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No dia seguinte, puta merda, eu desejava com todas as minhas forças que tudo não tivesse passado de um sonho. Mas obviamente nada mudou.

Eu me obriguei a levantar, por mais que estivesse com a energia digna de um tijolo e minha vontade fosse a de passar o dia chorando em minha cama, ou dar uma desculpa de dor qualquer, para passar o dia na enfermaria.

Resumindo, eu só queria chorar e dormir.

Contudo, o universo não ficaria pausado durante a minha fossa. Apesar de ser domingo, o café da manhã não ia esperar até às 15:00 horas e as pessoas não iriam esquecer minha existência.

E apesar de todos os fatos, eu continuava deitada.

Eu só não sabia o que fazer.

Okay, eu ia levantar, sair do quarto e ir tomar café. Mas se eu encontrasse Percy no corredor, ou na sala comunal, ou nas escadas? Como eu reagiria?
Definitivamente, eu não sabia.

Provavelmente iria gritar com ele, mas e se eu começasse a chorar e fugisse? E se eu me descontrolasse?

Temendo por obter respostas para alguma das perguntas - e ouvir Dark dizer "eu avisei" pela quinta vez -, meu primeiro ato após ficar ligeiramente menos morta, foi ir ao dormitório de George.

Era extremamente fácil entrar em um dormitório masculino.

- George, sou eu. Fred está aí?

- Se ele estivesse aqui, eu não estaria. - O garoto respondeu, abrindo a porta. - Aliás, o que você faz aqui nessas horas? Pensei que depois de ontem, você ficaria exilada no seu dormitório até segunda-feira.

Ignorei a ironia de sua voz e o empurrei, entrando no dormitório.

- As pessoas me procurariam no meu dormitório. Já no seu...

- Bem, faz sentido. - Ele ergueu e baixou os ombros. Parecia estar tão animado quanto eu. - Como você está?

Deitei em uma das camas e me pus a observar o teto.

- Com fome. - Suspirei. - E você?

George fez o mesmo movimento que eu.

- Com uma vontade fodida de deitar dois dos meus irmãos na porrada.

Dei risada. George era sempre extremamente dramático.

Um silêncio se estabeleceu entre nós. Mas ele não me incomodou; na verdade, eu estava muito ocupada pensando nos acontecimentos da noite anterior para me preocupar com um clima estranho entre mim e George.

Mas mesmo assim, George me chamou após ficar alguns minutos em silêncio.

- Hm, Melissa?

Pausei minha avaliação minuciosa do teto, para dar atenção ao garoto.

- Fala.

- Você já teve uma ideia, não é? - Questionou ele, com o olhar fixo em mim. Parecia ter expectativa de que eu fizesse algo épico. Uma pena para ele, pois eu estava tão morta quanto os fantasmas que zanzavam pelo castelo. - Para ajudar o Fred a sair dessa?

- Você quer que eu minta, ou que te iluda e pense em algo agora? - Respondi, me sentando na cama. Passei a mão por meus cabelos, tentando fazer com que alguma ideia viesse à tona.

- Me ilude que eu gosto. - Respondeu ele, me lançando um sorriso cínico.

Fiz uma careta para ele.

- Eu te odeio. - Respondi, me levantando. George sorriu animadamente. - Fica aí, vou pegar umas coisas no quarto.

O Amor É Ruivo (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora