Capítulo 15

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Sonho estranho. Sem sentido, não quero nunca mais ter sonhos como aqueles. Ou será que aquilo é o paraíso?
Tudo está balançando muito. Ouço bipes, aparelhos. Pessoas. Posso sentir ao menos 3 pares de mãos no corpo. Faço força para abrir os olhos. Nada. Sinto meu corpo chacoalhar como um saco de batatas à descer uma ladeira, dói.
  A escuridão é angustiante, te diminui, não lhe permite, ela ordena, e você, obedece. Me vejo nas mãos dela, esmagada como mosca. Inútil. Um mero inseto insignificante e tosco, ocupando o tempo da escuridão. Não tem início, não tem fim. Você luta, perde a batalha, morre na guerra. E mesmo assim, tendo persistido, sua alma é esmagada. Você é esmagado, descartado e jogado nela. A escuridão. Ela que te reprime, te deixa pequeno, um mero pedaço de matéria, apenas ocupando um espaço. Células minúsculas e invisíveis ao olho nú, tudo perde o significado, e para onde olha, procurando a luz; só enxerga o negro. Negro cor dos olhos, da alma, da pele, da solidão, da noite, dos fundos, do sombrio, da calma, o negro, da morte.
Insignificante. É assim, que eu me sinto, agora.
  Uma carga elétrica passa por todo o eu corpo, fazendo eu sentir, pela primeira vez o coração bater. Eu estou morta. Outro choque. Não sei como, mas enxergo, não muito, mas enxergo, embaçado. Mãos. Vozes.
- Batimentos instáveis, preparar sedativos. - Uma picada.
- Sedativo aplicado.
- Respiração irregular. - Estou sufocada. Fecho os olhos.
- .... morrendo.... acordar.... tempo. - E então, ela me abraça calmamente, ela, a escuridão.

CelesteOnde histórias criam vida. Descubra agora