Eu estava com um vestidinho preto justo na parte de cima e da cintura para baixo soltinho e rodado, um cinto lilás estava na divisória. Uma sapatilha florida nos pés, já disse que amo sapatilhas? Está quase anoitecendo, então decido descer para a sala e esperar Peet chegar, mas o mesmo já está pronto com uma calça preta e uma blusa azul marinho, se não fosse meu primo e melhor amigo, entraria na fila para pretendentes, pois Peter é lindo. Ele me olha de cima a baixo e coloca um sorrisinho no canto da boca. Sorrio também.
-Sabe Celeste, você está linda, mas essa roupa não fica bem para onde vamos. Vamos ao seu quarto e eu te ajudo a se vestir, por céus! Como você sairia a noite assim? Menina você precisa me acompanhar mais! -Diz ele me puxando pelo braço até meu quarto. Sorrio com sua ação. Entramos no quarto e ele vai direto para meu closet que é enorme, não conheço nem a metade dele, visto que uso roupas simples. Peet dá um giro de 360° para analisar tudo o que tem ali, então me puxa novamente para uma ala mais extravagante do closet. Muitos vestido estão ali, se usei 3 deles acho que é exagero. Peet passa vestido por vestido enquanto eu apenas fico rindo de sua atitude, até que ele olha pra mim e ergue uma sombrancelha, faço cara de desentendida e ele me analisa, balança a cabeça negativamente e continua seu trabalho. Então ele me olha novamente, e tira da arara de roupas um vestido preto, tem um decote meio exagerado e alguns detalhes pelo vestido. Ele me entrega o vestido e o olho com uma expressão de maldade.
-Francamente, você vai me levar aonde? Com esse decote quem me ver irá me comer com os olhos Peet!-Digo assustada.
-Pequena, você vai ficar linda, não se preocupe vou estar do seu lado e tenho até dó de quem tentar encostar um dedinho se quer em você. Te espero lá fora, fique linda! -Diz saindo. Espero ele sair e me troco, colocando o vestido que ele me deu e fico impressionada com o que vejo. Não tenho muito corpo, mas minhas medidas são ótimas e esse vestido valorizou todas elas. Decido colocar um salto da mesma cor do vestido. Vou para a penteadeira do closet e analiso as maquiagens que tem ali, passo algo simples nos olhos. Um rímel e delineador, na boca um batom vermelho, se Peter quer algo mais "adulto" é assim que vou estar. Depois de me olhar no espelho e me surpreender com o resultado, desço para a sala. Peter me olha e sei que estou aprovada.
-Nossa, a minha irmã é uma deusa e eu não sabia! -Peter cruza seu braço direito no meu esquerdo e eu sorrio com seu comentário, feliz por ele me chamar de irmã.
-Seu bobo, são só seus olhos! -Digo.
-Acho que tenho os melhores olhos do mundo.
-Besta, vamos logo. Você avisou Margot? -Perguto.
-Claro, você vai dormir no meu apartamento hoje. -Ele responde.
-Hey, quem te deu autorização pra sair me levando assim? -Saímos de casa rindo. O carro de Peter já está na entrada, um Audi a4 preto. Entramos e colocamos o cinto. O caminho foi cheio de piadinhas como sempre, apesar de Peter ser 2 anos mais velho ele ainda é uma criança por dentro, me sinto protegida com ele. O carro segue direção à um bairro conhecido pelas várias festas que acontecem nas baladas noturnas.
-Peet, não vai me dizer que vamos para alguma festa? -Pergunto, um tanto com medo.
-Sim priminha, vamos para uma festa e vamos nos divertir. Agora sem restrições e chatices para nos impedir. Relaxa! -Responde ele e posso ver o seu sorriso sacana mesmo sem olhá-lo. Ele estaciona o carro no estacionamento de uma boate na qual não reparei o nome. Descemos e passamos pela fila, indo diretamente falar com o segurança da entrada. Peter diz algo que não consigo ouvir e entramos na boate. Um corredor longo preto com sinalização fluorescente no chão nos leva para um salão, a música aumentando conforme caminhamos. Ao adentrarmos no grande salão as luzes coloridas tomam minha visão, o espaço só não é totalmente escuro devido à essas malditas luzes, demoro um pouco para me acostumar com elas. Peet me puxa para o meio do povo que se mexe ao ritmo da música que provavelmente algum DJ toca por ai. Não conheço a música. Paramos no bar e Peter se vira para mim gritando.
-Peça o que quiser, mas vai com calma em! -Ele diz. -Aconselho que pegue um Martini ou algo com vodca. -Ele aconselha.
