25

4K 287 349
                                    

- Harry vai perder. Não é nada pessoal, mas...

Minha mão espalmada em sua nuca o interrompeu.

- Ai! Esse doeu, amor.

- Da próxima vez, vai ser um chute. - Ele pareceu tentado a dizer mais algumas coisas, mas sabia que eu cumpria minhas promessas. - Ele é um Potter. Não vai perder.

- Não vai não amor, não vai. - Apesar da resposta, Fred nitidamente permanecia cético.

Não ia julgá-lo tanto. Afinal, por mais que eu evitasse titubear ou admitir, sabia que as chances de Harry passar naquela prova eram muito pequenas.

- Tenho fé nele, Frederick. - Não tinha certeza se o reafirmava para ele ou para mim mesma.

O ruivo me abraçou mais apertado do que usualmente, antes de desaparecer junto de George.

Desci sozinha - junto com Darkian, na verdade - até o cercado dos dragões. E sentia o suor me escorrendo pela nuca, contrastando com o calor do nervosismo presente em meu corpo.
Durante a longa marcha, os alunos das outras casas - até mesmo a Lufa-Lufa - pareciam apiedar-se de mim; um gesto que deixou mais furiosa.

Ali, mais do que nunca, senti o impulso de me descontrolar.

O lugar estava abarrotado de pessoas, o que me fez pensar que se Harry não surtasse pelos dragões, o público com certeza o faria.

Sentei, me sentindo estranhamente silenciosa. Tinha a sensação de vômito e me esforçava para manter meu lanche em seu devido lugar, por mais impossível que me parecesse.

Sem avisos, Hermione brotou ao meu lado.

- Rabo-Córneo húngaro. - Ofegou, passou a manga da blusa pela testa, secando um suor inexistente. - Fui à tenda dos campeões...Harry pegou... O Rabo-Córneo...

Minhas costelas queimaram entre si e também meu peito.

- Como ele está? - Fui cautelosa ao abrir a boca. Não confiava miito em meu organismo naquele momento.

- Parece frio... Inexpressivo, sabe? - Hermione se esforçara para me explicar. Mas ela não precisava.

Eu o conhecia, de tal qual aquela expressão.

- Parece que ele nem está ali, não é? - Granger acenou em acordo. - Isso é ruim. Muito ruim.

Dali em diante, eu fiquei preocupada durante toda a competição. Ao ver Cedrico ser quase derrotado, perdi as estribeiras. Imagine ele, fazendo uma transfiguração cruel como aquela, fazendo o dragão escolher um cachorro inocente ou ele.

Fleur não foi traiçoeira como o Diggory. Ela o fez dormir com um feitiço e apanhou o ovo, mas saiu com um arranhão.

Vítor... Foi bem burro, fazendo o dragão pisotear quase toda sua ninhada antes de conseguir pegar o ovo.

- E aí vem o quarto campeão! - A voz de Bagman foi o gatilho para o enjoo voltar a mim. - Senhoras e senhores, recebam... Harry Potter e o Rabo-Córneo húngaro!

E lá estava ele. Harry parecia-me apenas um pontinho em meio aquele cercado enorme. O dragão estava do outro lado, protegendo seu ninho, com os olhos amarelos fixos no garoto.
Meu irmão não olhou vez alguma para cima. Nem o barulho ensurdecedor dos espectadores foi capaz de desviar seu foco.

- É isso aí Harry. Foco. - Ninguém nunca me ouviria. Mas eu precisava. Precisava aliviar a aflição, falando comigo mesma. - Você vai conseguir. É só um jogo.

Ele ergueu a varinha e não muito tempo depois, a Firebolt já cortava os ares.

- Uma manobra genial, senhoras e senhores! - Bagman gritou, gerando um novo estardalhaço na torcida.

O Amor É Ruivo (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora