Abikú (parte 1)

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     Antes quero esclarecer que o conteúdo sobre Abikú é grande, então eu falarei sobre isso em partes para não ficar cansativo. São 4 partes, postarei uma a cada dia. Espero que gostem!

                                                                                         Parte 1

        A= Nós                    BI= significa VIDA                    IKÚ= significa MORTE;


        NÓS NASCEMOS PARA MORRER VÁRIAS VEZES, por acaso é novidade? Para mim os espíritos ÀBÍKÚS têm ligação direta com a vida e a morte. São espíritos muito evoluídos. Brasil se conota a morte como uma coisa terrível, mas ela é a certeza da vida, de tudo no mundo a certeza maior é que nascemos para morte, com isso da mesma forma que se agrada a vida se agrada a morte. 

        A religião espírita como um todo admite e cultua a reencarnação, portanto sabemos que não existe a chamada "morte", pelo menos temos certeza que bonitos e ricos irem para um lado e pobres e feios para o outro não passa de chacota.

Como no término de um jogo de xadrez, rei, rainha, cavalo, peão, amigos e inimigos vão todos para a mesma caixa. 

A realidade é muito mais complexa, perfeita, mesmo que tenhamos que conviver com situações de sofrimento, dor, agonia, e tantas sensações outras para redenção, evolução. 

        Da mesma maneira que existe o sofrimento no surgimento da borboleta , necessário para fortalecer a suas asas e o corpo como um todo, também é necessário ajustes para que o ser humano evolua. Impossível ao longo de uma jornada de milênios querer em uma encarnação resolver todas as pendengas, até por que, adquirimos umas tantas outras. 

Reencarnação sucessivas, organizadas, administradas por mentes evoluídas e em evolução é a medida mais correta e isenta. 

        Todos somos iguais para o pai clemente e misericordioso, que ousamos chamá-lo de grande arquiteto do universo, perfeito, simplesmente perfeito em todas as suas formas de realização.

Acreditamos que continuamos com nossa individualidade, mantemos nossa personalidade mesmo despojados do corpo físico. Esse sim descartável. 

Ora se não é isso uma certeza de vai e vem? Não admissível então que nasçamos com uma certeza, que voltaremos a esfera espiritual, ou seja, morreremos para as coisas terrenas, materiais. 

Então por que tanto alvoroço, tanta especulação, em relação aos ÀBÍKÚS?

São espíritos de crianças marcadas por várias mortes e retornam, reunindo-se pé de Irocô para brincar e chamar as crianças-ÀBÍKÚ vivas. 

        Da mesma forma que temos os exús, caboclos e demais entidades  formas infantis trabalham na intermediação entre os orixás e nós, mas também sofrem a mesma situação, pois muitas crianças desejosos de manterem-se na vida espiritual, ou usar de meios energéticos sutis, usam desses meios para executar justiça degradante com as pessoas encarnadas com as crianças, com a sociedade. 

Falange, grupo muito bem estruturado e claro que contam com ajuda de entidades "adultas" para a execução de tarefas, principalmente a vingança. 

        As mortes destas crianças geralmente foram mortes violentas, acidentes com mutilações ou comprometimentos de órgãos. Se encaixam nesse grupo os que foram vítimas de homicídios, principalmente com requintes de crueldades. Crianças vítimas de abortos, crianças abusadas fisicamente e mentalmente. 

        A crença de que os ÀBÍKÚS são entidades maléficas, se dá em parte ao problema físico que em muitos casos eles ocasionam para suas mães. O motivo não é difícil de entender. Como já disse, muitas dessas crianças foram rejeitadas em outras ocasiões, sofreram com abortos provocados, atrocidades das mais diversas e reconhecendo as futuras mães, pais, parentes e até mesmo nos seus irmãos elementos que criaram problemas no passado tentam de alguma forma vingarem-se.

        Muitas vezes a mesma criança organiza seu nascimento várias vezes, deixando o corpo inerte em seguida, outros não chegam a nascer e ou quando nascem e ficam alguns meses, partem para o orun. 

ÀBÍKÚ ou Eméré formam sociedades no céu (egbé òrun), presididas por Iyajansa (a mãe-se-bate-e-corre) para os meninos é olókó (chefe da reunião) para as meninas é Aláwaiyé (Rei de Awayé) que as levou ao mundo pela primeira vez na sua cidade de Awaiyé. 

Lá se encontra a floresta sagrada dos ÀBÍKÚS, aonde os pais de ÀBÍKÚS vão fazer oferendas para que eles fiquem no mundo. 

Quando eles vem do céu para a terra, os ÀBÍKÚS, passam os limites do céu diante do guardião da porta, o aduaneiro do céu onjbodé òrun, seus companheiros vão com ele até o local onde eles se despedem. 

Os que partem declaram o tempo que tencionam ficar no mundo e o que farão. Se prometem a seus companheiros que não ficarão ausentes, essas crianças, apesar de todos os esforços de seus pais, retornarão, parra encontrar seus amigos no céu.

Quando Aláwaiyé levou duzentos e oitenta ÀBÍKÚS ao mundo pela primeira vez, cada um deles tinha declarado, ao passar a barreira do céu, o tempo que iria ficar no mundo. Um deles se propunha a voltar ao céu assim que tivesse visto sua mãe; um outro, que iria esperar até o dia em que seus pais decidissem que ela se casasse; um outro, que retornaria ao céu, quando seus pais concebessem um novo filho, um ainda não esperaria mais do que o dia em que começasse a andar. Outros prometem a Iyàjanjasà, que está chefiando a sua sociedade no céu, respectivamente, ficar no mundo sete dias, ou até o momento em que começasse a andar ou quando ele começasse a ter dentes ou ficar em pé. Resumindo: cada um fez uma promessa.

Nossas histórias de Ifá nos dizem que oferendas feitas com conhecimento de causa são capazes de reter no mundo esses ÀBÍKÚS e lhes fazer esquecer suas promessas de volta, rompendo assim o ciclo de sua idas e vindas constantes entre o céu e a terra, porque, uma vez que o tempo marcado para a volta já tenha passado, seus companheiros se arriscam a perder o poder sobre eles. 

Os ÀBÍKÚS encarnados se perderem o tempo proposto para voltar ao Orun, criam uma situação de atrito com os que ficaram esperando, então, devemos fortalecê-los para evitar que, os que esperam não possam mais influenciar os encarnados.

A influência pode ser de várias maneiras, desde sonhos, pesadelos, acidentes inesperados, estados de demência mental, atrofia de membros, vampirismo, estímulos ao agrupamento com mentes deturpadas e desequilibradas, pois embora sejam entidades definidas como crianças sabemos que sua forma engana, pois é uma energia espiritual tanto quanto a de um adulto, apenas a forma esta condensada, compactada numa visão etérea, infantil, tendo plenas condições de obsessões ferrenha, que para eles tem justificativa.

        Trabalho bem organizado para os que ficam, ou melhor, devem ficar e para os que estão lá pode fazer com que os encarnados encontrem motivos, um outro caminho, estimulados pelo mecanismo das oferendas, que devem ser tanto para os encarnados como engambelo para os que estão no plano espiritual.

Os pais tem que saber, desmistificar e por em prática os ensinamentos para a má sorte poder ser modificada, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos. É importante identificar o ÀBÍKÚ, seu passado, para entender o que pretende fazer. No caso, as condições nas quais o ÀBÍKÚ deixou o mundo em outras ocasiões. Esta noção sobre a importância de conhecer certos segredos é também expressa no conhecimento que se tem quando os ÀBÍKÚS combinam a chegada no Aiê.


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