Celeste

Capítulo 29 -Uma pequena condição.

Eu não conseguia dormir não importa o que fazia, simplesmente não pregava os olhos. Fiquei acordada por 45 horas, pois fui dopada às pressas. Passei por um procedimento do qual desconheço, sei que foi no coração, e neste exato momento uma enfermeira entra apenas para verificar minha pressão e batimentos. A cada 2 horas alguém entra aqui e faz isso, lembrando-se sempre de pegar o desenho em gráficos que sai do aparelho.
  Eu não entendo nada dos aparelhos que me cercam, a não ser o fato de que eles fazem bipes completamente irritantes, mas que as vezes conto todos eles para passar o tempo.
  Jack me visitou durante a noite, e ele esperava me encontrar dormindo, foi estranho pois estar perto dele me deixa um pouco nervosa. Perguntei a ele sobre o Dr. Bennett, e ele disse que o doutor estava com muito trabalho. Eu não acreditei, mas disse que tudo bem, só para não parecer estranho.
  Ninguém me explica o que acontece comigo, mas toda semana recebo 3 bolsas de sangue. As bolsas vêm sem identificação ou qualquer tipo de informação, e tenho medo disso.  
  Peet simplesmente me abandonou, e eu não quero me humilhar ao ponto de ter que ligar para ele, ainda me resta um pouco de orgulho e eu pretendo manter ele intacto.
  Decidi esquecer de vez o Dean, percebi que ele não vale a minha preocupação ou atenção. Vou focar em melhorar logo e sair daqui, administrar minha empresa e meus bens. Simples assim.
  Uma enfermeira entra na sala com a voz alterada.
- Você não pode fazer isso!
- Posso e vou. Agora por favor senhorita, volte ao seu trabalho.
- Ela não está em condições, tem de ser observada e a medicação aplicada em horários corretos.
- Uma enfermeira particular pode fazer isso em domicílio, e claro, acompanhar ela em tempo integral. - Dean encara fixamente a enfermeira baixinha de braços cruzados. Se dando por vencida, ela sai da sala batendo fortemente os pés no chão. Sorrio com a cena.
  -Posso saber o que está acontecendo?
- Claro. Você receberá alta amanhã.
- Simples assim?
- Simples assim. Vou recomendar uma enfermeira de confiança e passar todas as orientações necessárias para ela, você fará exames mensalmente e continuará o tratamento para a doença.. -parei de ouvir neste ponto, meu cérebro só tinha foco nesta unica palavra- Senhorita está me ouvindo?
  - Você me chama de senhorita agora? - O encaro em estado de choque, tudo em mim grita e eu sustento seu olhar.
  - Não sei do que está falando.
  - Então vai me ignorar? Vai me dar alta só para não ter que me olhar mais?
  - Acho melhor você se acalmar.
  - Me acalmar? Você só pode estar de brincadeira comigo! Não acredito que você esqueceu- Eu já estava gritando, com lágrimas nos olhos e o coração apertadinho.
  - Novamente não sei do que está falando. Irei trazer um enfermeiro para cuidar de você, não me parece que está em seu juízo perfeito. - Ele diz, se encaminhando para fora.
  - Me chame de louca mesmo, talvez assim você pare de me beijar sem minha permissão.- Ele para no meio do quarto, ainda de costas para mim. Um tempo se passa e posso perceber seus ombros ficarem tensos.
  - Aquilo foi um erro como todo o resto, e espero que esqueça assim como eu esqueci. - Meu coração disparado se quebra lentamente enquanto vejo ele se afastar, automaticamente me encolho na cama.