Capítulo 1. A queda

64 5 1
                                    

O policial pergunta pela centésima vez o meu nome completo, reviro os olhos de uma forma que ele não possa ver.
 -Melanie Mayers Walker. Quando eu vou poder sair daqui? -Pergunto com tédio na voz.         -Quando algum responsável por você aparecer ou você colaborar com a polícia.
Mordo o lábio para conter a vontade de voar na cara desse incompetente. Ouço passos e uma policial se aproxima de mim.
-Boa noite senhorita Mayers, preciso que me acompanhe até a sala do delegado, seu tio chegou. -Aceno com a cabeça e me coloco de pé, seguindo lado a lado da policial, mostrando língua para o policial chato. 
  Passamos por uns três corredores até chegar na sala do delegado, a policial bate na porta e espera a confirmação para que possamos entrar, ao ouvir a voz do delegado, adentramos a sala e rapidamente reconheço meu tio correndo para abraçar ele. Pela primeira vez posso sentir sinceridade neste dia ruim, ele me abraça tão forte que derramo as lágrimas que estava segurando. Então ouço um pigarreio e me viro para ver o rosto do delegado, gorducho, uma meia careca se formando e a barba feita, uma feição curiosa se instala na sua face ao me ver; me escondo nos braços do meu tio.
-Melanie, preste atenção, pois precisamos conversar com o delegado Phillips. Colabore por favor. -A voz grossa de meu tio me repreende, limpo o meu rosto e murmuro um "Desculpe-me", me virando para a mesa onde se encontra o Dr. Phillips, ando em sua direção e o comprimento com um aperto de mão e um sorriso rápido sendo retribuída com seu cumprimento e um aceno de cabeça.
-Primeiramente os meus pêsames pela grande perda de vocês. Preciso dar início às investigações e para isso necessito de informações com precisão. As datas de depoimentos já foram marcadas para os membros da família, empresa e amigos dos Mayers, o juiz já determinou algumas precauções e o Sr.Walker ficará com a guarda da senhorita Mayers até que ela complete 18 anos, e seja capaz de assumir as responsabilidades da empresa, assim o senhor também é responsável pela educação e indução da senhorita no ramo da administração da companhia. A guarda legal será passada ao senhor por meio de audiência e avaliações para aptidão da mesma. Os bens da família estará sobre custódia do senhor até que Melanie possa assumir, sendo restrito a venda, aluguel ou qualquer negócio envolvendo os bens até que a senhorita seja responsável e tome posse dos mesmos. Hum, acho que não esqueci nada. -Diz o delegado, com um profissionalismo incrível, deve ter anos no ramo, mas a frieza dele me incomoda.
  Minha cabeça está envolta de um turbilhão de pensamentos, fico ouvindo meu tio e o delegado conversarem mas não digo nada, a reunião acaba e eu não prestei atenção em nada, não quero saber de nada, pelo menos não por enquanto. Nos despedimos do Dr. Phillips e seguimos rumo à saída da delegacia, o carro de meu tio está logo na nossa frente e seu motorista desce para abrir a porta para nós. Adentro o carro e não vejo mais nada.

****

Acordo em um quarto desconhecido depois de um pesadelo, ainda está de noite e o silêncio chega a ser palpável. Me levanto da cama a procura de um banheiro, tem duas portas no quarto, abro uma e adentro um closet vazio, saio e abro a outra porta adentrando em um banheiro, lavo meu rosto e volto para o quarto, não sei aonde estou então saio do quarto dando de cara com um corredor imenso. Direita ou esquerda? Decido ir pela esquerda, vários quartos e já estou ficando cansada até que encontro uma escada que leva para o andar de baixo, desço para o hall de entrada da casa e descubro estar na casa de meu tio, estranho conhecer só a entrada, o jardim e algumas pequenas partes da imensa mansão onde estou. Procuro pela cozinha e a encontro, estou com uma fome imensa, abro uma das geladeiras e pego sanduíches prontos e refrigerante. Me sento no chão e como os sanduíches bebendo o liquido gaseificado, ao terminar deposito o prato na pia e retorno para o meu quarto que por sorte, deixei a porta aberta se não fosse por isso estaria perdida, me deitei na cama e dormir parecer ser difícil agora, não consigo parar de pensar em como aconteceu tudo e em como vai ser de agora em diante. Penso no acidente, em meus pais presos nas engrenagens e seus corpos deformados devido ao carro ter carbonizado. Minha tristeza é tão grande, choro lembrando em como fazia planos para a viagem que todos faríamos para a Itália no verão, lembro-me do sorriso calmo de minha mãe e da confiança de meu pai. Ainda não me é real a morte deles.

Acordo com o sol queimando meu rosto, malditas cortinas que não estão fechadas. Me levanto e sigo para o banheiro, escovo os dentes e tomo um bom banho vestindo o roupão do banheiro, pego a pequena mala que encontrei no mesanimo do quarto e procuro uma roupa minha, visto um short branco e uma regata frouxa preta, calço minhas sapatilhas e desço para a sala de jantar. 
-Olá Tio, bom dia. -Digo para meu tio que se encontra sentado na ponta da grande mesa, me sento também.
-Bom dia Melanie, dormiu bem? Acordou muito cedo para quem teve uma noite difícil! -Responde.
-Bom dia, foi difícil aturar pesadelos mas estou aqui e estou bem, como dormiu?
-Tive de sair para um pequeno imprevisto que seu primo causou, mas dormi muito bem.
 O restante do café da manhã foi em silêncio, meu tio pediu licença e se retirou da mesa, terminei meu café e fui para a sala de TV para ver se ocupava um pouco a mente.

CelesteOnde histórias criam vida. Descubra agora