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- Entenderam?

- Sim, Capitã!

O corredor da Sonserina parecia menor do que de costume. Vazio, por conta do almoço.

Os meninos continuaram a me encarar.

- Estão esperando o quê? - Assim, eles se dispersaram, restando apenas Frederick ao meu lado.

Era isso, entrar na Sonserina.
Não fora um desenrolar complicado; o ingresso era muito parecido com o da Grifinória, por palavra-passe.

Estando no interior, observei a esplendorosa sala, toda adornada por prata - realmente prata, não só a cor em si -, repleta de luxo.

- Como você sabia a senha da Sonserina? - A desconfiança naquela pergunta nada mais era que um ciúmes velado.

Curvando meus lábios, lhe mostrei minha insolência.

- Tenho meus meios.

O descontentamento exposto em sua expressão, por conta de minha resposta, me divertia. Ver seu rosto se converter naquela breve careta, onde o nariz se franzia e seus lábios formavam uma linha reta - sinal explícito da contrariedade -, me deixava boba.

Bem mais do que eu estava ao analisar a Sala Comunal da Sonserina. Ou eu deveria dizer Salão Comunal?

Já esperava um certo luxo por parte dos Sonserinos, afinal, a maior parte da elite do mundo bruxo era selecionada para lá; contudo, ia muito além.
Aquele local ia muito além.

Desde que fora selecionada e acomodei-me na Grifinória, sempre imaginei como seriam as respectivas salas comunais das outras três Casas.
Vendo suas plantas através do Mapa do Maroto, idealizei cada cor, decoração, o clima de cada uma em si.

No entanto... Assentos de couro? Os ofídios estavam me saindo melhor que as breves suposições.

O ambiente em si era ornamentado por um lustre, que possuia luzes - seriam cristais? - as quais lhe caíam majestosas, como uma cascata.
Muito diferente da Grifinória, que era circular, o ambiente era quadrado; com tapeçarias de um tom verde profundo estampadas por pequenos losangos prateados, que davam ar de imponência aos sonserinos medievais ali representados. É claro - como esperado - haviam figuras das serpentes para onde se olhasse, principalmente no monumento emoldurado acima da grande lareira, onde duas cobras entrelaçadas sibilavam uma para outra, em constante posição de ataque.

Os sofás de couro distribuídos pela sala, com sua classuda estampa de botões, em preto e verde escuro, davam um ar de grandioso àquele calabouço frio, contrastando perfeitamente com a inépta luz verde que banhava o ambiente.

O concreto cuidadosamente esculpido das colunas, misto aos crânios que decoravam alguns pontos do lugar, me deram arrepios na espinha.

- Grandiosos e frios... Combinam com as cobras. - Constatou Fred, se jogando em um dos largos sofás. - Tenho de admitir, eles tem estilo e dinheiro.

Ele assobiou, passando a mão pelo encosto baixo e fazendo com que um pequeno ruído se fizesse ouvir, por conta do couro.

- Foco. Na. Missão. - Sibilei pausadamente, censurando-lhe. - Se chegar algum cobrinha aqui, vão dar detenções até aos nossos tataranetos.

Se levantando à contra-gosto e bufando ao fazê-lo, ele caminhou em minha direção.

- Qual a graça de infiltrar no inimigo e não tirar uma casquinha?

Usei todo o meu sarcasmo ao encará-lo.

- Frederick, nós já vamos bagunçar os quartos do time da Sonserina e, por Merlim, olhe o couro desse sofá, acha mesmo que não vão perceber se aparecer um rasgo ou um amassado diferente? Já falei, temos que...

O Amor É Ruivo (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora