Capítulo 12

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Acordei sem saber o que tinha acontecido na noite anterior, e prefiro não saber, muito menos lembrar. O quarto era estranho e desconhecido, quando sai do quarto vi que estava na casa do médico. Agi normalmente, não sei porque fui parar lá. Então, foi normal. Me preocupei apenas se ele teria feito algo comigo, pois eu realmente não lembro de nada.
  E agora? Agora estou na minha casa, adimirando o meu novo escritório, não, não é aquele velho dos meus pais, separei um cômodo e montei assim o meu novo, moderno e útil, escritório.
  Me sento na cadeira macia, olhando para a mesa de vidro impecavelmente limpa. Abro as gavetas, todos os utensílios e apetrechos necessários para um escritório. Sorrio. De alguma forma me sinto amadurecida, e confesso que, mudei muito, o que me faz agradecer a morte dos Mayers. Mas a mesa ainda vazia, e agora me sito fútil. De que adianta um escritório que não funciona?
É uma questão de tempo, 4 exatos meses.
Ao menos para algo ela tinha de servir.
Me levanto da cadeira, ficando de frente para a janela que tem vista para toda a entrada da mansão. Minha mansão. Tudo meu. Realmente impressionante. Passo a mão pelo meu busto, sentindo falta de algo ali. Onde foi que a deixei mesmo? Naquele dia, cheguei do velório e não me lembro aonde coloquei a correntinha dourada, sempre a usei, mas nesses dias creio que a tirei, preciso me fortalecer. Mas aonde a coloquei?
Porque você se importa?
Talvez porque é especial? Ou não, realmente não sei. Que irritante. Saio do escritório e vou para o meu quarto, me arrependendo por ter dispensado os funcionários de novo, eles achariam facilmente, já que sabem mais das minhas coisas do que eu mesma, droga. Começo a procurar a maldita corrente no porta-joias, nada dela ali. Estranho. Mas isso é irrelevante, apenas detalhes, e por muitas vezes, detalhes são irrelevantes.
  Olho para minha cama, como ela é chamativa, tenho certeza de que ela me ama, pois sempre que a vejo ela diz:
Coisinha linda, vem cá!
Me jogo na deliciosa cama. É a melhor sensação do mundo, olho para cima e automaticamente repenso no que acabei de falar, uma tontura enorme me invade junto a ânsia de vômito, aos poucos minha visão fica turva. Balanço a cabeça de vagar, e me esforço para sentar na cama, apoiando os cotovelo nas coxas. No mesmo instante uma dor de cabeça avassaladora toma todo o meu sentido, sinto meus batimentos que estavam acelerados diminuírem imediatamente, respiro fundo. Expira, inspira, expira, inspira. E é nessa hora que o ânsia vêm, me fazendo correr para o banheiro e vomitar no vaso sanitário. Vomito pelo menos umas 7 vezes, mesmo estando enxergando embaçado e com fortes tonturas. Me levanto apoiando nos armários do banheiro, e na pia, me apoio para lavar a boca. Me olho no espelho e me assusto. Manchas vermelhas estão nas bochechas e algumas na testa, olho para meus braços que também estão com rodelas vermelhas e algumas roxas. O que me assusta de maneira desesperadora. Vertigem. Tontura. Vômito. Álcool. Parede. Respirar...
  O ar entra nos meus pulmões, abro os olhos. Estou no chão do banheiro. Minha cabeça dói muito. Me levanto. Tontura. Droga. Coloco a mão na cabeça, molhada, pegajosa, então coloco minha mão na minha frente, onde eu possa ver. Eu cortei a cabeça, que merda. Onde está meu celular? Preciso de ajuda. Me levanto e lavo a mão na água corrente, e quando estava quase limpa algumas gotas do líquido vermelho caem na água. Merda, merda. Pego a primeira toalha que vejo e a coloco no corte. Dor. Respira. Tontura. Me apoio na parede. Expira, inspira. Minhas pernas tremem, abro os olhos que estavam quase fechando. Saio do banheiro, procurando meu celular no quarto. Pego o aparelho na mesinha, me deito com a toalha na cabeça, tenho que estancar o sangue. Minha visão fica turva, o coração acelera. Fecho os olhos. Estou caindo. Abro os olhos. Expira, inspira, expira, inspira, enspira, inxpira. Estou caindo. Sinto o coração parar aos poucos. Abro mais os olhos. Ligo o celular e clico rapidamente no atalho do número de Peter. Coloco o celular perto do ouvido. Dor. Tontura. Bem distante ouço sua voz.
- Olha só quem me ligou. Achei que tivesse me esquecido..... - Expira, inspira. Tento falar algo, mas nada sai.- ....Celeste, não vai me responder? Pare de ser infantil. - Cada vez mais distante. O ar trava na minha garganta. Respira.
- Socorro. - Um sussurro.
- Melanie? Está tudo bem? Melanie? Me responde! - O coração para mais uma vez, tudo embaçado.
- Me ajuda. - Digo por fim, engolindo o ar que consigo respirar. Não ouço nada, não vejo, não sinto. Tudo se apaga.

CelesteOnde histórias criam vida. Descubra agora