Oyá, a mulher búfalo

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        Ogun foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago. Notando algo de diferente no animal, Ogun tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher, era Oyá, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre.

Oyá faz da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao rio para banhar-se, sem perceber que Ogun tinha visto tudo. Assim que ela se foi, Ogun se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro. 

Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. 

Quando anoiteceu ela voltou à floresta e para sua surpresa, não encontro a trouxa. Tornou à cidade e encontrou Ogun, que lhe disse estar com ele o que procurava. 

Em troca de seu segredo (pois ele sabia que ela não era uma mulher e sim um animal). Oyá foi obrigada a se casar com ele. Apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibiu-o de comentar o assunto com qualquer pessoa. 

Chegando em casa, Ogun explicou suas outras esposas que Oyá iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem enquanto Ogun saía para trabalhar. Oyá passava o dia procurando sua trouxa. 

Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar Ogun e ele acabou relatando o mistério que envolvia Oyá.

Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: "Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal."  Oyá compreendeu a alusão. Depois que Oyá encontrou então sua pele e seus chifres, assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, inclusive as mulheres de Ogun, poupando apenas seus filhos. 

Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para que em caso de perigo deveriam bater os chifres um conta o outro, com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. É por esse motivo que os chifres de búfalo estão presentes nos assentamentos de Oyá. Eparreyy!

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