13. Rage

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Anteriormente em Tough Love:

 Depois da minha resposta vi os seus olhos ficarem mais escuros, mais carregados de raiva, e ele agarra em ambos os meus pulsos encostando-me a um cacifo. Sentia-me vulnerável nesta posição, completamente incapaz de me proteger quer fisicamente quer psicologicamente. A nossa proximidade tinha invadido o espaço pessoal em grande escala. Ele voltou a inspirar mas desta vez não para controlar a raiva mas sim para controlar uma sensação que eu desconhecia. “Não brinques com o fogo.”

 “Não tenho medo de me queimar.” Senti novamente a eletricidade entre nós mas não fraquejei e olhei-o de forma determinada.

***

 Ele inspirou uma, duas, três vezes, soltou-me, mas continuou a invadir o meu espaço pessoal. “Estás a brincar com quem não deves Candice.” Ele sussurra no meu ouvido provocando-me um intenso arrepio. Mordi o lábio para não me atirar de cabeça. Respirei fundo e encarei os seus olhos. “E pára de morder o lábio!” A sua voz estava rouca, quase um grunhido. Os seus dedos traçaram o meu lábio inferior fazendo com que os meus dentes o largassem.

 Foi aí que se intensificou. Uma corrente entre nós, um íman a puxar-me para perto dele, um chamamento sedutor. Ele baixou a cabeça e eu aproximei-me ainda mais. Respirar tornou-se difícil e toda a minha atenção estava focada nas suas esmeraldas verdes, aqueles olhos que por meros segundos pareceram meigos. Quando os nossos lábios rasparam foi como um choque, a partir desse momento eu só conseguia pensar nele e nele.

 Inspirei uma grande lufada de ar e fui invadida pelo seu cheiro a menta. Todo ele era um chamamento, um caminho aberto para o precipício. E, quando eu estava prestes a lançar-me, ele afasta-se bruscamente, passando ambas as mãos pelo cabelo, não um ato de frustração mas sim um ato de desespero. Os seus olhos estavam escuros, quase negros. Não entendi bem o que é que ele estava a sentir até ele dar um soco, um fucking soco, num cacifo que estava próximo de mim! O estrondo fez-me saltar de susto e o meu coração acelerou tanto que estava quase a rebentar de adrenalina.

 “Descontrolas-me Candice!” Ele gritou, sem sequer se preocupar se alguém ouvia. Simplesmente deitou cá para fora o que sentia, como uma criança revoltada. “Tu descontrolas-me de tal forma!” Ele voltou a gritar e a acertar, desta vez, no cacifo do lado oposto com o outro punho. Fiquei novamente encurralada mas desta vez não me sentia apenas desprotegida, sentia-me também com medo.

 “Afasta-te Harry.” Eu disse colocando ambas as mãos no seu peito e tentando afastá-lo, mas sem efeito. Não queria demonstrar que as suas atitudes me assustavam, mas, por muito contraditório que seja, eu sabia que ele não era capaz de me magoar. Chamem-me estúpida, tapadinha ou até mesmo ingénua, mas eu sentia que ele seria incapaz de me fazer qualquer tipo de mal, pelo menos fisicamente.

 “Não Candice! Afasta-te tu de mim. Deixa-me em paz, eu não quero saber da tua estúpida existência.” Ele cospe as palavras bem na minha cara. Sem qualquer tipo de arrependimento ou compaixão. E aí está, fisicamente eu sei que ele não é capaz de me magoar, mas psicologicamente ele é capaz de me torturar. O nó na minha garganta voltou a formar-se mas desta estava mais apertado, doía cada vez mais estar na sua presença e as lágrimas começaram a formar-se. Fiz força, muita força para as conter, mas elas eram mais fortes do que eu e rolaram pelo meu rosto.

 “Estás a chorar?” Ele diz rindo-se de forma sarcástica. “Eu não acredito que realmente pensavas que eu queria alguma coisa contigo. Deixa de ser ingénua miúda, eu tentei comer-te mas nem para isso serviste.” A cada palavra dele um pedaço da minha dignidade caía no chão. A minha única reação foi levantar a mão para lhe dar um estalo, mas até na minha mão ele agarrou.

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