Capítulo 25-parte 2-Um outro alguém

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O trágico arterial
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  A garota era forte, estava aguentando bem a barra, mas ela não pode viver, não mais.
  Seria um milagre, uma esperança ou motivação. Infelizmente é uma pena.
  Olho para os exames com resultados quase perfeitos sobre a mesa, na televisão da sala vejo o vídeo do coração dela batendo, com algumas poucas dificuldades. Ela é realmente um milagre, ou o coração dela. Com anos na profissão de cardiologista, nunca vi um coração bombear tão pouco sangue, ainda por cima grosso demais. Era para as artérias estarem entupidas, e pelo o que soube, ela tem hemofilia, hahaha essa garota é realmente forte.
  Receber para fazer o bem as pessoas, ajudá-las a melhorar, ficarem bem de saúde é bom mas confesso que receber para fazer o mal é ótimo e mais viável. A grana é maior, o serviço é mais fácil e confesso que matar ela será moleza.
  Bate, bate coração,
  Bate, bate forte
  Circula o teu sangue
  Enquanto você pode.
Realmente é uma pena, a garota é linda, daria uma bela mulata.
  Bate, bate coração
  Não fique a apodrecer
  Brinque de viver
  Pois eu sou a maldição
Está na hora, meu trabalho é bem simples.
  Me levanto calmamente da poltrona, pego meu jaleco e minha maleta de trabalho e desligo a TV, guardo os exames na maleta e saio do consultório, o trancando. Caminho tranquilamente pelos corredores, até chegar ao elevador.
  No elevador reviso todos os meus passos, as portas se abrem e eu sigo normalmente para o quarto dela, os corredores vazios e a recepcionista dormindo no balcão. Ótima cena para um assassinato. Ou melhor, uma morte natural.
  Abro a porta, adentrando o quarto, a visão é ótima: uma garotinha linda indefesa, o corpo vulnerável demais. Felizmente, a política de privacidade do hospital não permite câmeras nos quartos.
  Bate, bate coração
  Bate, bate devagar
  Recebe sua punição
  Você tem que parar
Me aproximo dela, mesmo magra ainda é forte. Garota maldita.
  Abro a maleta na mesinha do quarto, pegando minhas luvas e algumas ferramentas que trouxe.
  Só preciso de algumas gotas, pequenas gotas. Uma pequena ampola para um pequeno coração. Ora ora, vai ser tão fácil.
  Pego a pequena ampola na maleta, balançando o líquido transparente; pronto para o coraçãozinho de Melanie. Coloco algumas gotas em um frasco com o auxílio de uma pipeta, interando mais 100ml de soro fisiológico, misturando tudo e colocando dentro de uma bolsa para soro. Tiro a bolsa de soro normal do lugar e coloco a bolsa com o hormônio, agora é só esperar uns 15 minutos e causar logo uma pane no equipamento respiratório. Guardo os materiais e esterilizo a mesa e todo o resto com álcool, para não ter vestígios. Guardo tudo na maleta e troco as luvas. Me sento na poltrona e espero os últimos minutos da garota acabarem.
  Nunca pensei que veria alguém morrer se não por uma cirurgia, por minha causa.
...
  O hormônio deu certo, os batimentos dela estão diminuindo, hora de entrar em ação novamente.
  Me levanto e sigo diretamente para o aparelho de oxigênio, aumentando a pressão com que o ar entra nos seus pulmões, para um nível no qual deixará seus pulmões tão cansados, que causarão uma parada cardiorrespiratória no coração que já não está muito bem.     Então, olho para os batimentos, caindo feito chuva do céu. Uma terrível falha mecânica em uma paciente muito debilitada, que trágico. Junto minhas coisas e assim, saio do quarto, deixando para trás o coraçãozinho que agora não bate bate mais.
  

CelesteOnde histórias criam vida. Descubra agora