Olho para o barman fazendo alguns drinks. Olho novamente para Peter.
- Vá em frente.
O barman me olha.
-Eerr, hum, me dê seu melhor drink por favor. -Peço e o barman começa a fazer o drink. Vejo o sorriso de Peet.
-O que foi idiota? -Pergunto.
-Acho que alguém vai ficar muito bêbada no primeiro porre. -Ele diz.
-Nem pense nisso, é só para experimentar, não vou ficar bêbada! -Digo com convicção.
Até parece. Nem sei mais quantos copos já bebi daquilo que o barman fez, sei que é bom e não consigo parar. Dou um gole na bebida que desce rasgando minha garganta. Peter sumiu com uma vadia por ai e fiquei aqui. Aii estou xingando. Será que estou realmente raciocinando?
Nem pense nisso. Só curta. Minha consciência diz.
-De onde você surgiu coisa? Pergunto para minha consciência e começo a rir.
Deposito meu copo vazio em uma bandeja de uma garçonete e sigo para a pista de dança, cambaleando um pouco. Maldito Peter me meteu em uma enrascada. Pego o celular e vejo que são 00:28, faz duas horas que estou sozinha nessa coisa. Chego na pista de dança e começa a tocar Alive da Sia. Me mexo na batida da dança, as vezes sinto corpos juntos ao meu, então me afasto e volto a dançar novamente. Dancei algumas músicas e sinto sede. Saio da pista e vou para o bar. Peço a mesma bebida para o barman e ele me olha um pouco estranho.
-Tem certeza senhorita? -Ele pergunta.
-Faz logo essa coisa por favor, e bote muito álcool. -Respondo. Eu não sei que merda eu estou fazendo, sei que vou me arrepender amanhã, então é melhor eu curtir. Fingir que eu não sou eu e que não tenho alguns problemas para resolver. Enquanto devaneio a bebida fica pronta. Pego ela e bebo aos poucos e perto do fim viro o copo em um gole só. Me levanto e aguardo alguns segundos para a tonteira passar. Volto para a pista e danço no ritmo da música. Algumas vezes um rapaz ou outro se junta à mim na dança, mas nada demais acontece, ainda bem. Após muitas músicas vou ao banheiro. Estou realmente apertada. Após fazer minhas necessidades, retoco a maquiagem. Ainda estou bonita, por incrível que pareça. No caminho da volta pego um copo de uma bandeja, olho o liquido de três cores. Quando coloco o copo na boca uma voz sussurra no meu ouvido.
-Acho que chega de álcool por hoje mocinha. - A voz é familiar, então presumo ser Peter.
-Peet sai daqui vai, voxê me deixou soxinha nessa coisa. -Falo embaralhado.
- Não é o Peet, agora larga esse copo, você está bem mal. -A voz masculina diz novamente. Me viro para xingar esse babaca que acha que é meu pai. A visão é linda. Um colírio para os olhos. O enfermeiro está na minha frente com a testa enrugada, meu Deus, ele tem que parar de fazer isso.
-Ah é você. Olha eu estou bem ta bom? Agora sai do meu pé enfermeiro bonitão. -Digo e saio tropeçando nos meus próprios pés. Filho da puta pegou meu copo. Vou para fora da boate e tento encontrar Peter. Seu carro ainda está no mesmo lugar. Eu mato ele. Volto para a boate e vejo o enfermeiro me olhar. Ele está vindo para minha direção. Droga.
-Peter está lá em cima, no camarote, vem eu te levo.
- Não vou andar com você. -Digo saindo.
- Acho que você não consegue entrar no camarote sozinha, ainda é de menor. -Ele diz, me viro e olho sua cara de cínico.
- Você é ridículo! -Bufo seguindo ele. Subimos uma escada. No topo dela havia um segurança. O enfermeiro diz algo para ele e entramos.
- Obrigada. A propósito não sei o seu nome...
-Jack, me chame de Jack. -Ele responde. Ficamos nos encarando, então uma loira chega nele e ele manda um tchauzinho, vejo eles se afastarem. Agora é só procurar por Peet. Como se fosse fácil. Começo a andar no meio do povo, não consigo me segurar com as batidas da música e começo a dançar em meio a multidão. Maldito álcool. Danço algumas músicas, o camarote tem um bar e vou em direção à ele. Noite chata. Peço uma água, bebo toda a água da garrafinha e logo em seguida peço um cosmel, vi uma moça pedir lá embaixo e me parecia ótimo. Quando bebo sinto queimar mais ainda. Que merda é essa? Quem bebe isso? Santo Deus! Volto para a pista de dança e começo a dançar, agora digo que estou dançando um pouco provocante. Um corpo se junta ao meu. Sinto o cheiro do perfume e me viro.
- Você me provocou a noite inteira, Melanie. -Jack diz.
- Eu não sei do que está falando, enfermeiro.
- É claro que você sabe.
- Olha, você é lindo e tal, mas não rola ok? -Digo voltando a dançar tranquilamente. Seus braços me viram e sua mão me força a olhar para seus olhos. Fecho os olhos e seus lábios tomam os meus. Retribuo. Ele beija bem, suas mãos puxam minha cintura, fazendo nossos corpos se grudarem. Mas foi só isso. Só um beijo. Ele então separa nossas bocas.
- Seu gosto, é ótimo. -Ele diz. Canalha.
- É eu sei. Obrigada, agora se me der licença preciso procurar meu primo. Ah, sua boca está com gosto de uma loira azeda. -Digo piscando e saindo. Foi ótimo beijar ele, mas não é como se fosse aquela coisa de novela e sentir aqueles insetos no estômago.
Argh! Que nojinho Melanie, não pense nisso!
Quando me viro avisto Peet com uma vadia que sinceramente não sei se ela não tem dinheiro para comprar roupas ou se lhe falta bom gosto para se vestir, porque francamente.
As vadias estão soltas hoje né Melanie, principalmente você.
- Cala a boca! -Respondo mentalmente. Peet está agarrado com a verdadeira vadia, ele está escorado na parede e ela em sua frente. Então eu a puxo pelo braço. Ela me olha com uma cara de lambisgóia e eu lhe lanço meu olhar mais mortal.
- Vê se compra umas roupas querida, porque isso ai francamente está pior do que peneira. -Digo já pegando Peter pelo braço e o puxando.
- Vá se lascar garota. Peterzinho, vem cá meu bem! - A assanhada o puxa da minha mão. Quem ela pensa que é? Peterzinho. Sério isso? Peter que até agora estava calado se pronuncia.
-Alexia, agora não, foi bom te comer! Vê se apaga meu número da sua agenda! -Ui, doeu em mim, sorrio. A coisa sem roupa sai chorando.
- Cara, acho que você pegou pesado. Mas que bom que você falou, achei que o gato tinha comido sua língua, ou melhor, a vadia. Vamos.
- Essa menina é doida, fiquei com ela algumas vezes e ela acha que temos algo. -Ele responde. Descemos a escada e saímos da boate. Não sei quem pagou por minhas bebidas e também não estou afim de saber. Esse salto está me matando. Entramos no carro e tiro o salto.
- Quem era aquele? -É acho alguém viu o que não devia.
- Aquele quem?
- Celeste, não se faça de sonsa. Quem era aquele cara? - Ele ta irritado.
- Aquele é o enfermeiro que me derrubou no hospital. Jack.
- Hum. - Agora ele vai agir como se fosse meu pai?
- Ah qual é Peet? Foi só um beijo ok? Para de agir como meu pai. -Digo e me viro, escostando a cabeça na janela.
- Só fiquei preocupado. Poxa desde quando você faz isso? Nunca vi voce pegar alguém assim! - Ele parece estar com raiva.
- Desde quando você me deixa em uma boate sozinha e bêbada. Não te devo explicações. - Replico. Ficamos em silêncio e não vi quando dormi. Acordo com Peet me carregando. O abraço e me aninho em seu peito. Sinto o tecido macio dos lençóis da cama nas costas. Abro os olhos. Peter está em pé me olhando.
- Vem cá seu idiota! - Levanto o abraçando. Ele me aperta.
- Desculpa pequena, só fiquei com medo. Me desculpe te deixar sozinha lá, só não queria te sufocar. -Ele diz.
- Tudo bem, agora me deixe ir ao banheiro, o chão desse quarto não ficaria nada legal sujo de urina. - Digo sorrindo. Vou para o banheiro do quarto e faço minha higiene. Lavo o rosto tirando a maquiagem. Vejo toalhas no banheiro então tiro minha roupa e entro no chuveiro para um banho. Depois do banho me enrolo na toalha e saio do banheiro. Peter não está mais no quarto mas tem um moletom e uma blusa larga em cima da cama. Os visto e saio do quarto a procura de Peet. Abro a porta do seu quarto e ouço o barulho do chuveiro, me deito em sua cama para o esperar e adormeço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Celeste
Подростковая литератураE se a vida lhe apunhalar por todas as direções? E se ela lhe derrubar e te machucar ao ponto de você não se levantar? Essas foram as 2 perguntas que me fiz durante algum tempo, até eu mesma sofrer as apunhaladas e me machucar. Talvez o empurrã...