- Opa. Olha só quem resolveu voltar.
- Desculpe. Que horror, desculpe.
- Tudo bem, você foi uma boa companhia. Acredite.
- Sei – falou se ajeitando no sofá.
- Sentiu frio?
- Não, estava muito confortável, aliás estou fazendo uma força tremenda para ficar acordado.
- Não por isso, vire para o lado e volte a dormir.
- Até parece mesmo que eu seria capaz de fazer uma coisa dessas. O que está fazendo?
- Tive que me entreter com algo que fosse silencioso. Só me restou o computador. Posso dizer que estou trabalhando.
- Trabalhando? – falou incrédulo.
- Sim, e não tem problema nenhum. São apenas algumas receitas que estou trocando com alguns amigos. Verdadeiros tesouros. Totalmente restritas.
- Parece mais lazer que trabalho.
- Verdade. Talvez seja por isso que eu goste tanto. E as romãs? Vai deixar passar?
- Não, de jeito nenhum.
- Estão aí sob o abajur atrás de você.
Ele se virou para apanhá-las rapidamente.
- Olha só a cor delas.
- Era sobre isso que eu estava falando com você quando notei que eu estava num monólogo.
- Desculpe, Sofia – repetiu mais uma vez, agora com a boca cheia.
- Já falei para parar com isso.
- Tá bom... Mas hum... Não é só a cor que está linda, o gosto está uma maravilha também. Daria uma bela foto.
- Com certeza.
- Quer tentar? Eu tenho a máquina do celular.
- Eu tenho uma também.
Levantei do sofá e abri a gaveta do armário da sala com esperança que não tivesse deixado minha máquina em outro canto.
- Acho que está aqui – Falei confiante.
- Se não tiver use a minha.
- Está aqui! – exclamai feliz ao vê-la ali já que tinha medo que ele saísse do sofá e resolvesse não voltar mais. – Quer tirar?
- Quero – falou tomando a máquina das minhas mãos.
Quando pegou, examinou com cuidado e com um olhar de curiosidade.
- Máquina de filme? – quis saber intrigado.
- Sim. Não entrei na era digital, sou do século passado.
- Fazia tempo que eu não via uma. Mas são as melhores.
- Se não for assim nunca revelo as fotos. Gosto de ter álbuns.
- Os álbuns estão se perdendo mesmo. É uma boa essa sua ideia – falou ao aproximar a lente da fruta.
- Tem até zoom! – falou mexendo na máquina.
- Tem sim. Eu faço fotos dos cupcakes com ela.
Fiquei observando enquanto ele posicionava a tacinha com romãs sob a luz do abajur. Não pensei que ele fosse levar tão a sério, e pelo jeito parecia saber o que estava fazendo.
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O Novo Inquilino
RomanceSofia teve um problema no coração e precisou de transplante. Agora, Sofia tem um novo coração e um novo vizinho que vai oferecer muito mais que apenas uma xícara de açúcar. Uma história de amor que envolve um mistério capaz de derreter qualquer cora...