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 Quando acordei no dia seguinte, não abri os olhos. Eu rezava para que tudo não tivesse passado de um puta horroroso pesadelo.

Só acreditei que era verdade, uns dias depois.

Todas as manhãs eu tomava o café no Caldeirão Furado, onde gostava de observar os outros hóspedes: bruxas do interior, que vinham passar o dia fazendo compras; bruxos de aspecto venerável discutindo o último artigo do Transfiguração Hoje; bruxos de ar amalucado; anões de voz engraçadas; e, uma vez, alguém, que tinha a aparência suspeita de uma bruxa malvada, pedira um prato de fígado cru, o rosto semiescondido por uma carapuça de lã.

Eu gostava de me sentar na sacada de meu quarto e observar o movimento da rua, ou ler um livro.

Às vezes eu acompanhava meu irmão para o pátio dos fundos, onde ele me mostrou ser a entrada para uma... Londres bruxa, mais conhecida como Beco Diagonal. 
Aquele lugar me deixava extasiada. Era maravilhoso. Eu nunca tinha visto um lugar mais incrível. As lojas, criaturas, pessoas e objetos. Não me lembrava de ter conhecido um local igual ou parecido.

 Todas as tardes, após o almoço, Harry e eu nos sentávamos na calçada da Sorveteria Florean Fortescue, onde ele terminava  suas redações e eu conversava com o próprio Florean e recebia, a cada meia hora, sundaes de graça.

Conheci a loja de varinhas do Sr. Olivaras; a loja de roupas; o banco dos bruxos, Gringotes; a loja de artigos de Quadribol, entre outras coisas.

Era tudo muito novo e muito emocionante. Todas as manhãs, eu descia oubindo música em meu walkman e às vezes embarcava numa longa conversa com o bruxo que cuidava do bar da pousada e nós passávamos quase a manhã inteira dando gargalhadas.

Harry e eu compramos nossos materiais e eu adquiri meu uniforme de Hogwarts.

...

No último dia de férias, eu já não me sentia mais apreensiva para ir à Hogwarts, pois ficar hospedada no Caldeirão Furado havia feito eu perceber que aquele era meu lugar. Em meio às pessoas iguais a mim.

Eu saí de manhã cedo, sem Harry, para ir a uma loja de brincadeiras, minha favorita até então.

- Dia Cuca! - Cumprimentei o senhor, que era dono da loja.
Ele me deu um sorriso gentil. Era um dos velhinhos mais legais que eu já tinha conhecido.

- Menina, já veio gastar todo o seu dinheiro aqui de novo? - Ele gargalhou. Uma risada contagiante.

- Eu? - Questionei, fazendo graça. 
- NUNCA!

Ele riu mais ainda.

- Aliás, o que tem para mim hoje?
- Perguntei, espiando por cima do balcão.

Ele fez uma expressão pensativa. E logo depois sorriu.
Desapareceu do balcão por um instante e logo voltou, com um embrulho de presente nas mãos. Ele o estendeu para mim.

Eu arregalei os olhos.

Nunca tinha ganhado um presente de um estranho. Muito menos um grandão daquele jeito.

- Pra você. - Ele disse, sorrindo. - Acho que fará muito bom uso em sua nova escola.

Abri um dos maiores sorrisos da minha vida.

- Muito, muito obrigada! - Gritei, abraçando-o por cima do balcão.

Ele riu novamente.

- Não há de quê! - Respondeu ele, ainda com o sorriso no rosto - Só, use-o com sabedoria. Agora vá, seu irmão deve estar à sua procura.

Agradeci mais algumas vezes e então saí, correndo para o Caldeirão Furado.

- oh - ho! Onde é o incêndio Srta. Potter? - O atendente questionou, rindo.

O Amor É Ruivo (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora