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Sabe quando se ouve um daqueles ruídos esquisitos na madrugada?
A impressão de ter ouvido um abrir de armário me atormentou durante um certo momento da manhã. Mas como eu dormia com mais três meninas, não dei muita atenção.

Era comum algumas das garotas se levantarem e ficarem zanzando pelo quarto.

Voltei a dormir. Afinal, não devia ser nada demais.

Mas era sim. Como era.

O que sei é que ao acordar aquela manhã, fui surpreendida por comentários nervosos de Hermione e Gina, quando ainda estava de olhos fechados.

- Já tentamos os feitiços de reversão, Hermione! - Era a voz de Lilá. Soava mais nervosa do que eu jamais vira.

- E agora, Granger? Ela vai surtar se vir o que aconteceu!

- Não conheço mais nenhum jeito!

- O que foi? - Reclamei, antes mesmo de abrir os olhos. Era véspera de Natal e eu queria me dar ao luxo de dormir mais um pouco antes dos preparativos finais para o baile.

Rolei na cama, acidentalmente mastigando meu próprio cabelo. Fui forçada a abrir os olhos, retirando-o da boca.

No primeiro momento, não acreditei em meus próprios olhos, tanto que os esfreguei, pensando ser um súbito problema de visão.

Corri até o espelho do quarto, com a mecha de cabelo em mãos.

- A... O-O... - Gaguejar enquanto passava os dedos entre os fios, era a única coisa que eu conseguia fazer. Tentei puxá-los, ver se era apenas uma brincadeirinha sem graça, como uma piruca. Mas a raiz estava num tom de azul ridiculamente forte. - Azul.

- Não ficou t-tão ruim assim, não é? - Lilá foi a primeira a se manifestar, tomando o cuidado de não se aproximar muito.

- Não está tão ruim? Não está tão ruim? - Eu tremia e estava para chorar de raiva. - Meu cabelo está AZUL, LILÁ! Azul!

Só queria gritar e sair socando toda e qualquer coisa. Comigo? Aquilo tinha de acontecer justo comigo?

- Não sabemos quem foi, Melissa. - Consolou-me Hermione. Ela teve coragem ao se aproximar; nem eu mesma estava certa se era seguro ou não. - Tentamos resolver antes de você acordar, mas nada funcionou.

- O vestido? Algo aconteceu com ele também? - Inspirei pesadamente, antes de caminhar até o armário. - Ouvi barulhos ontem, devia ter me levantado para ver.

As meninas me deram espaço para ver a desgraça. Meu belo vestido que uma vez fora azul acinzentado, se tornara num desgostoso tecido cor chá, com seus babados alternando-se entre um creme envelhecido e o tom chá.

Me segurei muito para não chorar na frente das garotas. Era só um vestido, afinal. Só um monte de pano caro costurado.

Queria me convencer daquilo.

Mas meu cabelo... Meu cabelo não. Pelas minha madeixas ruivas eu choraria. Era mais do que cabelo. Para mim, era como ter minha mãe comigo. A única coisa que realmente me importava na aparência.

- Sinto muito. - Disse Lilá. Sua atitude me surpreendeu, jela era a que eu menos esperava me dar alguma espécie de apoio. - Podemos ir até McGonnagal, acho pode dar um jeito no vestido... Ela já fez algo parecido para mim.

- Já o cabelo... - Granger estava sem graça por me dar aquela notícia. - É um feitiço muito forte. Acho que nem a Prof. Minerva vai conseguir.

Engoli meu choro, seguindo o dia.

Enquanto descia para o café da manhã, me senti um pavão. Todos, todos descaradamente viravam a cabeça para me observar. Normalmente, eu não não reclamaria. Gostava de atenção, gostava mesmo.

O Amor É Ruivo (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora