de tralhas no baú queima, entre as labaredas violentas vislumbro o sorriso demoníaco e glorioso dela. Desliza no ar em nossa direção, vagarosamente, certa de que não havia motivos para se apressar, afinal, o que poderíamos fazer.  

Leslie tem os olhos cobertos por uma camada de névoa branca, é óbvio que quem esta no controle é Heloise. Posso sentir a dor na nuca de sempre, o cheiro podre no ar. 

Me apresso colocando-me entre meus amigos, preciso ser um escudo agora que dou-me conta de que estão a frente dela por minha culpa.

– Não se cansa de tentar enfrentar-me e falhar? – indagou analisando com uma falsa pena. –E dessa vez ainda trouxe seus amigos. Oh Sabine, sempre tornando tudo mais fácil para mim.

– Seu problema é comigo e não com eles. – minha voz não falha, mas sinto meus dedos soarem. Sua presença era demasiadamente forte naquele momento. Parecia carregar tudo de ruim consigo. – Deixe os ir.

– Tudo bem, deixarei. – Parou próxima a mim, menos de um metro, e encarou-me os olhos. –Saía. – olhou por cima do meu ombro em direção aos garotos.

Eles não se moveram.

– Estão esperando o que? Vão. Saíam. –brando gesticulando para que deixem o local.

–Diabos, não! Ta maluca, eu não vou a lugar nenhum. –berrou George de olhos arregalados. – E você sua corna, vai se foder.

– Eu também não vou a lugar algum. – Garantiu Timothy.

Desvio o olhar de um ao outro perguntando-me se convivio com as pessoas mais estúpidas ou mais leais da face da terra. 

– Qual o problema de vocês ? Apenas saiam, não tem ideia do que ela pode fazer. – Heloise nos encarava com uma expressão angelicalmente demoníaca, pareia se divertir com a cena. E isso me dava arrepios. 

– Não importa, não vamos te deixar aqui com ela...isso. – resmungou Tim dando um passo a frente e ficando ao meu lado. 

– Tim...–  balanço a cabeça em negação. – Você não entende...

A risada alta e estridente soa por meus ouvidos acompanhada de um trovão que faz os céus tremer. Nossa atenção move-se a ela e os olhos enevoados que nos assistiam.

– São pateticamente fofos. Agora entendo por que essa casca te odeia tanto. – cantarolou voltando a se mover lentamente em minha direção. – Essa sua mania de tentar pegar o que é dos outros. De engana-los com a sua falsa inocência. – tocou-me o queixo com a ponta do dedo. Seu hálito fedia a algo podre, como se tudo por dentro de si estivesse em estragado.  –Mas hoje, isso acaba.

Penso em respondê-la, dizer que não tinha medo das suas ameaças, mas não tenho tempo.

Timothy tem o corpo suspenso no ar, batendo as pernas  grunhiu levando as mãos em direção ao pescoço, estava sendo asfixiado. 

– Pare! –berro vendo o garoto se contorcer no ar em dor. O rosto se avermelhando como um tomate. Entro em pânico. Ela vai o matar.  – Sua doente, pare. Você vai mata-lo. 

Avanço em direção ao corpo de Leslie a empurrando, uso toda a força que tenho e acabo sendo arremessada metros para trás. Rolo no chão enlameado até atingir o tronco de uma árvore e parar. O impacto me faz choramingar em dor. Na verdade, quero chorar, mas não tenho tempo de pensar na minha dor. 

Página Vinte SeisOnde histórias criam vida. Descubra agora