7. SUSPIRO - PARTE I

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7. SUSPIRO

Os primeiros raios de sol invadiram meu quarto por uma fresta mal fechada da cortina. Não foi suficiente para me acordar. Passei tanto tempo em claro entre imagens destorcidas, sons reais e imaginários que algo maior teria que acontecer pra me despertar. E isso era certo.

O telefone tocou como se estivesse com a campainha no último volume. Eu quase caí da cama e me desesperei. Tinha que dar um jeito de controlar o grau dos meus sustos pra não acordar também meu coração.

- Alô?

- Sofia?

- Mãe!

- Oi, querida. Está tudo bem? – ela pôde ouvir meu suspiro involuntário. – Meu bem, tem algo errado?

Como ela consegue fazer isso?

- Não. Eu estou bem sim, e você?

- Estou ótima também.

- Ligando tão cedo?

- Só pra checar – ela falou rindo

- Não se preocupe, estou bem.

- Certo, se precisar, ligue para mim.

- Deixa comigo, mãe. Te amo.

- Te amo, beijinhos.

- Beijos.

Não me senti confortável pra contar o que havia acontecido. Apesar de ter sentido vontade fiquei com medo de falar sobre as dores e as palpitações da noite passada. Afinal, hoje era um novo dia, eu estava bem e continuaria assim. Era o que eu queria acreditar.

Enquanto me aprontava pra ir até a pâtisserie, me peguei duas ou três vezes apalpando meu peito com receio de sentir algo errado. Mas, felizmente, nada de estranho aconteceu novamente e eu comecei a me sentir aliviada, finalmente.

Antes de sair, preparei um chocolate quente para poder enfrentar o frio que fazia lá fora. Com um copo térmico numa das mãos, puxei com a outra um cachecol que estava pendurado atrás da porta e saí.

Antes de trancar a porta, dei uma boa encarada na porta do vizinho. Era como se o apartamento ainda estivesse desocupado. Até as caixas haviam sumido. A noite anterior parecia não ter existido, não se escutava nenhum som. Não havia sinal de uma alma viva sequer. Arqueei minhas sobrancelhas num ar de desdém, tranquei a minha porta e parti.

Na rua, senti o ar da manhã entrando por minhas narinas. Estava a ponto de congelar minha traquéia, mas ainda assim, era aquele perfume gelado da manha que era o meu preferido do dia.

- Sofia! – disse Madalena se encaminhando até mim com sua sutil alegria de sempre.

Eu me limitei em apenas responder com um contido "oi". Ela logo reparou que tinha alguma coisa me atormentando.

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