Capítulo 6

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Acho que eu deveria dormir de cabelos amarrados, sinto que tem cabelo pra todo lado aqui, parece até que ele tem vontade própria. Abro os olhos e vejo que dormi no quarto de Peter. Sinto um peso na minha cintura e olho para baixo. Os braços de Peter me abraçam de uma forma que me deixa constrangida; um de seus braços está na minha cintura como já disse o outro se encontra em baixo de meu pescoço, me prendendo ao seu corpo. Sinto o seu cheiro amadeirado invadir meus sentidos, então me toco de que realmente estou deitada em uma cama com Peet de conchinha! Oh, deus, que vergonha tenho que sair daqui. Me sento desesperada com todo aquele emaranhado, estou toda enrolada no lençol e sei lá mais no que, me fazendo desequilibrar, tento tirar tudo que esta nas minhas pernas e acabo caindo de costas da cama. Ouço o som da risada de Peter, merda ele está acordado.
-Aiii, idiota. Me ajuda aqui e para de rir da minha cara, tentei não te acordar. -Digo com a mão na cabeça. Peter se levanta e tira os lençóis das minhas pernas. Espera, eu não bati a cabeça, não tem porque ela estar doendo. -Acho que tem um boi sentado na minha cabeça.
-Considerando o jeito que caiu, eu acho que é uma manada. -Peter diz, se sentando no chão a minha frente.
-Eu não bati a cabeça para ela estar doendo.
- Claro que não, isso ai se chama ressaca e eu tenho o remédio perfeito.
- Sério? Preciso de algo para acabar com isso é horrível.
- Tá, hum, bota isso nos olhos. -Ele diz me entregando um tapa olho.
- Porque tenho que usar isso?
- Err, hum, a claridade do sol, vai fazer doer mais. -Ele diz explicando. Ok. Vamos lá, preciso de um comprimido. Peter passa seu braço nas minhas costas e me guia por um caminho, acho que saímos do quarto e não faço a mínima idéia de pra onde estamos indo. Sinto um chão gelado sob meus pés.
- Pronto. Agora é só você ficar paradinha bemm...aqui! -Ele diz.
- Ta mas e agora? -Pergunto.
- Agora, você toma o remédio em 3,2,1! -Um jato de água fria toma o meu corpo e dou um pulo com o assusto, gritando. Aaaahhhh que ódio desse idiota. Tiro a venda e vejo a cena: Peter só com uma bermuda de dormir e acho que alguém deve estar parecendo um pimentão agora. O idiota ri como uma hiena enquanto estou aqui com frio. Então puxo sua mão o colocando embaixo do chuveiro frio.
-Pirralha, olha o que você fez! -Peter diz.
- Olha pra mim seu idiota! Poxa, eu pensei que você estava cuidando de mim! -Digo chateada, cruzando os braços acima do peito e fazendo biquinho. Então Peter me puxa novamente para um abraço.
- Não tem água quente nesse chuveiro não? - Pergunto com frio.
- Claro, que tem, mas te ver arrepiada é uma bela visão! - Peter diz com cara de safado.
- Hey, pare já com isso seu pervertido, sou sua prima. -Digo.
- Minha prima gostosa. -Peter passa seus braços na minha cintura, me colando no seu corpo. A água agora é quente ou só eu que senti a temperatura subir aqui? Olho nos olhos de Peet, que me encaram com certa... curiosidade? Abaixo o olhar e sua mão passa pelo meu rosto, levantando o mesmo me fazendo o olhar. Vejo todo o carinho que sentimos um pelo outro ser trocados nesse olhar. Então acho que vejo um brilho diferente nos olhos dele, talvez eu ainda esteja embriagada. Então imagino a imagem constrangedora em que estamos.
- Hey, hum, vá para o seu quarto. Anda agora. -Digo me afastando dele.
- Me desculpe, Mel, é que, ah não sei. Bom, eu vou indo. -Ele diz sem jeito e sai fechando a porta. Ok, isso foi estranho, muito estranho. Então decido tirar a minha roupa e tomar um banho. Por Deus! Quase nos beijamos. Como vou olhar para ele?
As vadias pelo visto estão brotando do chão. Ah consciência infeliz, vá se danar.
Engano seu querida. Estou muito feliz, você que deve estar com as pernas bambas, ele é um gato, colírio para meus olhos.
Você não tem olhos. Respondo revirando os olhos, fala sério, de onde é que surgiu isso? Será que estou doente?
Deve estar para ficar se agarrando com o seu primo debaixo do chuveiro, uiii!
Reviro os olhos novamente. Agora pronto, uma mãe na minha mente é tudo que preciso. Tiro as roupas que estão grudadas no meu corpo pela água, e só agora percebo estar no banheiro do quarto em que deveria ter dormido. Sinto a vergonha me invadir. Eu dormi com meu primo. Não aconteceu nada, quer dizer, será?
Do jeito que você está eu não duvido!
Cala a boca! Não aconteceu nada. Termino meu banho e vou para o quarto. Merda, não tenho nenhuma roupa aqui. Olho na poltrona do quarto e decido vestir o meu vestido mesmo. Vou embora daqui o mais rápido possível. Visto o vestido e volto pro banheiro, passo um creme que encontro no armário no cabelo e o pentio. Saio do quarto e vou para a cozinha, estou faminta e com dor ainda. Procuro algo na geladeira e acho coisas básicas para um sanduíche. Acho que farei uns 4, daí Peter poderá comer também. Faço os sanduíches e um suco de laranja, coloco nos copos e levo para a sala. Deixo e bandeja na mesinha do centro. Peter está descendo as escadas.
-Fiz um lanche, estou faminta. -Digo.
- Só não me diga que tem um javali no estômago, meu apartamento vai virar um zoológico se você continuar por aqui. -Ele diz se sentando ao meu lado.
- O que você quis dixer com isso? -Lhe lanço um olhar mortal.
- Nada. -Ele diz rindo e pegando um sanduíche. Comemos em silêncio, apenas com o barulho da televisão, que Peter ligou. Terminamos de comer e levo a bandeja para cozinha.
-Peter me leva em casa por favor? Tenho que colocar uma roupa limpa e preciso marcar uma visita de um especialista em administração em empresas. -Digo um pouco rápido, nervosa com o motivo da última frase.
- Porque precisa do especialista? -Ele diz, será que só pegou essa parte?
- Você vai me levar ou não? - Digo já pegando o celular para ligar para Christopher.
- Sim, só espere uns minutos, vou pegar as chaves. - Acho que peguei pesado falando com ele daquele jeito. Desde que ele saiu do banheiro ficou um clima pesado no ar.  Peter subiu para pegar as chaves e me sento no sofá, pensando nisso tudo que está acontecendo. Quando será que a maré vai abaixar? Tenho medo do meu barquinho de papel não chegar ao outro lado do oceano, ele já parece tão frágil e nem passei por tempestades ainda. Nossa, que melancólico isso.
- Vamos?
-Vamos. - Saímos do apartamento e seguimos o grande corredor, aperto o botão do elevador e esperamos. Até o elevador chegar tenho medo de que eu entre nele com alguns filhos, porque está demorando muito. Até que enfim o elevador chega e entramos nele. Mas que saco, porque é que temos que ficar sozinhos, não podia ter um senhora aqui não? Me lembre de pesquisar quantas senhoras existem nessa cidade pois é impossível não ter uma nesse prédio! As portas se abrem e saímos no estacionamento, Peter destrava o carro e entramos. O caminho estava tranquilo, então me lembro de que não respondi a pergunta de Peet.
- Vou administrar a Mayers. Toda ela. Sou herdeira e dona única agora. -Digo.
- Como é? - Peter não parece acreditar.
- A Mayers é toda minha agora. Tenho que administrá-la. - Digo, não senti empolgação em minha voz. Então o silêncio se forma novamente. Alguns minutos se passam assim até que Peter quebra o mesmo.
- Eu posso ser seu orientador. -Ele diz sério.
- Hum?
- Posso ser seu orientador. Quer dizer, ainda não terminei a faculdade você sabe, mas posso ajudar você com a empresa e tudo o mais. -Ele diz, me fazendo virar para o olhar. Ele está sério e sorrio para ele.
-Obrigada.

***

Aaaeeee mais um capítulo!!!!

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